Como distinguir entre ciência e pseudociência? O plano 'ConCIÉNCIAte' para os pequenos

Estamos cercados por informações contraditórias que estão por aí para chamar nossa atenção. Agora, como distinguir o que tem respaldo científico do que não tem? Confira algumas dicas importantes que podem ajudar os pequenos nessa complicada tarefa.
Como distinguir entre ciência e pseudociência? O plano 'ConCIÉNCIAte' para os pequenos
Gorka Jiménez Pajares

Escrito e verificado por o psicólogo Gorka Jiménez Pajares.

Última atualização: 07 março, 2024

É uma farsa? Será que essa notícia é real? É uma fake news? Todos nós já nos perguntamos em algum momento se o que estamos lendo, vendo ou ouvindo tem algum suporte científico. Como distinguir o que tem do que não tem? Neste sentido, o Ministério da Educação e Formação Profissional espanhol lançou a iniciativa “ConCIÉNCIAte” (um jogo de palavras entre “ciência” e “conscientização”), para distinguir a ciência da pseudociência .

ConCIÉNCIAte é uma proposta didática para ensinar os pequenos a distinguir entre ciência e pseudociência. Em princípio, foi concebida no contexto da pandemia de COVID em 2020 e constitui uma boa base para a formação de crianças em valores científicos.

Os cientistas fazem descobertas. São descobridores porque encontram novos mundos, seres incríveis e acontecimentos surpreendentes que precisam de explicação.

-Alonso Pena-

“ConCIÉNCIAte”

A iniciativa tem pelo menos quatro objetivos:

  1. Conhecer a origem, história e avanços relacionados às vacinas.
  2. Promover valores que estimulem os cidadãos a serem ativos e críticos da pseudociência.
  3. Entender a importância da ciência, bem como seus avanços e impacto na sociedade atual.
  4. Promover o pensamento crítico e o desenvolvimento da capacidade de avaliar e trabalhar a partir da informação disponível.

A ciência como a entendemos hoje é um desenvolvimento relativamente novo em termos evolutivos. Tem sua origem, como outras maravilhas, no Renascimento. Além disso, nasce de mãos dadas com uma visão específica do ser humano. Fazer ciência implica entender as leis que regem o universo que nos cerca, sua matéria, seus seres vivos e inertes, seus elementos e o que fazer com tudo isso para introduzir melhorias em nossas vidas como voar, por exemplo.

A ciência dá origem à tecnologia. Muitas das invenções mais importantes surgem da ciência básica, aquela que se dedica ao saber pelo desejo de saber.

-Alonso Pena-

Ciência ou pseudociência?

Precisamos de mais cientistas para desenvolver as diversas disciplinas que nos abastecem, pois só eles poderão responder aos grandes problemas da humanidade, que são de natureza muito diversa. Particularmente na área da saúde mental, estão os vícios, as demências ou a ansiedade e os transtornos depressivos.

A ciência se distingue da pseudociência porque esta segue o método científico. Agora cabe perguntar: em que consiste esse método? Bem, no método científico, para que algo seja considerado verdadeiro, deve ser demonstrado com dados. Os cientistas são seres céticos. Duvidamos do que é dado por certo e verdadeiro se for apresentado na ausência de dados que o sustentem. Precisamos de provas.

A ciência é uma atitude que não interfere nas emoções e nos sentimentos. Você pode investigar a origem dessas emoções e a ciência aparecerá e, além disso, não é necessário analisar o friozinho na barriga que você sente com o beijo de quem você gosta.

-Alonso Pena-

Homem olhando para o quadro com cálculos matemáticos
Os cientistas precisam de dados e provas que certifiquem os fatos antes de tomá-los como certos.

O método científico

As pessoas que fazem ciência desenvolvem um senso de crítica em relação aos dados, porque tendem a evitar admitir que algo é verdade sem antes ver os estudos, investigações e suas conclusões. O fato de a informação vir de alguém importante e por isso a considerarmos verdadeira é um erro conhecido como “argumentum ad verecundiam”, argumento de autoridade” ou “magister dixit”. Por exemplo:

“Precisamos de oxigênio para viver porque meu professor disse isso.” O fato de que precisamos de oxigênio para viver é verdade, mas não porque nosso professor disse isso, e sim porque nossos corpos são projetados para funcionar assim: eles precisam de trocas gasosas para viver.

Nesse sentido, vale lembrar quais são as fases do método científico, que é a ferramenta por meio da qual se desenvolve a ciência. Permite que os pesquisadores se aproximem daquilo que se pretende estudar, evitando que as crenças e expectativas que possam ter influenciem o que estudam.

Observar

A observação envolve encontrar o objeto de estudo de interesse. É de interesse porque você quer entender e, para isso, deve fazer uma descrição rigorosa e detalhada do que observa. Dessa forma, coletaremos as informações que estudaremos posteriormente. Por exemplo, podemos observar que uma pessoa está triste, emagreceu, evita levantar da cama e não se interessa pelas coisas que lhe acontecem.

Perguntar

A colocação do problema implica que, com base nos dados da fase anterior, iremos formular as questões que queremos resolver. “Por que essa pessoa não consegue entrar na rotina?”, “Por que ela parou de fazer atividades que costumavam ser prazerosas?” ou “Por que ela está triste?”.

Fazer hipóteses

Formular hipóteses sobre algo significa fazer proposições que respondam às questões colocadas. Formular hipóteses está longe de pretender aceitar nossas respostas como verdadeiras, apenas as coloca sobre a mesa como possíveis explicações que terão que ser analisadas posteriormente.

Exemplos: “Ela não consegue se envolver em uma rotina porque está deprimida”, “Ela parou de fazer atividades que lhe davam prazer devido à perda de reforços contingentes para o comportamento” ou “Ela está triste porque há um distúrbio em suas substâncias químicas cerebrais”.

menino observando flores
O método científico é baseado na observação, no questionamento e na experimentação antes das conclusões.

Experimentar

Se as etapas anteriores foram bem executadas, essa é uma etapa chave. A experimentação tem o objetivo de levantar hipóteses verdadeiras ou falsas. Consiste em estudar o fenômeno, comparando-o, vendo se os resultados se adaptam a, talvez, alguns pressupostos matemáticos. Em nosso exemplo, é possível comparar os resultados de uma amostra à qual aplicamos questionários entre pessoas com depressão e pessoas sem depressão.

Analisar

Os dados que obtemos da fase anterior são “dados brutos”. Esses são dados que muitas vezes não têm sentido por conta própria. Nesse sentido, é necessário atribuir-lhes um valor e um fundamento para entendê-los. Nesse sentido, o desenvolvimento de gráficos, tabelas ou cálculos pode ajudar.

Concluir

Assim que tivermos todas as informações, organizadas e claras, podemos apresentar as conclusões. As hipóteses que levantamos, com base nos resultados, são verdadeiras ou falsas? Por quê? O que poderíamos investigar como resultado de nossas conclusões? Além disso, nessa fase podemos estabelecer teorias que expliquem o fenômeno em estudo.

Como podemos ver, a pseudociência carece de um método científico. Quantas tabelas, dados científicos e cálculos você já viu que explicam que a Terra é indubitavelmente plana? A pseudociência está longe de nos ajudar: ela nos engana, nos confunde e encoraja a frustração e o desespero. A ciência é o estudo da vida. Junte-se a essa ideia!


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