Raymond Cattell e sua teoria da personalidade

Raymond Cattell e sua teoria da personalidade
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 17 outubro, 2018

Raymond Cattell nasceu na Inglaterra no começo do século XX. Mais velho, sua trajetória profissional faria deste inglês um dos teóricos da personalidade mais importantes na história da psicologia. Suas contribuições foram decisivas na chamada Teoria dos Traços de Personalidade e tiveram aplicação prática em um teste que leva seu nome.

Embora Raymond Cattell tenha estudado inicialmente química, começou a se interessar pela psicologia após se formar. Foi professor na Universidade de Illinois por 30 anos e na Universidade do Hawaii por 20. Também foi um pesquisador incansável do comportamento humano e o fundador do Institute for Personality and Ability Testing (IPAT).

Raymond Cattell definiu 16 aspectos básicos da personalidade

Cada um deles foi identificado com uma letra. Seu teste foi criado a partir destes traços básicos, embora hoje em dia seja utilizado com diferentes propósitos. Vejamos quais são os fatores de personalidade definidos por este incrível teórico.

A psicologia é um campo complicado, na qual inclusive diversas autoridades andaram em círculos, descrevendo coisas que o mundo conhece com palavras que ninguém entende.”
– Raymond Cattell –

Fatores A, B, C e E na teoria de Raymond Cattell

Os fatores A, B, C e E na Teoria da Personalidade de Raymond Cattell correspondem a afetividade, raciocínio, estabilidade e dominância. A afetividade, de acordo com sua teoria, representaria o grau de contato que uma pessoa estabelece com outros indivíduos.

O raciocínio teria a ver com a capacidade intelectual. Nesse sentido, quanto mais profundo e bem-sucedido for o pensamento abstrato de um indivíduo, mais inteligente dizemos que ele é.

Por sua vez, a estabilidade faz referência à capacidade de adaptação na teoria de Raymond Cattell. Corresponde à habilidade das pessoas de não se deixar perturbar por estímulos do meio no qual vivem, junto da disposição e da capacidade de compreender e se apropriar de tais estímulos.

A dominância é o grau de autonomia ou submissão de uma pessoa. Nesse sentido, as pessoas mais dominantes costumam ser competitivas, agressivas e seguras de si mesmas. As menos dominantes são mais frágeis e se subordinam com mais facilidade aos outros.

O quebra-cabeça da personalidade humana

Os fatores F, G, H e I

Os fatores F, G, H e I correspondem a impulsividade, conformidade de grupo, ousadia e sensibilidade. Cattell relaciona a impulsividade com a espontaneidade e a expressividade. Quanto mais impulsiva for uma pessoa, mais entusiasta seria. Quanto menos impulsiva, mais prudente, reservada e pessimista.

Para Raymond Cattell, a conformidade de grupo se refere ao grau de aceitação das normas sociais que os indivíduos demonstram. Os mais conformados seriam pessoas que se tornam moralistas. As mais inconformadas seriam rebeldes ou revolucionárias.

A ousadia estaria relacionada com a capacidade de assumir riscos e agir sob pressão. Aqueles que não têm um nível alto nesta dimensão tendem a buscar o seguro e o previsível.

Por sua vez, a sensibilidade faria alusão ao predomínio dos aspectos emocionais diante dos racionais no comportamento. Uma pessoa altamente sensível se deixaria dominar por seus sentimentos. Alguém com baixa sensibilidade tende a ser realista e prático.

Teorias da personalidade

Os fatores L, M, N e O

Os fatores L, M, N e O correspondem a suspeita, imaginação, astúcia e culpabilidade. A suspeita teria a ver com o grau de confiança ou desconfiança em relação aos demais. A imaginação, por sua vez, seria a capacidade de uma pessoa para mergulhar em seu pensamento e em seu mundo interno.

O fator N, ou astúcia, se relaciona com a habilidade para analisar a realidade, identificando aqueles traços que permitam obter algo positivo dos demais. Portanto, os mais astutos seriam, também, mais calculistas e frios. Os menos astutos são sinceros, espontâneos e diretos.

O último fator, ou culpabilidade, refere-se à capacidade de uma pessoa para se responsabilizar por seus atos de uma forma realista. Aqueles que pontuam alto neste fator são pessoas que tendem a sofrer e a se culpar por tudo. Aqueles que pontuam baixo têm uma excelente opinião de si mesmos e seriam mais indulgentes.

Névoa mental

Os fatores Q1, Q2. Q3 e Q4

Os fatores Q, de 1 a 4, são rebeldia, autossuficiência, autocontrole e tensão. A rebeldia tem a ver com a abertura no caminho e a capacidade de transformar as situações. A autossuficiência está relacionada com o grau de independência pessoal.

Por sua vez, o autocontrole tem a ver com o nível de tendência que um indivíduo tem para se comportar socialmente de forma ideal. Já a tensão se refere ao grau de ansiedade experimentada por um sujeito em sua vida cotidiana.

Mulher com pensamentos confusos

Todos estes fatores são os medidos pelo teste de Raymond Cattell. As pontuações destes fatores permitem traçar o perfil de personalidade da pessoa que respondeu o teste. Atualmente esse teste é utilizado com muita frequência para a seleção de profissionais por departamentos de recursos humanos.


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