3 ensinamentos que aprisionam os instintos das crianças
Desde muito pequenos, possuímos uma habilidade que alguns chamam de sexto sentido, intuição ou instinto, mas que com o passar do tempo é destruída pela lógica e pela racionalidade. Nem tudo é lógico. Graças aos nossos instintos podemos detectar pessoas tóxicas, saber quando alguém não nos convém ou tenta nos ferir.
Quando eliminamos os nossos instintos nos transformamos em pessoas mais vulneráveis. Então, por que fazemos isso? O que aconteceu? Não fomos educados da forma correta. Os adultos acreditam que sabem ensinar, mas não estão conscientes de que existem habilidades muito importantes, como por exemplo o instinto, e não lhe dão muita atenção.
“A intuição é o sussurro da alma”.
– Krishnamurti –
Nossa maneira de educar as crianças é determinada pela forma como fomos educados pelos nossos pais e pelas pessoas ao nosso redor. Dessa forma, repetimos padrões sem analisar se estão corretos ou não. Hoje, lhe daremos alguns exemplos de como certas atitudes podem minar os instintos dos seus filhos.
1- Pressionar as crianças
Talvez você acredite que pressionar os seus filhos tenha resultados positivos, mas nem sempre é assim. Por exemplo, quando se trata de abraçar ou beijar outras pessoas. Todos gostam de se mostrar carinhosos com as crianças; mas alguém já se perguntou se elas querem a mesma coisa?
Imagine se alguém o obrigasse abraçar e beijar alguém de quem você não gosta. Se o seu filho não quer abraçar ou beijar alguém e você o obriga, está matando o seu instinto. Ele vai entender que deve se submeter à vontade dos adultos, independentemente de isso lhe agradar ou não.
Nos últimos anos surgiu um novo tipo de pressão que impede que as crianças desfrutem da sua infância. Estamos falando sobre as atividades extracurriculares, que tomam muito tempo das crianças e as impedem de fazer o que elas mais sabem e precisam: brincar. Se as brincadeiras forem com os pais, será muito melhor.
As crianças aprendem muito cedo a participar de atividades que as tornarão mais competitivas no futuro, sem levar em conta se gostam ou estão felizes com o que fazem. Estamos matando os seus instintos; elas se tornarão adultos que não saberão o que querem realmente e se deixarão levar por qualquer tipo de trabalho.
2- Os medos não são tolices
Quantos vezes já ouvimos: “Você é grande demais para sentir medo” ou “medo do escuro é uma bobagem”. Dessa forma, tentamos tranquilizar os nossos filhos, mas na realidade estamos ignorando os seus medos. E isso acaba se transformando em um obstáculo.
A criança aprende que deve esconder os seus medos para que os outros não achem que ela está se comportando de uma maneira ridícula. Vai perdendo o seu instinto aos poucos e no futuro não conseguirá identificar os seus medos verdadeiros. Isto pode lhes causar sérios problemas.
Os medos que não conseguimos superar se transformam em obstáculos.
Contrariamente a esta atitude, alguns pais tentam proteger os seus filhos em todos os momentos. Esse sentimento é normal, mas, mais cedo ou mais tarde, eles terão que lidar com os problemas, com os medos e com as situações que se apresentam. Essa atitude provoca na criança uma falsa sensação de segurança que trará graves consequências no futuro.
Quando uma criança sente essa falsa sensação de segurança, o seu sexto sentido fica anestesiado e não despertará quando for necessário. Se cometerem algum erro, se sentirão perdidas e inseguras. Nós temos a ideia errada de que precisamos proteger as nossas crianças, mas na realidade, devemos ensiná-las como se proteger.
3- Como pais, nem sempre temos razão
Por que queremos sempre ter razão? Os adultos também erram, mas queremos ser melhores, dar uma falsa aparência de perfeição. Não percebemos que somos tão humanos e imperfeitos como os demais. Isto nos leva a cometer muitos erros.
Você se lembra de quando era criança? Você não entendia por que seus pais lhe mandavam fazer algo se eles mesmos não davam o exemplo? Isto pode confundir uma criança e ela não consegue perceber o que é certo ou errado.
Utilizamos com as crianças muitos padrões de comportamento sem parar para pensar nos seus efeitos reais. Não percebemos que estamos matando esse instinto nato que pode facilitar as suas vidas. Então, por que insistimos em acabar com ele? O instinto e a racionalidade devem estar em equilíbrio, só então poderemos tomar as melhores decisões na vida.
Imagens cortesia de Emily Combot, Oleg Versiev.