Os 4 tipos de luto que enfrentamos

Os 4 tipos de luto que enfrentamos
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Nós, seres humanos, vivemos a vida nos ligando emocionalmente a pessoas que, quando nos abandonam, nos fazem mergulhar em um doloroso luto.

O luto é um sentimento de dor, um sentimento que surge quando essa pessoa se foi e em nosso interior começa uma batalha de quero, mas não posso.

“Toda perda do passado sem encerramento se transforma em um peso que não me deixa alçar voo, que não me permite avançar.”
-Bernardo Stamateas-

A realidade da perda

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Quando estamos mergulhados em uma perda profunda, percebemos que é muito difícil sair dela. Para começar, provavelmente teremos que lidar com uma batalha interna: uma parte aceita a perda, mas outra se nega a aceitá-la.

Isto é algo completamente normal, algo que devemos entender e devemos compreender. Nunca se culpe por isso, nem se sinta mal. A reação que você está tendo é totalmente normal e os altos e baixos constituem uma característica do luto. Há dias em que você pode sentir que avança e outros em que você caminha um pouco para trás; o importante é o seu progresso em termos gerais.

“Não confunda sofrimento com amor, nem superar a dor com esquecimento…”
-Margarita Rojas-

Agora que já sabemos o que é o luto, é preciso conhecer os diferentes tipos que existem.

Saber isto permitirá que nos analisemos se já passamos por alguma perda, se no futuro tivermos que enfrentá-lo ou se você tiver a oportunidade de ajudar a alguém que esteja passando por ele. Desta forma, compreenderemos melhor o que está nos acontecendo, o aceitaremos e assim poderemos superá-lo.

1. O luto patológico

No luto patológico a parte da aceitação da perda não ocorre em momento algum. Está presente apenas a negação frente à mesma.

Na mente da pessoa que está padecendo este tipo de luto, entram em funcionamento certos mecanismos que a protegem desta realidade que tanto dói. É como se a pessoa tivesse criado uma espécie de terreno fantasma sobre o qual caminha pelo abismo, sem pagar o preço da queda, mas também sem conseguir voltar à terra firme.

“Aguentar não fecha as perdas.”
-Bernardo Stamateas-

Na sua mente aparecem frases como “aqui não aconteceu nada”, “nada mudou”, etc. Isto só faz com que a dor se apodere dela, mas pouco a pouco, como a chuva que penetra nos ossos.

2. Negação do luto

Parece semelhante ao anterior, mas não tem nada a ver. Na negação, a pessoa mergulhada no luto não consegue expressar o que sente, o que lhe provoca um intenso mal-estar.

Engolir e reprimir nunca foi bom. Às vezes chorar permite que nos libertemos de tudo isso que está nos fazendo mal.

“Não se permitir sentir verdadeiramente o que você está passando acabará por machucar o seu corpo e a sua alma.”
-Bernardo Stamateas-

Este tipo de luto surge nas pessoas que consideram que chorar ou sofrer lhes fará mostrar as suas fraquezas perante os outros. É por isso que guardam tudo para si mesmas… até que não aguentam mais e explodem de uma forma totalmente imprevisível e normalmente descontrolada.

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3. Luto intensificado

No luto intensificado, a pessoa que o passa solta tudo o que carrega dentro de si, sem reprimir absolutamente nada. Pode acontecer de chorar, gritar, expressar a sua raiva…

Pode parecer benéfico, mas tal expressão de dor, que se vive talvez de uma forma mais profunda, às vezes faz com que estas pessoas caiam em uma depressão.

A gente não se acaba porque cai, cai porque está já destroçado.

É bom expressar o que sentimos, mas escolhendo a forma e o canal adequado. Também não faz sentido procurar uma diversão dentro do próprio sofrimento, em forma de expiação de culpa.

4. Luto ambíguo

O luto ambíguo se dá sempre que se desconhece se a pessoa que amamos de fato morreu ou não. Costuma acontecer com pessoas desaparecidas, sequestradas, etc.

É um tipo de luto também conhecido como “luto congelado”, já que se mantém na incerteza, à espera de notícias. A sensação de não compreender o que acontece, e não saber de nada, faz que talvez seja o pior tipo de luto que se possa padecer, até que se tenha notícias…

“Seja qual for o luto que você decida ter, é preciso aprender que a dor não é um estado e sim um processo. Precisamos contar com o lugar e o tempo para poder viver essa dor, para que, ao fazê-lo, tenhamos nos reconciliado com a vida.”
-Bernardo Stamateas-

Nenhum de nós está livre do terrível luto. É algo pelo qual todos nós passamos em algum momento das nossas vidas. O luto é uma situação dolorosa, mas também de superação.

Conhecer estes lutos permitirá entender o que você está passando e abrirá os seus olhos para um futuro de maior esperança. É normal sofrer, mas todas as tempestades passarão… e você, antes do que imagina, voltará a seguir em frente.

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Imagens cortesia de Matt Wisniewski.


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