Ficar com raiva nem sempre é ruim

Ficar com raiva nem sempre é ruim

Última atualização: 29 outubro, 2015

A raiva por si só não é boa nem ruim. O que fazemos quando ficamos com raiva é o que importa. A raiva é uma ferramenta que nos ajuda a ler e responder às situações sociais perturbadoras. Mas,  como evitar perder o controle?

É comum pensar que ficar com raiva é algo negativo. E, muitas vezes, tentamos nos reprimir. Mas, indo contra essa crença popular, pesquisas indicam que a raiva ou chateação aumentam o otimismo, a criatividade e a eficácia de rendimento. Além disso, estes estudos sugerem que a manifestação de raiva pode conduzir a negociações de maior sucesso, tanto na vida pessoal, quanto no trabalho.

De fato,  reprimir a raiva pode realmente fazer mal para a saúde. Nesse sentido, o doutor Ernest Harburg e sua equipe da Universidade da Escola de Saúde Pública de Michigan, nos Estados Unidos, fizeram, durante várias décadas, o acompanhamento de um grupo de adultos num estudo sobre a raiva.

Estes pesquisadores perceberam que os homens e as mulheres que reprimiam a raiva que sentiam como resposta a um ataque injusto tinham uma probabilidade maior de contrair bronquite e sofrer ataques cardíacos. Eles também eram mais propensos a morrer antes de seus companheiros, que deixavam que sua ira se aflorasse quando se sentiam incomodados.

A raiva surge porque nos sentimos chamados a prevenir ou colocar um fim às ameaças imediatas para nosso bem-estar, ou para o bem-estar de nossos entes queridos. Mas é um erro supor que este ato de bondade, compaixão, amor ou justiça seja benéfico. Uma sociedade saudável não é uma sociedade livre da raiva.

No entanto, é bom ter precaução na forma de manifestar a raiva. A expressão da raiva pode ser apropriada com certas pessoas, em certas ocasiões. A questão é, como fazer isso sem perder o controle?

Como controlar a raiva?

Quando queremos expressar a raiva, ou qualquer emoção negativa, uma forma de fazê-lo é começar com o que se denomina “advertência de mal-estar”, ou seja, deixar que outras pessoas saibam, de maneira explícita, que estão sendo experimentadas emoções intensas devido a algo concreto que aconteceu. É fácil se for dito com clareza.

Diante da possibilidade de que não fique claro, convém pedir desculpas adiantadas, não pelas emoções ou pelas ações, mas sim pela possível falta de clareza na forma de transmitir o que se quer dizer. O objetivo de advertência de mal-estar é desarmar a outra pessoa, para evitar que ela se coloque na defensiva. Quando alguém percebe que o outro não se sente cômodo e que a conversa é difícil, aumenta a probabilidade de que surja empatia.

Após isso, é preciso aprofundar-se na causa da chateação, no que se pensa e se sente por causa do que aconteceu. Por que surge a raiva em vez de outra emoção? É difícil lidar com a raiva, mas é preciso saber por que ela aparece e evitar ignorá-la. Por sua vez, é preciso reconhecer a diferença entre o que pode ser mudado e o que está além da própria capacidade de controle. Se o que ocorreu está fora de controle, não há benefício algum na manifestação da raiva, mas se algo ainda pode ser feito, comunicar-se de forma eficaz pode dar bons resultados.

O segredo para comunicar a raiva é encontrar o tom adequado para transmitir o que está nos desagradando.

Num segundo momento, é importante frear a situação. A tendência geral é agir imediatamente, principalmente se a situação for muito tensa. A fim evitar gritos ou brigas desnecessárias, ou outras reações violentas, convém dar a si mesmo um momento para pensar, ainda que estejamos em plena conversa ou discussão com alguém.

Inclusive, é bom fazer com que o outro saiba que você precisa de um momento, atrasando assim o avanço da situação. As boas decisões devem prevalecer em relação às decisões rápidasRespire profunda e lentamente. Há uma ampla escala de opções para escolher em uma situação carregada de emoções.


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