Ayahuasca: mitos e verdades 

Ayahuasca: mitos e verdades 
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 10 outubro, 2018

A ayahuasca é uma planta sagrada em várias comunidades ancestrais da Colômbia, Bolívia e Peru, entre outras. Tem efeitos alucinógenos similares aos das conhecidas “drogas psicodélicas”. A partir dela, é elaborado um composto chamado “yagé”: uma bebida com fortes poderes psicoativos. Há três décadas, o mundo ocidental intensificou o interesse por estas substâncias.

Para as comunidades indígenas que fazem uso da ayahuasca, que não em sua maioria amazônicas, trata-se de uma planta sagrada. Essas comunidades a utilizam para alcançar saúde física e espiritual, sempre guiadas por um xamã durante seu consumo. Para eles, esta planta é a porta que leva a um estado de consciência superior, que cura.

Por essa razão, a ayahuasca começou a ser envolvida em uma série de mitos no mundo ocidental. Muitas pessoas buscaram ingerir o yagé para alcançar estes estados de consciência superiores dos quais tanto se fala. 

Outros confundem esta planta com as drogas recreativas e buscam a experiência sem ter conhecimento do que realmente podem vivenciar. Vejamos quanto de mito e quanto de verdade há no que se fala sobre a ayahuasca.

“Os povos originários tomam psicoativos para se tornar mais sábios. Os ocidentais os tomam para se tornar mais estúpidos”.
– Autor desconhecido –

A Ayahuasca é um remédio

Para os povos de origem amazônica, a ayahuasca é, fundamentalmente, um remédio. Ela é utilizada há milhares de anos, tanto para prevenir doenças quanto para potencializar a mente. O comum é que seja consumida a cada 7 ou 14 dias, em cerimônias organizadas pelo xamã da comunidade.

Embora seja conhecida genericamente como ayahuasca, a verdade é que o preparo é feito com esta planta, em combinação com outra planta chamada “Psychotria”, que contém dimetiltriptamina (DMT), uma substância proibida em vários países.

Ambas as plantas passam por um processo de decocção. O resultado é uma substância líquida, de consistência densa, similar a um xarope. Normalmente, é diluída em água antes de ser consumida. Tem um sabor amargo que muitos descrevem como repulsivo.

O principal efeito secundário da ayahuasca é similar ao de um purgante. Aqueles que tomam a bebida, especialmente no começo, costumam vomitar e ter diarreia depois da ingestão. Para os indígenas amazônicos, este é um efeito curativo.

O organismo se desfaz das substâncias tóxicas que pode conter. A partir do ponto de vista mental, a planta gera o que conhecemos como “alucinações”. No entanto, tais visões levariam a uma compreensão maior da verdade.

A sabedoria dos povos ancestrais

As experiências com a ayahuasca

O efeito da ayahuasca é muito diferente em cada pessoa, tanto a partir do ponto de vista físico quanto mental. Ela não é uma droga psicodélica, em sentido estrito.

Seu efeito não leva apenas a uma hipersensibilidade dos sentidos, mas também causa alucinações associadas às realidades inconscientes de cada indivíduo. Por isso uma pessoa pode ter uma experiência “bonita”, enquanto outra pode ter uma experiência confusa ou até mesmo aterrorizante.

A ayahuasca não causa vício. De fato, são muitas as pessoas que nunca voltam a tomar a bebida após a primeira ingestão (pode causar fortes vômitos e diarreias). Mesmo assim, sabe-se que a substância tem poderosos efeitos tranquilizantes que melhoram o humor. Por isso, muitas pessoas com depressão buscam viver esta experiência.

Os xamãs são os “médicos indígenas”. São eles, e só eles, que podem conduzir uma ingestão de ayahuasca. Assim como no ocidente, só um médico graduado pode receitar drogas químicas. O médico é o conhecedor e só ele sabe como medicar.

Cerimônia de ayahuasca

Os perigos deste psicoativo

Como toda substância, a ayahuasca também apresenta riscos. O efeito físico em algumas pessoas pode ser extremamente desagradável.

Também pode originar reações perigosas se a pessoa fizer uso de outras drogas ou sofrer de determinadas doenças. Os xamãs sempre perguntam a respeito dos antecedentes médicos para saber se uma pessoa pode ter essa experiência ou não, e de que forma.

O comum é que as pessoas tenham alucinações relacionadas com seus conflitos inconscientes. Muitos veem episódios de sua infância, outros, situações atuais. Se houver um conflito emocional ou mental no momento, é possível que a ayahuasca faça com que isso apareça de forma muito desagradável e com consequências imprevisíveis. Eventualmente, pode levar a surtos psicóticos.

Cerimônia de ayahuasca

A ayahuasca é tomada de forma coletiva, nunca sozinha, e só pode ser tomada com as instruções de um xamã, em todos os casos. Por outro lado, há pessoas e empresas que criaram um negócio a partir desta planta sagrada. Oferecem experiências psicodélicas e vendem a substância nas ruas, levando a um consumo sem controle que apresenta um grande risco.


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