Como enfrentar a maternidade

Como enfrentar a maternidade
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 03 junho, 2018

A maternidade é uma experiência única que nos faz crescer muito. Nem por isso deixa de ser uma roda-gigante de emoções; uma etapa vital de felicidade, cansaço, mudanças e expectativas que temos que aprender a controlar. Enfrentar a maternidade pode se transformar em algo esmagador, em algo que nos traz muita satisfação, ou em uma etapa confusa, com ambas as coisas.

Quando estamos esperando o bebê, percebemos as mudanças que estão por vir e acreditamos que estamos nos preparando para elas. No entanto, a verdade é que quando elas se tornam realidade, muitas pessoas se sentem sobrecarregadas. A chegada de um bebê causa muita alegria mas, além de emoções positivas, uma mudança tão grande acaba com as rotinas e prioridades. Isso nos deixa de “pés para o alto”.

Sentir que uma mudança tão grande nos desestabiliza não significa que não estamos preparados, mas que é um processo que, devido à sua magnitude, nos coloca à prova. Como com todos os processos de uma significância similar, precisamos de um tempo para nos adaptarmos às alterações que estão ocorrendo.

Somos pessoas que acrescentam um papel importante às nossas vidas, e buscar um equilíbrio pode parecer, sobretudo durante os primeiros meses, algo impossível. Mas, é possível. De fato, precisamos encontrar um equilíbrio entre os nossos diferentes papéis para poder aproveitar a maternidade com plenitude.

Mulher grávida com foto de ultrassom

Como enfrentar a maternidade

Não existe uma forma única de encarar a maternidade; de fato, poderíamos dizer que existem muitas, como existem muitos pais e mães. Mas, sim, existem algumas questões que deveríamos considerar, especialmente se não queremos que os momentos de ansiedade e desconforto sejam muito frequentes ou muito intensos.

Não tente se encaixar em critérios externos

A maternidade está em linha com pressões e preconceitos, envolta em estereótipos e críticas que parecem estabelecer uma faixa estrita do que está certo e do que está errado. O que te faz uma boa mãe e o que te faz uma mãe ruim. Não caia nesse absurdo… e, de qualquer forma, se alguém tem que determinar o que está certo ou errado, é o pediatra.

Não foque o que “deve ser” a maternidade, apenas o que é a maternidade para você. Dê um sentido próprio, pessoal, a ela, porque se a sua maternidade for construída sob critérios externos, será muito difícil que você se sinta bem, que tenha a sensação de estar em sintonia com o que faz. Porque a base da maternidade é o amor, e o amor real sempre é natural. Portanto, siga o seu critério e a sua intuição. Construa a sua própria definição de mãe e provavelmente você encontrará a melhor mãe para o seu filho.

Corresponsabilidade

Mamãe e papai são diferentes, mas igualmente necessários e competentes. Se partirmos do pressuposto de que ambos membros do casal querem o melhor para o seu pequeno ou pequena, por que normalmente nós, mães, não delegamos e/ou confiamos plenamente na capacidade do nosso parceiro?

Em muitas ocasiões nós, mulheres, assumimos toda a responsabilidade inerente à maternidade, não deixando que os pais se envolvam com a criança e o cuidado dos bebês com a mesma intensidade. Isso é injusto. Depois, nos queixamos. Outras vezes, não sentimos que há o envolvimento necessário por parte de nossos parceiros.

Pai dando beijo em seu filho bebê

Sustentar qualquer uma destas situações é um erro. Chega de comodidade e de resignação. A responsabilidade pelo cuidado do bebê não é de uma só pessoa (se falamos de famílias com dois pais), e é muito importante que façamos uma divisão equitativa desta grande responsabilidade na prática.

Seja assertiva

As pessoas dizem, repetem e, inclusive, insistem para que você faça as coisas de uma certa maneira, ou aquilo daquela outra. Não importa se te viram por cinco minutos ou duas horas, porque todo mundo sabe o que é o melhor para o seu bebê. Inclusive, eles tomam a liberdade de te corrigir ou de te criticar.

