O que é a síndrome de Frankenstein?

O que é a síndrome de Frankenstein?
María Prieto

Escrito e verificado por a psicóloga María Prieto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A síndrome de Frankenstein faz referência ao medo de que as criações realizadas por seres humanos se voltem contra eles próprios, destruindo assim a humanidade. O livro de Mary Shelley, publicado em 1818, reconhece essa inquietude desde lá. “Você é meu criador, mas eu sou seu senhor” disse o monstro a Victor Frankenstein ao final da obra. Seu trabalho acaba se voltando contra ele e o destruindo.

Frankenstein, personagem literário, é considerado o monstro que só herdou o sobrenome do seu criador. De resto, ele foi criado de retalhos de corpos humanos, nasceu contra a sua vontade, sem um útero que o tivesse carregado, mas assumiu sua existência e tentou viver em um mundo que o rejeitou. É daí que vem o nome da Síndrome de Frankenstein.

Síndrome de Frankenstein, quando nossa criação se rebela

Essa síndrome está relacionada, obviamente, com a obra de Shelley, em que o médico quis se comportar como um criador, brincar de ser Deus. Suas aspirações iniciais como médico sofreram um desvio, de modo que ele acabou perseguindo objetivos que iam além de manter e cuidar da vida.

O nome do médico é hoje um símbolo da ciência que foge dos seus objetivos ao pisar em terrenos incertos e pantanosos, que podem atentar contra o ser humano e a continuidade da vida da forma como a conhecemos hoje.

O que é a síndrome de Frankenstein?

Não é segredo para ninguém que o desenvolvimento digital, a manipulação genética e a clonagem têm alcançando um progresso exponencial nas últimas décadas. Mesmo que a sociedade se veja cada vez mais familiarizada com todos esses avanços e essas evoluções, ainda é difícil assimilar as mudanças contínuas e as possibilidades que estão nos esperando no futuro.

O novo pode gerar rejeição, especialmente quando ele afeta diretamente a nós mesmos, os humanos. A existência de uma tecnologia capaz de modificar a evolução natural dos seres vivos é abominável para muitos por causa de suas convicções ideológicas. Um dos motivos é que isso também gera incerteza sobre o que pode ocorrer com essas criações no futuro.

A clonagem, um dos pontos de partida da síndrome de Frankenstein

A clonagem da ovelha Dolly fez com que a sociedade se abrisse para o debate sobre a possibilidade de clonar pessoas. Se pensarmos em um nível técnico, acreditamos que sim, é possível clonar um ser humano. No entanto, cabe destacar que também há uma questão ética que se faz muito presente.

Quando falamos de clonagem humana, os debate éticos que podem surgir se tornam quase infinitos. O primeiro experimento de clonagem de embriões humanos gerou muita rejeição por parte de órgãos políticos e religiosos de todo o mundo.

Os responsáveis pela experiência defenderam o avanço científico ao assegurar que a ideia não é simplesmente criar humanos, mas que existe uma finalidade terapêutica no procedimento. A clonagem terapêutica conta com o apoio da maior parte da comunidade científica internacional, que confia que esse poderá ser um tratamento com muito potencial contra as doenças crônicas como o câncer, o Alzheimer, o Parkinson ou a diabetes, entre outras.

A manipulação genética

A genética é uma das ciências que mais tem avançado nos últimos anos. Os especialistas em evolução genética insistem que existe uma necessidade de diferenciar entre a manipulação genética em função do fim que ela persegue: a que se dá com o objetivo de curar ou prevenir doenças e a que teria como finalidade “melhorar a espécie humana”.

É óbvio que, como qualquer tecnologia, a manipulação genética não deixa de oferecer alguns riscos. É verdade, no entanto, que a manipulação genética praticada em um bom número de espécies até então – humanos estão incluídos – está quase sempre pensada para melhorar nossa qualidade de vida minimizando riscos. Alguns objetivos são combater doenças, conseguir alimentos ou produtos necessários para os homens ou melhorar o conhecimento científico.

Pesquisas científicas para curar doenças

Os avanços tecnológicos e o medo da síndrome de Frankenstein

A tecnofobia inclui termos temidos por alguns de nós, como a guerra cibernética, máquinas que se apoderam de nossas vidas, falta de privacidade nas redes sociais, etc. O medo das mudanças é algo inerente ao ser humano; nós nos acostumamos a viver de um modo determinado e de repente as coisas mudam ou as regras mudam, mas na verdade o ser humano se adapta às mudanças que se apresentam a ele.

Os avanços tecnológicos são uma parte inseparável das nossas vidas hoje em dia. Claro que também temos que reconhecer que esses avanços nem sempre são perfeitos. De fato, há ocasiões em que o medo diante das possibilidades que surgem é completamente justificado, já que nunca saberemos em nome de quem estão sendo feitas as mudanças, e para que serve o novo poder conquistado. No entanto, deste medo até a síndrome de Frankenstein ainda há uma grande distância.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.