Somos muito jovens para estarmos tão tristes

Somos muito jovens para estarmos tão tristes

Última atualização: 12 maio, 2016

A atual situação econômica, política e social, marcadamente negativa, está afetando toda uma geração de jovens com sentimentos e expectativas negativas. Muitos se sentem assim e estão vivendo desse modo, mas é difícil se expressar. Justamente antes da situação piorar ainda mais, havia a esperança de que essa geração não tivesse que esperar tanto tempo para que a situação se normalizasse. Agora vemos que esse era um ponto de vista muito otimista, que a crise se agravou e a única solução é seguir caminhando.

Muitos jovens se identificam com a frase que é título desse artigo, jovens que não têm nenhum problema de saúde ou carências básicas, mas que viram suas expectativas para o futuro se frustrarem de uma hora para a outra, tanto expectativas acadêmicas, de trabalho, de independência em relação aos pais, etc.
Ainda assim, somos muitos jovens para estarmos tristes. Mas, às vezes, o desapego e a abertura para tratar as questões da crise que muitos levam como vergonha, como o desemprego, é o primeiro passo para saber as condições dos tempos atuais e detectar possíveis casos de depressão ou ansiedade.

A influência da tristeza nos jovens

A felicidade e a tristeza não são um tudo ou nada; cada dia podemos experimentar emoções distintas e ao longo de uma semana podemos passar por momentos muitos tristes mas também por momentos de intensa alegria. Mas o denominador comum dessa geração jovem é o seguinte: a desesperança em relação ao futuro.

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Temos que ser conscientes de que a desesperança é um dos principais gatilhos para que se instale um episódio depressivo. Atualmente houve um aumento nos casos de depressão diagnosticados na geração atual de jovens em relação à geração anterior.

Muitos dos jovens que passaram toda sua vida estudando agora são obrigados a trabalhar em posições que não têm nada a ver com sua área profissional. Outros imigraram e também passaram a trabalhar em posições não condizentes com suas formações em outros lugares. Ninguém nunca está preparado para a crise, e muitas vezes em um espaço muito curto de tempo tudo muda e temos que fazer uso de recursos pessoais perante situações de estresse que se alongam dia após dia.

É importante, portanto, deixar de nos culpar e assumir que a geração recém-formada está dando sua cara a tapa, inclusive com uma valentia diante da situação que nos faz pensar que a crise sempre esteve aí, mas na verdade surgiu e transformou a realidade há pouco tempo.

Temos que tirar lições de tudo o que acontece

Não o mesmo caso de quando essa atual crise econômica afeta uma pessoa que já contava com uma posição estável e uma trajetória reconhecida. Trata-se de se encontrar nessa situação justo quando chega a hora de entrar no mercado de trabalho, e a única coisa que encontramos são portas fechadas.

Por isso, quando estamos triste temos que pensar em tudo que estamos ganhando além do que também estamos perdendo. Antes de tudo, temos que tirar lições de tudo que acontece conosco. Vamos desenvolver uma empatia e uma consciência social para analisar os problemas do mundo desde diversas perspectivas. Nossa resiliência assim se desenvolverá rapidamente, e nossa inteligência emocional também poderá nos tirar das más situações a partir dos aprendizados que tirarmos desse desenvolvimento.
Somos mais abertos, menos ingênuos e também mais solidários. Valorizamos a honra, a sensibilidade, a decência como poucas gerações anteriores. A hipocrisia é considerada hoje inimiga, assim como a vaidade e a extravagância.
Estamos preparados para a mudança, e faremos isso da melhor forma; deixaremos uma forma nova de fazer as coisas para as gerações seguintes. Pode ser que em muitos dias sua resistência psicológica esteja quebrada e você precise se levantar, mas somos muitos jovens para estarmos tão tristes; devemos nos levantar e seguir em frente.
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Estamos tristes, mas estamos juntos

Se qualquer pessoa passa sozinha por qualquer situação depressiva ou de desesperança, pode ser que a viva com medo e vergonha, mas na realidade nessa situação a tristeza é suportável se nos sentimos parte de uma rede de pessoas que está passando por situações muito parecidas.

Não relaxamos porque está caótico para todo mundo, mas ocorre um fenômeno psicológico de união: nossa culpa se faz mais leve, se dissipa, já que não atribuímos nossa situação a aspectos internos, estáveis e globais de nossa pessoa, mas nos damos conta de que se trata de um mal compartilhado.

Perante essa situação não cabe se isolar, já que lidar com a situação de um modo passivo e pessimista não ajuda em nada. Temos que nos arrumar, nos vestir e sair ainda que não tenhamos vontade. A vontade já já aparece. E é assim, aí fora, que surge a oportunidade de retomar a vida. Como dizia Jean Paul Sartre:


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