Violência de gênero e adolescência

Violência de gênero e adolescência

Última atualização: 20 abril, 2015

A adolescência é uma etapa da vida em se começa a explorar algumas facetas emocionais que até o momento não haviam tido relevância. Contudo, a influência cultural já nos incutiu alguns conceitos de como deve ser uma relação de casal.

O primeiro amor… experimentar a sensação de que somos importantes para alguém de uma forma especial faz com que nos sintamos bem, diferentes dos outros na visão da pessoa amada. Isso ao mesmo tempo nos gera insegurança, medo de perder estas emoções e raiva quando as coisas não são como gostaríamos que fossem, por isso tentamos perpetuar esta união em uma tentativa de liberarmo-nos de todas estas sensações desagradáveis.

Os padrões sociais condicionantes

Se analisarmos símbolos românticos, encontraremos cadeados que simbolizam um “juntos para sempre” simbólico, mas irreal, já que não perpetuam a continuidade da felicidade, apenas a do vínculo, que se apresenta como inquebrável.

A realidade pouco tem a ver com o que desejamos. Nos falam da felicidade de estar apaixonado, de como é ter uma meia laranja para encontrar, sem levar em consideração que já somos seres completos e que as emoções não são estáveis no tempo, já que podem aumentar, diminuir, mudar e se transformar. 

Tratamos de controlar o físico em busca do controle das emoções de outra pessoa, queremos que nos amem para sempre e, ao invés de cuidar deste vínculo, vivemos com medo de perder nosso/a companheiro/a controlando seus movimentos, suas liberdade, sua forma de se vestir, suas mensagens no whatsapp, suas amizades…

É possível que deste modo a mantenhamos a nosso lado, mas não conosco, já que suas emoções sempre oscilarão. Ao invés de unir mais, estas emoções criarão um muro entre o casal e seu entorno. Com isso, a relação ficará isolada em uma jaula transparente com barras de medo e infelicidade.

A violência

O mais paradoxal é que nos perguntamos se em relações com violência existe amor e, se existe, o mais triste e preocupante é pensar que este sentimento é o motor da violência para quem a exerce, com base nele se demonstram ciúmes, raiva, inseguranças, e ele condiciona a vida da outra pessoa ao tratar de eliminar esse mal estar gerado pelo medo de perder seu/sua companheiro/a. Em função disso, usam diferentes estratégias, como a chantagem emocional, insultos, ignorância, provocar ciúmes com outras pessoas, etc.

A raiva que se sente diante de certos comportamentos que determinam, através de padrões rígidos, como deve ser a relação e a atitude de seu/sua companheiro/a é justificada através do amor, conceito tão arraigado que não está somente na concepção de quem exerce a violência, mas de quem a sofre, já que o machismo instaurado faz com que reproduzamos padrões sem questioná-los, independentemente de nosso sexo. Devemos desaprender e modificar nossos padrões de resposta diante das relações de casal baseadas no machismo.

Romper nossa jaula transparente não é apenas questão de quem está dentro; todos contribuímos validando comportamentos machistas, seja aprovando-os ou nos silenciando, por isso devemos mudar a raiz desta conduta. Devemos deixar de agir com base em nosso mal estar e começar a fazê-lo com base no que queremos para nosso futuro. Deixemos que as pessoas que estão conosco o façam porque é gratificante a cada dia, e não porque, embriagadas de amor, fecharam um contrato no passado que atualmente não compensa e se mantém por medo.


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