Giuseppe Verdi: biografia de um gigante

A obra operística de Giuseppe Verdi é considerada uma das melhores da história da Lírica. Descubra o que faz deste compositor um gênio, e como ele colaborou para a unificação italiana.
Giuseppe Verdi: biografia de um gigante
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Camila Thomas

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O célebre músico e compositor Giuseppe Verdi possuía um talento extraordinário. Além de seu trabalho na música, foi um homem com muitos dons e viveu sua vida com probidade, generosidade e força. Seu legado artístico e moral garantiu a ele um posto indiscutível na história universal.

Parma, a terra natal de Verdi, foi um território concedido sucessivamente a Napoleão, aos Habsburgo e aos Bourbon até o ano de 1860, momento no qual começou a fazer parte do novo Reino da Itália.

Em meio à situação de instabilidade política que era vivida na Itália, Verdi, armado unicamente com sua música, conseguiu contribuir para a unificação do país. Trechos de suas óperas serviram e servem ainda hoje para engrandecer a personalidade nacionalista do povo italiano.

De forma única para o seu momento histórico, Verdi não compunha pensando em grupos privilegiados da sociedade da época, e sim para as massas. Suas composições tiveram uma pedra angular das paixões da humanidade, os sentimentos extremos como o amor, o ódio, o ciúme e o medo.

Giuseppe Verdi

Primeiros anos

Giuseppe Fortunino Francesco Verdi nasceu em 10 de outubro de 1813 em Roncole, uma aldeia em Parma, na Itália. Nasceu em um lar humilde; seu pai, Carlo Giuseppe Verdi, trabalhava em uma pousada; sua mãe, Luisa Utinni, era tecelã. O pequeno Verdi cresceu em um ambiente agreste e rural.

Aos oito anos de idade, por conta de seu fascínio pela música, seu pai lhe presenteou com uma velha espineta. Este instrumento foi restaurado especificamente para ele e Giuseppe passava horas praticando. Foi uma criança superdotada, e seu enorme talento foi descoberto pelo comerciante Antonio Barezzi, que se transformou em seu protetor.

Com apenas doze anos de idade, o jovem Verdi mudou-se para Busseto, para viver na casa de Barezzi. O comerciante ficaria a cargo de proporcionar ao jovem a melhor formação musical possível. Durante este período, conheceu seu professor Ferdinando Provesi.

“Adoro a arte; quando estou só com minhas notas, as batidas do meu coração e as lágrimas caem, minha emoção e prazer são imensos.”
-Giuseppe Verdi-

Giuseppe Verdi: a desolação de sua juventude

Ao completar 18 anos de idade, graças à ajuda de seu benfeitor, Giuseppe Verdi mudou novamente de residência. Nesta ocasião, Milão seria a cidade que o jovem músico escolheria. Verdi ansiava por se apresentar no exame de admissão do conservatório da cidade. No entanto, a prestigiosa escola não admitiu o jovem, pois ele era muito velho para ingressar no conservatório.

Somou-se, ainda, a este incidente, a peculiaridade de Verdi e sua forma pouco ortodoxa de tocar piano. Ironicamente, hoje em dia, o Conservatório de Milão, o mesmo que não o admitiu em sua juventude, leva o nome de Verdi. Isso aconteceu logo após a sua morte, contra a vontade do famoso músico.

Em 1836, aos 23 anos de idade, Verdi se casou com a filha de seu benfeitor, Margherita Barezzi. O matrimônio gerou dois filhos. No entanto, tiveram que enfrentar muito cedo a perda de ambos os filhos, pois eles faleceram quando tinham aproximadamente um ano de idade.

Neste período, o jovem Verdi se encontrava liderando a Sociedade Filarmônica de Busseto e dava aulas particulares, tarefas que compatibilizava com seu trabalho em sua obra prima, Oberto.

Em 1839, sua primeira obra ainda não havia estreado, por isso, decidiu voltar a Milão para lidar com a Scala e gerenciar seu lançamento. Oberto estreou com relativo êxito e teve 14 apresentações. Como consequência, Verdi firmou um contrato na Scala para estrear mais três obras.