Pois bem, isso não vai deixar de acontecer a menos que você estabeleça limites claros… assim, é conveniente que você faça isso o mais cedo possível. O pai e a mãe são pessoas responsáveis pelo bem-estar físico e emocional do bebê, bem como por satisfazer as suas necessidades. Encontre a maneira de expressar com clareza e educação aquelas coisas que te incomodam, e de transmitir que o seu parceiro e/ou você é quem toma as decisões. Proteja a sua maternidade a partir do respeito, e não deixe que as faltas de respeito se camuflem entre conselhos e opiniões.

Pare com a culpa

A culpa é uma emoção que aflora facilmente nas mães de primeira viagem. Culpa por não poder amamentar, culpa por levar o bebê à creche, culpa por chegar tarde, culpa porque o bebê ficou doente, culpa por não aproveitar mais, culpa por estar triste… um sem-fim de culpa.

A culpa pode se tornar um beco sem saída. Não é construtiva. Poucas vezes resulta em algo positivo. Por isso, troque a culpa por responsabilidade e soluções. Se você considera que errou, procure fazer melhor da próxima vez. Se aconteceu algo que você não poderia evitar, então você não tem responsabilidade e não faz sentido que você se sinta culpada. Se você se sente triste, irritável ou sente que não está aproveitando a maternidade…. pare. Analise-se. Busque ajuda se você precisar, e volte a começar.

Mãe cansada com seu bebê no colo

Tempo para você

Ser uma boa mãe não significa passar as vinte e quatro horas do dia com o bebê. Muitas vezes não nos permitimos nos separarmos do bebê porque não acreditamos que seja necessário ou porque sentimos que deixar o cuidado nas mãos de outra pessoa nos torna maus pais. Enfrentar a maternidade com êxito dependerá de não renunciarmos a nós mesmas como pessoas únicas e independentes. Não precisamos renunciar nem à nossa carreira profissional, nem às nossas amizades, nem ao nosso parceiro, nem às atividades de lazer. Não. O que precisamos é aprender a nos organizar e nos adaptar aos novos desafios que temos que enfrentar.

Quando somos mães, não deixamos de ser pessoas. Não podemos renunciar a nós mesmas. Não podemos deixar de cuidar de nós. Não podemos estacionar todos os outros aspectos da nossa vida: precisamos nos sentir bem com nós mesmas para que possamos nos sentir bem como mães. Pais e mães felizes criam filhos felizes. É um fato. Assim, não abandone a si mesma, porque apesar de a maternidade ser algo lindo e importante, existe vida além do seu papel de mãe.

Não se compare

A maternidade é vendida como algo maravilhoso, uma experiência única e irrepetível. E é verdade. O que não nos contam é que também é uma época muito difícil na qual tudo muda. Assim, podemos sentir que a maternidade nos atropela, que não era o que esperávamos, que não vamos aguentar… E nos sentimos solitárias nessa espiral de emoções negativas enquanto acreditamos que as outras mães estão bonitas, contentes e vivem felizes para sempre.

Nem tudo que reluz é ouro. Ainda que fosse, não importaria. Porque se você é você mesma, nas suas circunstâncias, na equação da maternidade não existe lugar para comparações. Enfrentar a maternidade de maneira saudável é se sentir protagonista da sua experiência e dar o melhor de você, deixando de lado todo o resto. O que as outras mães fazem não faz de você uma mãe melhor ou pior. A maternidade não é um concurso.

Existem infinitas maneiras de ser a melhor mãe

Existem tantas maneiras de encarar a maternidade quanto mães no mundo. Dessa forma, a melhor maneira de enfrentá-la é torná-la sua. Ignore pressões desnecessárias e aproveite-a à sua maneira.

Uma nova pessoa estreia no mundo e começa a construir o seu próprio. É importante entendermos que as inseguranças, as dúvidas e os maus dias fazem parte da maternidade, assim como da vida. Também é importante que nos permitamos sentir e que aceitemos que nem todas as emoções associadas a uma experiência tão intensa como a maternidade têm que ser positivas. De fato, seria estranho que o fossem.

Mãe na cama com seu bebê

A maternidade é uma joia bruta que vamos polindo dia após dia. Não nos esqueçamos de que antes de sermos mães, somos pessoas. Lembremos que somos o pilar central de nossas vidas, o pilar sobre o qual nossos filhos constroem as deles. Encarar a maternidade de forma saudável não é mais do que praticar a generosidade com nós mesmas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.