Por que ficamos tão intrigados com um thriller?

O que acontece com a intriga? Por que é tão atraente para nós? O que acontece no cérebro quando você se conecta com os personagens de uma história? Neste artigo te contamos!
Por que ficamos tão intrigados com um thriller?

Última atualização: 25 novembro, 2022

Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, dizia que todo mundo gosta de um bom crime; sim, desde que você não seja a vítima. E não se enganou, pois, décadas depois, assistimos à massificação de um gênero, o thriller, cada vez mais presente em todas as plataformas. É por isso que nos fazemos esta pergunta: por que ficamos tão intrigados com um thriller ?

É claro que uma história cheia de mistério e suspense nos mantém na beira do sofá. No entanto, além do efeito que genialidades como Seven, True Detective ou Um corpo que cai podem ter, para citar alguns, a verdade é que o suspense gera uma série de mudanças em nosso cérebro que podem ser consideradas universais.

Como os thrillers influenciam no cérebro

Segundo Matthew Bezdeck, pesquisador do Georgia Institute of Technology (EUA), nosso cérebro sofre uma espécie de visão de túnel quando vemos que o protagonista de uma série ou filme está em perigo. Essa seria a primeira das mudanças que nossa química cerebral experimenta. “No córtex visual, os neurônios que processam o que acontece na tela entram em ebulição, enquanto os que recebem informações periféricas ficam dormentes”, afirma o pesquisador.

A segunda mudança está relacionada à nossa atenção. Nas palavras de Bezdeck, “a rede ventral, o volante que gira para decidir para onde direcionamos nossa atenção, torna-se mais ativo”. Pode-se falar de um silêncio que é gerado em nossa rede neural, então o suspense faz nosso cérebro se voltar para o filme. Fugimos, esquecemos o nosso entorno e a única coisa que nos interessa é saber o que acontecerá com nossos protagonistas.

A última mudança de que fala Bezdeck tem a ver com a ativação do nosso cérebro. E é que assistir a filmes de suspense é tudo menos uma atividade passiva. “Em um estudo, meus colegas e eu comprovamos que os pacientes participam mentalmente nas cenas de suspense: eles resolvem problemas em nome dos personagens ”, explica. Em suma, os espectadores “redesenham como os eventos poderiam ter acontecido de forma diferente e criticam ou elogiam o que os protagonistas fazem”.

Cérebro iluminado azul
Os thrillers fazem com que o cérebro se volte para o filme.

A empatia com os personagens

Embora seja um fenômeno que deveria ocorrer em toda história boa, quando vemos um thriller, tendemos a ter empatia com os personagens. Nesses tipos de filmes, a ameaça e o suspense estão à flor da pele, o que nos deixa mais envolvidos no que está acontecendo. Afinal, nossos neurônios inferem no conflito e nos ajudam a nos colocar no lugar dos personagens, assim como fazemos com pessoas de carne e osso.

Outro aspecto a ter em conta é a sensação de ameaça, algo muito comum em qualquer thriller. Embora pareça paradoxal, o medo e a incerteza podem nos fazer sentir grandes doses de prazer. É verdade que quando vemos um personagem entre a espada e a parede, nossa amígdala interpreta que estamos em perigo. E quando tudo acaba, o resto do cérebro coloca as coisas em contexto, entendendo que acabamos de nos livrar de uma situação perigosa.

Dessa forma, nosso cérebro libera substâncias que geram uma sensação de recompensa. Portanto, tanto o terror quanto o suspense podem se tornar prazeres inabarcáveis. Também  deve-se levar em conta o perfil de cada espectador. Existem pessoas que gostam especialmente do risco, já que seu cérebro tem um número maior de receptores de dopamina. Portanto, não é estranho que essas pessoas se divirtam mais com os sobresaltos que podem ocorrer na tela.

Homem assistindo tv intrigado
O thriller favorece a empatia com os personagens das séries e dos filmes.

Controle da mente do espectador

Embora imaginemos que a grande maioria dos roteiristas e cineastas não conheça as noções mais básicas da neurociência, eles sabem como lidar com a mente do espectador. É o que garante Bezdeck, pois entende que, ainda que intuitivamente, “os grandes cineastas sabem controlar a mente do espectador mesmo sem entender os mecanismos biológicos por trás dela”.

Também é necessário levar em conta os avanços que foram feitos nos últimos anos em matéria narrativa. Hoje em dia, nem mesmo os protagonistas estão protegidos de qualquer morte ou assassinato. Tal e como certas séries como Game of Thrones demonstraram, qualquer personagem amado pelos espectadores pode ter uma morte horrível. Dessa forma, a intriga do thriller cresce, alimentando nosso cérebro com enormes quantidades de endorfinas e dopamina.

Hitchcock já dizia: “qualquer um gosta de um bom crime, desde que não seja a vítima”. E no caso dos thrillers, a intriga desempenha um papel fundamental para envolver completamente o nosso cérebro na história.


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