Ser bilíngue ajuda a prevenir o Alzheimer

Ser bilíngue ajuda a prevenir o Alzheimer
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Além de ter muitas vantagens sociais, psicológicas e de estilo de vida, ser bilíngue tem muitos benefícios para o cérebro. Algumas pesquisas estão encontrando dados muito interessantes, como o fato do bilinguismo proporcionar uma recuperação mais rápida de um derrame e favorecer o atraso do surgimento da demência.

De fato, cada vez mais pesquisas apontam para o bilinguismo como um meio de retardar ou prevenir a doença de Alzheimer. Nesse sentido, uma pesquisa canadense (Neuropsychologia, 2018) revela que o bilinguismo provoca mudanças na estrutura do cérebro que estão vinculados à resistência contra a doença de Alzheimer e à deterioração cognitiva leve.

Estudos anteriores encontraram dados interessantes relacionados a isso. Um deles, publicado na revista Neurology em 2013, relatou que o fato de ser capaz de falar duas línguas poderia retardar o Alzheimer em até 4,5 anos. Seus autores sugeriram então que o bilinguismo pode contribuir para o desenvolvimento de certas áreas do cérebro que controlam a função executiva, envolvendo processos psicológicos básicos, como a atenção.

Embora tais estudos tenham apontado apenas a hipótese, outro estudo posterior utilizou dados de ressonância magnética para examinar as regiões cerebrais associadas à memória conhecidas por serem afetadas na doença de Alzheimer e em sua precursora, a deterioração cognitiva leve (DCL).

De acordo com os autores, este é o primeiro estudo que não só avaliou as áreas cerebrais responsáveis pela linguagem e pela cognição, mas que também estabeleceu um vínculo entre a aparência dessas áreas e o funcionamento da memória em um grupo de pessoas com doença de Alzheimer.

O bilinguismo ajuda a prevenir o Alzheimer

O bilinguismo pode combater os danos cerebrais

Para o experimento, os pesquisadores examinaram os cérebros e função de memória de:

  • 34 participantes multilíngues com deterioração cognitiva leve (DCL).
  • 34 participantes monolíngues com DCL.
  • 13 participantes multilíngues com a doença de Alzheimer.
  • 13 participantes monolíngues com a doença de Alzheimer.

Cabe destacar que os pesquisadores observaram os chamados lobos temporais médios, que são fundamentais na formação da memória, juntamente com as áreas frontais do cérebro. Os pesquisadores explicam que, nas áreas relacionadas ao controle cognitivo e à linguagem, tanto os pacientes multilíngues com DCL quanto os que sofriam da doença de Alzheimer tinham um córtex mais espesso do que os pacientes monolíngues. Os resultados foram replicados em grande medida em participantes canadenses nativos com DCL, descartando a imigração como um possível fator de confusão.

Assim, este estudo apoia a hipótese de que falar dois idiomas é um fator de proteção em regiões cerebrais específicas e pode aumentar a espessura cortical e a densidade da massa cinzenta. Além disso, essas descobertas são ampliadas ao demonstrar que essas diferenças estruturais podem ser vistas nos cérebros de pacientes multilíngues com Alzheimer e deterioração cognitiva leve.

Além disso, os resultados contribuem para a pesquisa que indica que falar mais de um idioma é um dos fatores do estilo de vida que melhoram a reserva cognitiva, uma espécie de caixa na qual é depositada a capacidade do cérebro para enfrentar um desafio com base no conhecimento de formas alternativas de completar uma tarefa.

Idiomas estrangeiros

Benefícios de ser bilíngue para o cérebro

Queremos fazer uma menção especial aos benefícios do bilinguismo para o cérebro para entender mais profundamente por que ele é tão importante:

  • O bilinguismo ajuda a prevenir a demência. Os adultos bilíngues com Alzheimer demoram duas vezes mais para desenvolver sintomas do que outros adultos monolíngues. A idade média para os primeiros sinais de demência em adultos monolíngues é de 71,4, e para bilíngues é de 75,5.
  • O bilinguismo favorece a concentração nas tarefas. As pessoas bilíngues demonstram uma maior concentração em suas tarefas em relação aos monolíngues. Eles são mais capazes de se concentrar em informações relevantes.
  • O bilinguismo ajuda a alternar entre tarefas. Os bilíngues são especialistas em alternar entre dois sistemas na escrita e na estrutura, o que os torna bons em multitarefa.
  • O bilinguismo melhora as habilidades cognitivas. As pessoas bilíngues têm mais conexões cognitivas mais agudas e mantêm seu cérebro alerta e ativo mesmo quando apenas um idioma é utilizado.
  • O bilinguismo aumenta a densidade da massa cinzenta. A massa cinzenta é responsável pelo processamento da linguagem, do armazenamento de memória e da atenção. As pessoas bilíngues têm uma massa cinzenta mais densa em comparação com as pessoas monolíngues.
  • O bilinguismo melhora a memória. Aprender um idioma estrangeiro envolve memorizar regras e vocabulário. Este exercício mental melhora a memória geral, tornando os bilíngues melhores em lembrar listas e sequências.
  • O bilinguismo melhora as habilidades de tomada de decisão. As pessoas bilíngues tendem a tomar decisões mais razoáveis. Além disso, são mais seguras de suas escolhas depois de pensar em seu segundo idioma.
  • O bilinguismo melhora o conhecimento do próprio idioma. O segundo idioma foca a gramática e a estrutura das frases, o que torna os falantes bilíngues mais conscientes da linguagem em geral. Aprender um idioma estrangeiro torna os falantes comunicadores, editores e escritores mais eficazes.

Como acabamos de ver, ser bilíngue tem muitos benefícios além dos que podem parecer óbvios, como melhorar o currículo ou ser capaz de se comunicar efetivamente quando viajamos para o exterior ou recebemos pessoas de outros países. Não há dúvida de que vale a pena tentar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.