Que brinquem livremente!

Que brinquem livremente!

Última atualização: 28 fevereiro, 2015

A vida moderna, com ambos os pais trabalhando, modificou bastante a vida familiar. Entre essas mudanças, verificamos que, em muitas ocasiões, as crianças têm seu tempo preenchido por um grande número de atividades extracurriculares. Uma das consequências desse fato é que as crianças brincam livremente cada vez menos, sendo que a brincadeira, durante os primeiros anos, é uma parte fundamental de sua aprendizagem e, consequentemente, de seu desenvolvimento.

Por meio dos jogos, as crianças aprendem sobre si mesmas e sobre a sua relação com o entorno. As brincadeiras proporcionam um ambiente livre de estresse, em seu próprio ritmo, no qual elas podem praticar suas novas habilidades e assumir riscos, expressando-se e explorando a criatividade, a independência, a curiosidade e a resolução de problemas.

Essa é a maneira pela qual as crianças vão adquirindo sua noção sobre o mundo por meio de interação significativa. Para uma criança, o jogo é superação de desafios, diversão e aprendizagem de novas formas de fazer as coisas. Considerando-se a perspectiva dos adultos, também é um meio para que se desenvolvam e pratiquem habilidades que serão necessárias no futuro, como os comportamentos sociais, as atividades motoras e as capacidades cognitivas.

Benefícios da brincadeira

1. Motivação intrínseca / unidade interna

Podemos reconhecer uma criança envolvida em um jogo quando esta está prestando mais atenção ao processo do que ao produto do jogo em si. O que significa isso? Por exemplo, quando uma criança se senta e simplesmente destrói um castelo de areia muito elaborado que havia acabo de terminar de fazer. Isso se deve ao fato de que a construção do castelo de areia em si tem um valor muito mais alto para ela do que o produto acabado.

2. Controle Interno

Pensemos no seguinte fato: o jogo é uma situação única para a criança, na qual é permitido que ela desfrute de um momento próprio, de um espaço em que pode exercer algum controle sobre a atividade que realiza, o que não ocorre na maioria dos momentos de sua vida, nos quais esta se vê controlada pelos adultos.

3. A liberdade de sair da realidade

As crianças dedicam muita concentração e atenção aos seus jogos. Durante esses processos de concentração em suas brincadeiras, a criança se torna relativamente alheia às estruturas externas.

Muitos profissionais da saúde, como terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, pedagogos e psicólogos, utilizam a brincadeira como ferramenta terapêutica em seu trabalho com crianças.

Que comece a brincadeira!

É importante pararmos para pensar no que queremos para nossos filhos e deixar de superprotegê-los ou de estimulá-los com uma quantidade excessiva de atividades.

Não importa que sejam os mais preparados, que falem vários idiomas, que sejam pequenos chefs e que, além disso, joguem xadrez a nível de competição… Por que não permitimos às crianças que sejam crianças? Por meio da brincadeira, essas vão potencializar a sua curiosidade e, algo da maior importância, podem chegar a descobrir e fortalecer seus talentos particulares.

Brincar em grupo

É fundamental permitir que as crianças brinquem com outras crianças sempre que possível. É claro que a televisão e os jogos de videogame não incentivam o desenvolvimento de sua imaginação; são jogos passivos. Quando brincam do lado de fora, ao ar livre, e com seus amigos, não há limitações para sua imaginação. As crianças às quais se concede um espaço de liberdade criam seus jogos, definem suas próprias dinâmicas e, além disso, estabelecem algumas regras por meio de consenso com seus pares.

Se você quer que a criatividade e a imaginação de seus filhos pequenos continuem ativas, dê a eles muitas oportunidade de brincar livremente, tantas quanto seja possível. Quanto aos brinquedos, proporcione às suas crianças aqueles que sejam mais simples, em que nem tudo já venha resolvido e acabado, para que para brincar os pequenos possam e devam ensaiar, contribuir, colocar, trocar, criar, inventar, tirar, imaginar…

Trata-se, enfim, de que o protagonista seja a criança, que seja ela quem dirige o jogo e que o brinquedo seja apenas uma ferramenta.

Imagem: cortesia de Dhammika Heenpella


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