O hábito de supor e suas consequências

O hábito de supor e suas consequências

Última atualização: 17 fevereiro, 2015

O que aconteceu? Por que o fez? O que você vai fazer? Caso você se sinta tentado(a) a responder a uma pergunta similar com: “Bem, não sei, mas suponho que…”, talvez seja o momento de parar.

As consequências do ato de supor

Fazer uma suposição é dar algo como feito sem nos preocuparmos em buscar provas para apoiar nosso raciocínio. É buscar uma explicação e, depois, reforçá-la com pensamentos e comentários sucessivos. O problema é que a pessoa que supõe geralmente acaba acreditando nesse fato “criado” por ela mesma. O mais grave é que, em muitos casos, depois nem sequer se lembra da origem de tal afirmação.

Então, como vemos, é muito frequente que uma suposição inofensiva gerada pelo “simples e inocente costume de falar dos outros” acabe se transformando em um boato falso e, definitivamente, em uma mentira.

Supor pode arruinar a reputação de outra pessoa, porque ainda que você enfatize que está somente expressando sua opinião, e não um fato, quando sua declaração tiver começado a “correr”, o mais provável é que se omita a parte em que você disse que não tinha certeza. E algo surpreendente, ainda que você não comente suas ideias com mais ninguém, de qualquer forma você pode criar uma imagem distorcida da pessoa em questão em sua própria cabeça. E tudo por uma simples e inocente suposição …

Combustível de maus pensamentos

Seja o diálogo mantido com outra pessoa ou com você mesmo, você pode estar alimentando uma mentira, uma mentira dirigida a outra pessoa ou a você mesmo. Ainda que a mentira não seja tomada como certa, ela gera certas emoções e as emoções são dificílimas de apagar. E ainda que sejam apagadas, ficariam os resíduos da suspeita e uma predisposição negativa.

Pense nos sentimentos que as seguintes suposições geram:

“Com certeza ela o está traindo.”
“O mais provável é que ele maltrate crianças.”
“Suponho que suas palavras não sejam sinceras. Não acredito que ele nos tenha dito a verdade.”

Por que sempre pensamos o pior?

Lamentavelmente, a maioria das suposições que fazemos são negativas. O ser humano tem tendência a dar maior importância às notícias ruins. Mas, por que isso acontece? Uma teoria diz que isso se deve ao instinto de sobrevivência, porque através do desenvolvimento do ser humano se prestava mais atenção quando alguém dizia: “Essa serpente é venenosa”, do que quando alguém dizia “Que lindo entardecer!”

De acordo com essa teoria, isso levou a que déssemos mais peso a coisas negativas e que, como consequência, atribuíssemos a elas mais credibilidade. Em outras palavras, de forma inconsciente e para nos preservar, estamos predispostos a pensar o pior das outras pessoas…

Normalmente, tendemos a supor que muitas das coisas que acontecem tem a ver conosco pessoalmente (ainda que na realidade na maioria das ocasiões sequer apareçamos na história), que os outros sabem o que nós queremos ou desejamos, ou que os outros reagirão como nós. Nenhuma destas suposições é produtiva e atuar baseando-se em alguma delas pode chegar a ser devastador para todas as pessoas envolvidas, incluindo para a nós mesmos.

Que a suposição não substitua a comunicação

O que fazer se realmente lhe preocupa o que alguém fez ou porque o fez? Isso é muito simples, pregunte-lhe! Um diálogo com a pessoa implicada é cem vezes mais produtivo que um diálogo interno ou com um terceiro. Se você simplesmente fizer uma suposição, estará roubando da pessoa implicada a oportunidade de se expressar.

Quando você se certifica das coisas, você pode atuar com base em informações confiáveis. Se você não se sentir cômodo perguntando diretamente, você terá que avaliar se é um assunto que realmente lhe compete. Caso contrário, não seria melhor se ocupar de outros assuntos?

Que a suposição não impeça seu crescimento pessoal

As suposições nem sempre têm a ver com o comportamento alheio. Existe outra classe de suposições que podem se converter em uma grande trava em nosso próprio caminho.

Quando supomos que não vamos gostar de algo que nunca provamos, ou que não poderemos aprender algo novo, ou que nunca poderemos conhecer esse lugar com que tanto sonhamos, estamos construindo uma “parede” que bloqueará nosso passo para novas experiências. Às vezes assumimos que as tradições são inevitáveis e que não há uma maneira diferente de fazer as coisas. Isto sufoca nossa criatividade e nos converte em pessoas rotineiras e estagnadas.

Enfim, deveríamos evitar as suposições a todo custo, tanto em relação a nós quanto a outras pessoas. Em troca, verifiquemos. Perguntemos. Averiguemos. Experimentemos.

Imagem cedida por Johan Larsson


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