Minha primeira vez no psicólogo

Minha primeira vez no psicólogo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 02 abril, 2020

Nunca pensei que teria uma primeira vez no psicólogo. Além do mais, nunca tinha me preocupado em saber qual era o trabalho dos psicólogos ou o que uma boa terapia poderia fazer por mim. Mas um dia tudo mudou. Comecei a sentir que algo não estava bem dentro de mim e não conseguia explicar muito bem o porquê.

Comecei a perder motivação e alegria pelas coisas que costumava aproveitar. Era cada dia mais difícil para me levantar da cama e sair da casa, embora quando eu saísse me sentisse melhor. Era um querer e não poder, uma sensação estranha que me levou a pensar que talvez algo na minha saúde mental não estivesse funcionando.

Como o tempo passava e nada mudava ou melhorava dentro de mim, eu me encorajei a ir em um psicólogo. Eu não sabia o que esperar, o que dizer ou como começar quando apareci em seu consultório. Estava muito nervosa e relutante ao mesmo tempo. Uma vez que vi os resultados, posso dizer que valeu a pena e que não foi como eu esperava, foi diferente.

“Todas as pessoas falam da mente sem hesitação, mas ficam perplexas quando lhe pedem para defini-la.”
-B. F. Skinner-

Primeira vez no psicólogo

Na minha primeira vez no psicólogo, ela começou me perguntando o motivo que me tinha levado a pedir ajuda e isso era algo que me assustava por não poder explicar. Como eu disse antes, eu simplesmente estava mal, mas não podia dar razões ou palavras para meu desconforto. E ao contrário do que eu pensava, falar com ela era muito simples.

Um psicólogo não lhe dirá o que você quer ouvir, lhe dirá a verdade, mesmo que doa.

Ela foi capaz de me ajudar a colocar em palavras o meu desconforto, não me fez sentir sozinha ou desamparada, mas também não me paparicou de tal forma a me dizer apenas aquilo que eu queria ouvir. Simplesmente me ensinou a analisar e trabalhar o que não funcionava, a estar consciente de meus defeitos, mas também do meu potencial.

“Sua vida não está tão determinada pelo que a vida lhe dá, mas pela atitude que você tem diante da vida; não tanto pelo que acontece com você, mas pela maneira como sua mente vê o que acontece “.
-Kahil Gibran-

Mas não nos dedicávamos apenas a falar. Concordamos desde o início, desde a primeira visita, que havia um objetivo comum: deixar para trás a sensação de mal-estar que havia me levado àquela primeira vez no psicólogo. Talvez esta seja a parte mais difícil de uma terapia, porque você não é uma entidade passiva que recebe a solução mágica para seus problemas, mas você percebe que eles podem mudar, engrandecer ou desaparecer, dependendo do ponto de vista que você os observa e em função do que você faz, direta ou indiretamente, com eles.

E é aí que você percebe que a magia através das palavras não existe. Que a mudança custa, às vezes muito mais do que suportar o próprio sofrimento que te levou a consultar o psicólogo. Mesmo quando você está no processo, pode ser que a ideia que você tem sobre si mesmo mude e isso te assuste, mas o objetivo não é se sentir bem a curto prazo, e sim trabalhar para a mudança que te leve a se sentir bem a longo prazo.

“A missão da psicologia é nos dar uma ideia totalmente diferente sobre as coisas que mais conhecemos.”
-Paul Valéry-

A primeira vez no psicólogo

A ajuda de um psicólogo pode ser muito importante

Um bom psicólogo irá ajudá-lo a se libertar da culpa, mas também irá obrigá-lo a assumir a responsabilidade pelo seu desconforto.

Uma vez iniciada a terapia e colocadas em vigor as mudanças, nem tudo se torna fácil. Muitas vezes, como já era consciente de meus problemas, me empenhava em rotulá-los. Alguns rótulos que nem sempre correspondiam ao que minha psicóloga me dizia.

Isso me fazia desconfiar porque acho que ninguém pode se conhecer melhor do que a própria pessoa. Mas depois eu entendi que, como ninguém pode me conhecer melhor do que eu, tenho me especializado em conhecer as minhas forças e mecanismos mentais, como fez a minha psicóloga. Era bastante simples, mas à primeira vista isso me escapava. Você também pode ser um professor em autoengano.

Esse autoengano nos leva a ser muito cruéis ou muito bons com nós mesmos, e nos impede de ver com toda clareza a nossa própria realidade. Isso nos faz, muitas vezes, afundar em culpa por sentir o que sentimos ou ser como somos apenas pelo fato de estarmos mal.

A própria terapia se faz de espelho, te ensina a se ver como você é, não como você gostaria de ser ou como se culpa por ser. Minha primeira vez no consultório me ajudou a me livrar da culpa por não ter usado toda a minha energia nos desafios fracassados. Nesse sentido, também me ajudou a assumir a responsabilidade pelo desconforto que nasceu dessa culpa.

Por tudo isso, minha primeira vez no psicólogo valeu a pena. Agora sou mais forte, tenho mais recursos e minha visão do mundo está mais ajustada. Agora eu sei que não sou perfeita, inclusive peguei um certo carinho por essas imperfeições que antes só me causavam frustração. Posso encarar a vida e posso falhar, mas tudo isso não me faz fraca, e sim reforça minha motivação para continuar crescendo.

A verdade é que ainda tenho medos, mas eles já não ficam em meus pensamentos nem me prendem. Já não fazem comigo o que querem, porque tenho suficientes pontos de apoio para desfazer muitos dos nós que antes faziam com que me sentisse prisioneira.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.