A proliferação das pseudociências

A proliferação das pseudociências é perigosa por dois motivos fundamentais: por perseguir um objetivo lucrativo e, o que é pior, brincar com a saúde.
A proliferação das pseudociências
Andrés Navarro Romance

Revisado e aprovado por o psicólogo Andrés Navarro Romance.

Escrito por María Hoyos

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Em um mundo cada vez mais conectado e informado, é difícil acreditar que a proliferação das pseudociências, como a homeopatia, esteja em ascensão. Algumas falsas crenças são tão comuns que muitas vezes permeiam até mesmo a mídia que se orgulha de ter um certo rigor científico.

Isso é perigoso não tanto por razões individuais, já que cada um é livre para acreditar no que quiser, mas pelo perigo real que isso acarreta para a nossa saúde, tanto física quanto psicológica.

Na Espanha, devido à gravidade da situação, o Ministério da Saúde, Consumo e Bem-estar Social e o Ministério da Ciência e Inovação publicaram um catálogo de “práticas” sem base científica no qual classificaram 73 técnicas como pseudoterapias e 66 se encontram em fase de estudo. O objetivo é informar a população para que as pessoas possam tomar decisões responsáveis ​​em relação às pseudoterapias e às pseudociências. Vamos nos aprofundar um pouco mais nesse assunto.

Cérebro iluminado

O que é considerado uma pseudociência?

Há uma característica que, necessariamente, qualquer pseudociência tem em comum com as outras: não responde a um método científico válido. Seus argumentos não são baseados em teorias ou em experimentos científicos. Em vez disso, são disciplinas que sustentam sua eficácia ao afirmar que sua aplicação funcionou para outras pessoas.

Em uma pesquisa da Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (FECYT, em sua sigla em espanhol), os dados obtidos foram alarmantes: cerca de 50% dos entrevistados acreditavam, por exemplo, na eficácia da homeopatia. Obviamente, isso não deixa de ter graves repercussões para a saúde das pessoas.

Em geral, as afirmações apresentadas pelas pseudociências costumam ser:

  • Vagas.
  • Contraditórias.
  • Exageradas.
  • Infalseáveis.

Elas não contam com procedimentos sistemáticos de estudo e experimentação. Muitas vezes, pegam apenas os dados científicos que lhes são favoráveis. Há um exemplo claro no desenvolvimento matemático da Nova Teoria Terraplanista, que em pleno século XXI defende, novamente, que a Terra é plana.

Outras pseudociências populares podem ser, por exemplo, a astrologia, a numerologia e a cristaloterapia. Nenhum delas recorre a um método científico para corroborar suas hipóteses e transformá-las em teorias. Seus resultados não foram comprovados.

A proliferação das pseudociências no século XXI: o movimento antivacina

Um dos casos mais perigosos de pseudociência do nosso século é o movimento antivacina. As vacinas foram um dos avanços médicos mais importantes da história da humanidade, e negar sua eficácia é ingênuo e perigoso.

A cada ano, a vacinação evita entre dois e três milhões de mortes. Entre 2000 e 2010, por exemplo, a mortalidade por sarampo foi reduzida em 74%.

No entanto, um falso estudo publicado em 1998 relacionava uma vacina ao autismo. Embora esse estudo tenha sido desacreditado cientificamente pouco depois, isso alimentou os argumentos daqueles que eram contra a vacinação de seus filhos.

O perigo dessas afirmações reside no fato de que, embora pareça que a única pessoa afetada seja a criança não vacinada, a verdade é que as vacinas funcionam em grupos, e não individualmente. Por isso, quando um número suficiente de crianças deixa de ser vacinado, a imunidade de toda a sociedade em que elas se encontram é afetada.

Outras pseudociências que nos acompanham diariamente

A astrologia é outra pseudociência que consumimos diariamente quase sem perceber. Desde programas de televisão matinais até as últimas páginas dos jornais, sempre há uma seção para o horóscopo ou informações sobre o tarô.

Quase todo mundo sabe qual é seu signo do zodíaco. Em geral, parece interessante pensar que nossas diferentes personalidades são determinadas pela constelação sob a qual nascemos. De alguma forma, essa inclinação se deve à própria idiossincrasia da mente humana.

No entanto, a verdade é que a constelação sob a qual você nasceu nada tem a ver com sua maneira de pensar ou ser, como afirma a astrologia. A genética e a maneira como fomos criados, por outro lado, dizem muito mais sobre quem somos.

Como lutar contra a proliferação das pseudociências?

A forma mais eficaz de combater as pseudociências é através da informação: infelizmente, hoje em dia podemos encontrar milhares de páginas na Internet com uma interface atraente, aparentemente técnica e científica, que nada mais são do que fraudes que tentam esvaziar nossos bolsos.

Um estudo da Universidade George Washington publicado na revista American Journal of Public Health afirma que existe um grande número de mensagens mal-intencionadas e informações falsas nas redes sociais sobre as pseudociências e seus poderosos efeitos.

Por isso, é necessário aprender a diferenciar de qual fonte podemos extrair informações verdadeiras e adequadas e quais devemos rejeitar.

É importante que esse exercício comece na escola, onde ainda somos excessivamente vulneráveis ​​às opiniões dos outros. Se não desenvolvermos um espírito crítico suficiente desde a infância, sempre poderemos adquiri-lo mais tarde. No entanto, quanto mais tempo demorarmos para fazer isso, mais vulneráveis seremos às fraudes.

Por outro lado, a educação deve ser sempre acompanhada por uma legislação consistente que penalize aqueles que procuram lucrar com o sofrimento alheio. Nesse sentido, as piores pseudociências são aquelas que impedem as pessoas de resolver seus problemas com métodos comprovados e eficazes que, de outra forma, seriam de grande ajuda.

A proliferação das pseudociências: a queda da ciência?

A comunidade científica também tem muito a dizer a esse respeito: são os primeiros a rejeitar artigos supostamente científicos e a afastar charlatães pseudocientíficos de universidades, laboratórios e congressos.

As ciências reais devem responder adequadamente e acabar com esses movimentos, pois permitir que eles floresçam é prejudicial ao próprio status científico.

Acabar com a proliferação das pseudociências é, em última análise, um trabalho de todos: somente quando tivermos sucesso alcançaremos uma verdadeira qualidade de vida baseada na verdade e na liberdade de escolha.


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  • M. Gardner (1981): La Ciencia, lo Bueno, lo Malo y lo Falso, Editorial Alianza, Madrid.
  • Ward, S. (2008): Global Journalism Ethics: Widening the Conceptual Base. Global Media Journal — Canadian Edition 1, 1, 137-149.

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