Foram anos difíceis para o maestro; em 18 de junho de 1840, Margherita faleceu devido a uma encefalite, com apenas 26 anos de idade. Apesar de seu sofrimento, Verdi se viu obrigado a cumprir com seu contrato.

Nestas circunstâncias, escreveu sua segunda obra, Un Giorno di Regno, uma ópera cômica. A obra estreou em 5 de setembro de 1840, mas foi um absoluto fracasso e foi retirada de cena. Desolado, considerou abandonar sua carreira.

Recuperando um coração partido

Felizmente, Verdi se recuperou e retomou suas composições. Sob as circunstâncias políticas de um país dividido e oprimido, o livro de Nabucco conseguiu acender uma nova chama de composição no coração de Verdi.

A obra foi estreada na Scala, no ano de 1842, e seu triunfo, nessa ocasião, foi descomunal. As massas irremediavelmente se sentiram identificadas com o conflito recriado no drama.

A partir de Nabucco, Verdi, que antes tinha sido execrado pela sociedade de Milão, se consagrou como compositor e como ícone da luta italiana pela unificação do país. As massas se apropriaram do “Va, pensiero”, difundido por toda a nação como canto de resistência, o “hino do ressurgimento”.

As primeiras obras mestres e o clímax de sua carreira

Em 1851, estreou  sua primeira obra prima: Rigoletto. A este êxito, seguiram-se, dois anos mais tarde, II Trovatore e La Traviata. À luz de sua consolidação como compositor, Verdi se concentrou em satisfazer sua própria inclinação musical. Suas obras, a partir de então, buscaram a certeza dramática sobre o conservadorismo musical.

“Não sou um compositor culto, mas um compositor experiente”.
-Giuseppe Verdi-

A expressão de busca do compositor é exemplificada em sua obra Aida (1871), peça que possui uma instrumentação mais cuidada e na qual são apreciadas árias mais breves e mais integradas; em outras palavras, apresenta uma menor segmentação entre movimentos.

A partir deste momento, Verdi começará sua aposentadoria como compositor, embora componha algumas outras obras imortais baseadas em textos de Shakespeare: Otello e Falstaff.

Morte e legado de Giuseppe Verdi

Aos 84 anos, Verdi enterrou sua segunda esposa, Giuseppina, que faleceu em 14 de novembro de 1897 após passar vários meses sofrendo de bronquite. O mestre se mantinha na casa dos dois, na vila Sant’Agata, onde se dedicava aos trabalhos de campo.

Em uma viagem a Milão, Giuseppe Verdi sofreu um AVC que provocou sua morte em 27 de janeiro de 1901. Sua morte comoveu o país e a sociedade, e as manifestações de respeito e dor diante de sua morte foram massivas.

Estátua de Giusepe Verdi

Verdi deixou sua fortuna para a casa de músicos aposentados que ele mesmo fundou para abrigar músicos em situação de desamparo: a Casa di Riposo per Musicisti. De acordo com sua vontade, jazem ali seu corpo e o de sua esposa.

Esta casa continua funcionando na atualidade; trata-se de uma espécie de residência para idosos que se dedicaram à música. Um lugar no qual a música brota de cada canto, no qual antigas figuras da ópera desfrutam de sua aposentadoria e do qual Verdi se sentia muito orgulhoso.

Poucos compositores foram capazes de escrever óperas de filosofia política, mas Verdi foi uma exceção, tornando-se em um personagem universal. O grande público amou sua obra e ele foi um dos poucos autores que pôde desfrutar do sucesso ainda em vida e obter importantes benefícios financeiros.

Os críticos atacaram suas óperas por suas temáticas de abuso, suicídio e amores livres, mas Verdi superou as tristezas em sua vida e as barreiras impostas pela crítica, conseguindo definir seus próprios parâmetros.


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  • Mila, M., de Aranda, C. G. P., & Tamargo, C. S. (1992). El arte de Verdi. Alianza.
  • Southwell-Sander, P. (2001). Giuseppe Verdi. Ediciones Robinbook.

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