Soberba, a armadilha do amor próprio

Há grandeza na soberba, mas também arrogância, egocentrismo, inseguranças, medos e vazios. É uma armadilha para o amor próprio que cega aqueles que entram neste jogo.
Soberba, a armadilha do amor próprio
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Algumas pessoas pensam que são onipotentes e que estão acima das outras. Essas mesmas pessoas sempre acreditam que estão certas. Além disso, elas são convencidas de que nada é bom o suficientes e de que ninguém pode lhes ensinar ou mostrar nada, porque elas já sabem “tudo”. Continue lendo para saber mais sobre a soberba.

Seus ouvidos estão fechados e seus olhos cegos para tudo o que não as envolve. Elas estão tão concentradas em si mesmas que perdem todo o resto. No entanto, elas não têm consciência disso.

Elas aparentam segurança, mas não há ninguém mais inseguro do que aquele que acredita ser o possuidor da verdade. O que realmente acontece com elas é que estão cheias de soberba. Continue lendo para saber mais.

“A soberba nunca desce de onde sobe, mas sempre cai de onde subiu”.
-Francisco de Quevedo-

O que é a soberba?

O que é a soberba?

Segundo o psiquiatra Enrique Rojas, a soberba é a paixão desenfreada por si mesmo, a armadilha do amor próprio, a falta de humildade e de lucidez. É um sentimento de apreciação em que a pessoa concentra seu foco em si mesma porque se considera única e muito acima dos outros.

A soberba é considerada um dos pecados mais graves pelo cristianismo. Além disso, na Grécia Antiga, falava-se da soberba sob o termo hybris. Com ele, referiam-se a pessoas que desafiavam a vontade dos deuses transgredindo os limites de sua humanidade e que, portanto, deveriam receber um castigo divino. Como exemplo de soberba, podemos mencionar Édipo ou Prometeu.

A pessoa soberba adora a si mesma, idolatra-se, mas também ignora que a soberba é a origem de muitos problemas.

Nos campos da psicologia e da filosofia, existe uma distinção vaga entre soberba e orgulho. Alguns concebem o segundo com um sentido mais positivo e emocional, no qual uma pessoa pode valorizar a si mesma e aos outros, e isso às vezes é fácil de dissimular. A soberba, por outro lado, envolve considerar-se superior aos outros e acreditar que os demais devem respeitá-lo e admirá-lo.

Os outros não importam para uma pessoa soberba; qualquer um que permite que seu orgulho assuma o controle acaba adquirindo atitudes soberbas.

Assim, a soberba tem relação com o orgulho, a vaidade, o desejo de poder, o narcisismo e o egocentrismo. Tudo tem pouco valor para uma pessoa soberba e só há espaço para si mesma. Ela não valoriza as opiniões dos outros porque é como se fosse cega. No entanto, ela precisa de um feedback constante da imagem que está projetando socialmente. O que acontece é que as estratégias que ela implementa para recebê-lo são muito sutis.

A insegurança do soberbo

“A soberba não é grandeza, mas inchaço, e o que está inchado parece grande, mas não é saudável”.
-Leonardo Murialdo-

A principal característica da soberba é que, além de ilusória, é um disfarce para a insegurança, a falta de autoconfiança e o sentimento de inferioridade, embora em muitas ocasiões também ocorra de maneira mascarada.

Esse tipo de pessoa permanece cega aos seus erros por estar presa às suas ilusões de grandeza. Um sentimento de excelência que esconde um profundo medo de não ser bom o suficiente e inferior aos outros. Assim, ela a usa para sobreviver e ser amada.

Como você pode ver, por trás da soberba há medo: a pessoa soberba tem medo de não ser capaz, de não ser boa o suficiente, de não ser reconhecida. Assim, diante da incapacidade de assumir e aceitar esses medos e feridas, ela se esconde atrás de uma máscara. Por esse motivo, a soberba serve para “equilibrar” esses vazios como um mecanismo de defesa, porque ajuda a pessoa a rejeitar em vez de ser rejeitada.

Uma pessoa soberba geralmente não admite seus erros, porque isso a lembra de que ela não é tão perfeita quanto pensava. Como consequência, é difícil para ela pedir perdão, porque considera que nunca está errada. Ela também pensa que está certa porque incorre na falácia da autoridade.

No entanto, a pessoa soberba se preocupa muito com a opinião dos outros e quer sua atenção, embora pareça indiferente. Assim, ela adota determinados comportamentos para obtê-la.

Como você pode ver, uma pessoa soberba tem uma baixa autoestima; ela é cheia de inseguranças, mas as esconde sob um disfarce altivo. Por esse motivo, quando ela se sente atacada, geralmente fica com raiva, perde o controle, desqualifica os outros, fica na defensiva e até para de falar por um tempo. Isso ocorre porque ela têm a maturidade emocional de uma criança.

A soberba nada mais é do que um mecanismo de defesa para impedir que outros descubram seus medos, inseguranças e fraquezas de caráter.

O antídoto para a soberba: humildade

O antídoto para a soberba: humildade

“Onde houver soberba, haverá ignorância; mas onde houver humildade, haverá sabedoria”.
-Salomão-

Contra a soberba, recomenda-se a humildade: aprenda a levar uma vida mais simples, na qual prevalece o valor do que realmente é importante, como o amor, a simplicidade e a generosidade. Mas você não pode ser humilde a menos que reconheça e aceite que é soberbo. Caso contrário, é impossível mudar.

Ao aceitar, você deve ser honesto consigo mesmo. Do que você tem medo? O que o faz sofrer? Por que você precisa ser validado pelo reconhecimento de outras pessoas?

Além disso, também é importante mudar a direção do foco: não existe apenas você, mas muitos outros. Você deve avaliar a sua própria importância e olhar para as outras pessoas.

Para isso, é importante trabalhar a sua empatia , colocando-se no lugar do outro. Além disso, aprenda a receber críticas e a aceitar os seus próprios erros e defeitos.

É uma questão de livrar-se do disfarce protetor que você usa há tantos anos e que causa tantos danos. Baixe a guarda e reconheça suas próprias limitações.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.