Quais são as diferenças entre timidez e fobia social?

Timidez e fobia social são duas condições psicológicas nas quais há um medo de se relacionar com os demais, ou de expressar o que pensamos ou sentimos. Elas costumam ser fruto de experiências dolorosas ou traumáticas que deixam uma marca muito significativa.
Quais são as diferenças entre timidez e fobia social?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 28 maio, 2021

É fácil confundir introversão com timidez e fobia social, embora sejam realidades muito diferentes. O equívoco ocorre porque são condições que têm pontos em comum, embora analisando-as em mais detalhes vejamos que elas têm grandes diferenças. A semelhança está somente em alguns aspectos formais que podem nos induzir ao erro.

Enquanto a introversão é uma questão de temperamento, a timidez está localizada no âmbito da educação psicossocial. Por outro lado, a fobia social corresponde ao terreno do psicopatológico, embora não se trate, no sentido estrito, de uma doença em si. O ponto em comum entre todos eles é o obstáculo para socializar. Este último é o traço predominante na timidez e na fobia social.

Timidez e fobia social têm um fator em comum que é decisivo: o medo. O que diferencia uma condição da outra é a intensidade desse medo e o grau das limitações que ele impõe. Enquanto alguém tímido pode apenas querer passar despercebido, uma pessoa que sofre de fobia social deseja esse contato social que não consegue manter.

“A vertigem é, para o corpo, o que a timidez embaraçosa é para a alma”.
-Ludwig Börne-

As pessoas tímidas

As pessoas tímidas podem ser altamente dependentes da opinião alheia. Alguém tímido pode sentir uma forte vontade de expressar o que pensa e sente ou de se relacionar mais ativamente com os demais, mas hesita em fazer isso. Ele se choca contra o medo do que os outros podem pensar ou dizer sobre as suas palavras ou comportamentos.

Diríamos que a pessoa tímida é excessivamente vulnerável às críticas alheias. Ela busca a aprovação social com mais intensidade do que o comum (ou teme a ausência da mesma).

Isso acontece porque elas sentem que não têm as ferramentas psicológicas necessárias para lidar com a rejeição ou para sustentar um conflito com os demais. Elas desvalorizam a si mesmas e supõem que uma ferida ao seu ego causaria muita dor.

A timidez é fruto de uma educação que restringe ou mina as habilidades sociais. A pessoa cresce se sentindo inadequada ou inferior às demais. Ela foi objeto de sérias críticas ou de rejeições intensas, e isso deixou uma marca importante no seu jeito de ser. Antes de superar a timidez, ela precisa reestruturar a imagem que tem de si mesma.

Mulher tímida

A fobia social

A Dra. Vanessa Abrines Bendayan, mestre em psicologia clínica, define a fobia social como o “medo irracional e desproporcional que surge em certas situações de interação social. A pessoa fica convencida de que vai agir de forma inadequada, ridícula, vergonhosa ou humilhante”. A palavra-chave nesta definição é “desproporcional”.

Isso quer dizer que timidez e fobia social são conceitos muito próximos, mas no segundo caso há um extra, um excesso notável. Quem sofre de fobia social não quer apenas reduzir os encontros com os demais, e não apenas hesita em se expressar, mas chega a entrar em pânico.

Ela foge do contato com pessoas que não conhece e costuma apresentar sintomas físicos como enjoos, taquicardia, rubor, calor ou transpiração excessiva. Ela não sabe por quê, mas as pessoas pouco familiares a aterrorizam. Ela fica paralisada ou descontrolada em situações sociais.

Esta fobia pode ser generalizada ou específica. No primeiro caso, há um grande medo diante de qualquer tipo de situação social. No segundo, o medo exagerado se limita a certas situações ou pessoas. Em todos os casos, há um alto nível de ansiedade.

Homem com fobia social

Timidez e fobia social

A diferença mais significativa entre timidez e fobia social é a intensidade dos sintomas. No entanto, também há outros contrastes relevantes. A timidez pode ser transitória. Em geral, quase todas as pessoas a sentem em algum grau durante a adolescência. Isso ocorre porque esta é uma fase em que a autoimagem está em construção, e por isso há momentos em que ela é muito frágil.

Por outro lado, a fobia social é uma condição que tende a aumentar e se tornar crônica. O que há por trás dela não é apenas um histórico de rejeições ou questionamentos significativos, e sim traumas, situações súbitas que impactaram profundamente a psique. É possível que estejam relacionadas a abuso físico, psicológico ou sexual.

Seja como for, tanto a timidez quanto a fobia social são condições que limitam a pessoa e não lhe permitem evoluir individual e socialmente de forma plena. Há cursos e terapias que ajudam a superar a timidez. No caso da fobia social, é necessário passar por um processo formal de terapia, que costuma ter um bom prognóstico.


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  • Cano Vindel, A., Pellejero, M., Ferrer, M. A., Iruarrizaga, I., & Zuazo, A. (2006). Aspectos cognitivos, emocionales, genéticos y diferenciales de la timidez. Revista Electrónica de Motivación y emoción.


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