O que é a metamemória?

A metamemória é o conhecimento que temos da nossa própria memória e de como ela funciona. Ela pode ser aprimorada? De que forma? Como esse fenômeno é estudado? Descubra neste artigo!
O que é a metamemória?

Última atualização: 27 fevereiro, 2021

O que é a metamemória? Esse conceito parece familiar para você? A memória é uma habilidade cognitiva que nos permite ter uma identidade, aprender, guardar memórias e consolidar ou fortalecer aquilo que já aprendemos.

Saber em detalhes como a memória funciona pode nos ajudar a reter melhor as informações, além de otimizar essa habilidade. É precisamente disso que trata a metamemória: o conhecimento da própria memória.

Mas o que mais a metamemória abrange? Qual é a sua relação com as regras mnemônicas? Como esse fenômeno é estudado? Como podemos aprimorá-lo? Vamos responder a tudo isso em uma breve explicação sobre essa interessante habilidade que nos permite ser quem somos.

“Somos os pedaços do que recordamos.”
-Cassandra Clare-

Você sabe o que é a metamemória?

O que é a metamemória?

A metamemória é o conhecimento que temos da nossa própria memória. Mais especificamente, de acordo com um estudo de González (1997) intitulado Metamemory and learning of texts, publicado na revista Psychology Studies, a metamemória é definida como O conhecimento e controle que a pessoa tem sobre o funcionamento da sua memória”. Isso também inclui o conhecimento das diferentes fases da memória, que são:

  • Codificação.
  • Armazenamento.
  • Recuperação.

Quanto mais metamemória tivermos, mais entenderemos sobre a memória. Como resultado, mais saberemos sobre como aprimorá-la e sobre as suas limitações. Assim, a metamemória não inclui apenas o conhecimento da memória, mas também seu controle e domínio.

Relação com a memória

A metamemória designa o conhecimento da própria memória da mesma forma que a metalinguagem constitui o conhecimento da própria linguagem, por exemplo. Para  melhorar a memória (ou para aproveitá-la ao máximo), muitas vezes recorremos às chamadas regras ou estratégias mnemônicas.

Segundo um estudo de Campos e Ameijide (2014), as estratégias mnemônicas não influenciam e beneficiam apenas a memória, mas também a metamemória. No entanto, tudo depende do tipo de estratégia que utilizamos.

“As estratégias mnemônicas são ajudas mentais que permitem que você se lembre de diferentes tipos de informações, como novas formas de palavras, nomes, datas históricas, números, fórmulas, várias regras e listas.”
-Barcroft, J.-

Como aprimorar a metamemória?

A metamemória, assim como a memória, pode ser aprimorada. De que forma? Em primeiro lugar, aprendendo tudo o que precisamos saber sobre como a memória funciona. Isso inclui saber como o cérebro opera em cada estágio do processo de memória.

Precisamos entender o que acontece quando codificamos uma memória, quando a armazenamos e a recuperamos, as mudanças que ocorrem no cérebro e como nossas emoções as influenciam. A relação entre as emoções e a memória já foi amplamente demonstrada.

Tudo isso pode ser aprendido simplesmente lendo e estudando. Para isso, podemos encontrar muitos livros interessantes sobre a memória. Por outro lado, as regras mnemônicas, que já mencionamos, podem nos ajudar a aprimorar esse processo cognitivo. Nesse sentido, quanto mais trabalharmos, mais saberemos. Assim, esse tipo de estratégia também pode melhorar a metamemória.

Como aprimorar a metamemória?

O estudo da metamemória

Em seu livro Metamemory: A Theoretical Framework and New Findings, Nelson e Narens (1990) propõem que o estudo da metamemória deve ser conduzido em três etapas principais. São elas:

  • Aquisição (antes da aprendizagem propriamente dita).
  • Retenção (manutenção do conhecimento previamente adquirido).
  • Recuperação consciente e autodirigida de informações.

Por outro lado, em relação ao estudo da metamemória, as pessoas podem fazer julgamentos sobre a sua própria memória, isto é, o processo que a memorização implica.

Estes julgamentos metamnemônicos, segundo os autores, podem ser realizados em quatro diferentes estágios do processo de aprendizagem.

Vamos imaginar que estamos lidando com uma tarefa de memorização para entender estes estágios:

  • Antes do processo de aquisição. Nesse momento, os itens ainda não foram aprendidos. Aqui, a pessoa tem que prever o quão fácil ou difícil será aprender a tarefa em questão (julgamento de facilidade de aprendizagem).
  • Durante ou imediatamente após a aquisição. Em outras palavras, logo após a aquisição da memória, mas antes do teste de recuperação. Aqui, a pessoa estima o nível de conhecimento que possui (julgamento de aprendizagem).
  • Durante o teste. Durante o teste, a pessoa avalia a memória que ela espera obter em um teste subsequente de mesmo formato ou diferente. Esse teste pode ter o mesmo formato ou ser de natureza diferente. Isso é o que chamamos de “sensação” ou “impressão” de saber.
  • Depois da memória. Finalmente, alcançamos o estágio que vem após empregar a memória. Aqui, a pessoa deve manifestar o grau de confiança ou segurança que possui com cada uma das respostas dadas (julgamento de confiança).

Conclusões

A metamemória vai um pouco além do mero conhecimento da memória. Se nos aprofundarmos um pouco mais, descobriremos que ela também inclui o conhecimento de todas as suas funções e etapas, além das estratégias mnemônicas que podem ser úteis para nós.

Assim, percebemos que conhecer e entender a memória (metamemória) também implica conhecer suas potencialidades (como aproveitá-la) e suas limitações.

“Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração.”
-Gabriel Garcia Márquez-


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  • Barcroft, J. Chapelle, A. (Ed.). (2012). The Encyclopedia of Applied Linguistics. p.3. Hoboken, Oxford, UK: Wiley-Blackwell
  • Campos, A., & Ameijide, L. (2014). Mnemotecnia de la palabra clave con dibujos y juicios metamnemónicos de personas mayores. Revista Iberoamericana de Psicología y Salud, 5(1), 23-38.
  • Flavell, J.H., Wellman, H.M. (1975). Metamemory. Minnesota University, Minneapolis.
  • González, A. (1997). Metamemoria y aprendizaje de textos. Estudios de Psicología, 58, 59-83.
  • Ruiz, M. (2008). Las caras de la memoria. Madrid: Pearson Educación S. A.

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