Compreender o luto das crianças: uma ajuda nos momentos difíceis

Compreender o luto das crianças: uma ajuda nos momentos difíceis
Laura Reguera

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Reguera.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Quando ocorre uma morte na família ou no nosso círculo de amigos íntimos, todos nós ficamos muito tristes. Com os pequenos não é diferente, mas nem sempre entendemos como funciona o luto das crianças. Nós vemos que estão agindo de forma diferente do que acreditamos que é normal, mas não sabemos o que fazer.

O luto não os afeta da mesma forma que os adultos? Ou eles o manifestam de forma diferente? O que acontece é que as crianças entendem e processam de formas diferentes o luto de acordo com o estágio evolutivo em que estão. Os adultos precisam compreender como as crianças vivenciam o luto para serem capazes de ajudá-las nesses momentos difíceis…

“O tempo é um médico que cura todos os lutos”.
– Dífilo –

O luto das crianças menores de 3 anos

Nestes primeiros anos de vida, as crianças são fisicamente e emocionalmente muito dependentes da pessoa que cuida delas. Esse papel é geralmente desempenhado pelas mães. Quando esta figura que lhes dá proteção e afeto morre, as crianças passam um momento muito difícil.

Embora não entendam o que é a morte e as suas consequências, o que elas percebem é a ausência dessa pessoa que é seu apoio fundamental na vida. Portanto, a partir de 6 a 8 meses, já podemos observar os comportamentos dos bebês que indicam o sofrimento que estão passando, porque essa pessoa se foi e sabem ou intuem que não a verão mais.

Criança que não sabe lidar com o luto

Elas se sentem abandonadas e desprotegidas: procuram com os olhos ou choram inconsolavelmente, esperando que essa pessoa volte. Também podem rejeitar novos cuidadores, apresentar distúrbios do sono, problemas de alimentação ou crises de birra. Em crianças que já sabem falar, você pode observar como elas perguntam sobre a pessoa que morreu, embora depois de alguns minutos, pareçam ter se esquecido dela.

Nessa idade, é muito importante que as crianças voltem a se sentir amadas e protegidas por outra pessoa o mais rápido possível. Isso não impedirá que esperem o retorno da pessoa que morreu, mas contribuirá para que recuperem a normalidade pouco a pouco.

O luto das crianças com idade entre 3 e 6-7 anos

Quando as crianças estão nessa faixa etária, já adquiriram mais habilidades e entendem mais do que quando são menores. No entanto, elas ainda não entendem que a morte é irreversível. Portanto, é muito comum que insistam para ver a pessoa que faleceu.

Apesar de acreditarem que essa pessoa querida vai voltar, a sua ausência provoca inúmeras emoções negativas. Sentem medo, tristeza, raiva e até mesmo culpa. Elas se sentem abandonadas e frequentemente aparece a ansiedade por separação que se manifesta através de um mal-estar psicológico e mudanças de comportamento.

Geralmente, comportamentos desajustados, desobediência ou crises de birra estão presentes. Elas também podem se desinteressar por novas atividades, fazer xixi na cama ou ter pesadelos. Isso é normal e ao longo do tempo geralmente desaparece. Se desaparecer, é uma indicação de que a criança não está conseguindo superar essa fase e precisa da ajuda de um psicólogo.

“Se você reprimir o luto demasiadamente, duplicará a dor”.
-Molière-

O luto das crianças de 6-7 anos até 11 ou 12 anos

A partir dos 6 ou 7 anos, as crianças começam a entender o que é a morte e o que significa morrer. Portanto, a maneira de processar o luto muda um pouco. Nessa idade, a primeira coisa que geralmente aparece é a rejeição e a negação: isso não pode estar acontecendo! Elas não conseguem acreditar que isso é verdade.

Como lidar com o luto das crianças

Além de negar o fato, também é normal que se sintam culpadas ou culpem o falecido, uma vez que é uma fase da vida em que as crianças personificam tudo. Outros sentimentos, como a raiva ou o medo, também aparecem. O medo geralmente se manifesta por uma necessidade constante de estar com as pessoas que ama porque ficam preocupadas achando que elas também podem morrer.

“Ninguém nunca me disse que o luto se sente como um medo”
-C.S. Lewis-

Podem surgir também comportamentos violentos, rejeição aos outros familiares, agressões, pesadelos ou falta de concentração. Esses comportamentos não deve ser negligenciados porque, muitas vezes, manifestam o desejo de ir com a pessoa falecida, então é preciso ficar atento às possíveis ideias de suicídio.

É muito importante que aqueles que convivem com a criança a ajudem a aceitar a morte daquela pessoa que ela amava tanto. Dessa forma, os professores, os amigos e os familiares desempenham um papel fundamental nesses momentos difíceis e podem contribuir para que o luto se desenvolva normalmente.

Imagens cortesia de Tim Graf, Michal Parzuchowski e Laith Abuabdu.


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