Sintomas: o que você não conseguiu dizer

Os sintomas nos falam sobre conflitos não resolvidos e necessidades não satisfeitas. Quer saber mais sobre como melhorar essa relação com seu corpo?
Sintomas: o que você não conseguiu dizer
Angela C. Tobias

Escrito e verificado por a psicóloga Angela C. Tobias.

Última atualização: 29 novembro, 2022

O sintoma, nas concepções mais humanistas, é o mensageiro do desconforto. Teria a função de fazer vir à tona nossos conflitos mais inconscientes para que possamos verbalizá-los. Agora, quais são esses tipos de sintomas e como eles se relacionam com nosso corpo?

Neste texto, aproximamos você de um conceito mais inclusivo de saúde mental e física, que busca enxergar a parte mais holística do sintoma. Além disso, damos a você uma introdução sobre como ler esses sinais do corpo no dia a dia e nos conhecer melhor. Você está pronto para ouvir o que seu corpo tem a dizer?

mulher com ansiedade
Os sintomas enviam mensagens sobre como estamos.

O conceito de sintoma como conflito não resolvido

Compreender o sintoma é uma das prioridades das atuais terapias humanistas ou psicanalíticas. A partir desse referencial teórico, o sintoma é entendido como uma alteração do organismo subjacente a um desconforto.

O sintoma é o indicador de um conflito subjacente, às vezes muito sutil e outras vezes tremendamente alto. Nervosismo, insônia ou pequenos rituais podem ser testemunhas de um conflito interno. De alguma forma, eles tentam se comunicar com nossa mente consciente para nos informar que algo que requer nossa atenção está acontecendo.

Ao contrário de outras correntes comportamentais que se baseavam diretamente no alívio do sintoma através de diferentes técnicas, esse tipo de orientação investiga suas raízes. O sintoma é entendido como algo secundário, como a parte visível de um conflito submerso e o ponto de partida para investigar a profundidade das feridas e relacionamentos infantis.

O inconsciente nos sintomas

A corrente psicodinâmica foi a primeira a forjar conceitos como inconsciente e colocá-lo em primeiro plano na psicoterapia, deixando o sintoma como indicador de desconforto. Seguindo a metáfora do iceberg de Sigmund Freud, o sintoma constitui a parte visível do conflito, enquanto a base e a maior parte da ferida emocional está submersa em nosso inconsciente.

Um paciente pode ir à terapia com um sintoma, como ansiedade, insônia ou doenças corporais. Nesse processo terapêutico, o paciente é orientado a descobrir qual é a mensagem implícita daquele sintoma. Ou seja, descobrir o que nosso corpo quer nos dizer com esse desconforto. Assim, postula-se que justamente o aparecimento de sintomas como a ansiedade se deve à falta de escuta interna do paciente em relação às suas necessidades. Quanto mais tempo durasse esse “não ouvir”, mais crônico e ruidoso seria o próprio sintoma.

Sintomas e sensações corporais

Algumas correntes de psicoterapia relacionam diretamente os conflitos com o corpo. Por exemplo, sentimos angústia e é comum ter a sensação de ter um nó na garganta. Ou, no caso das crianças, por exemplo, é muito comum transformar a tristeza e a ansiedade em dores de estômago ou de cabeça.

A diferença entre mente e corpo não é clara e, a nível teórico, muitas vezes pode limitar a compreensão geral da saúde mental e geral. Da psicologia humanística e biodinâmica, levanta-se o impacto que certos eventos têm no corpo, especialmente quando são sustentados ao longo do tempo. Revisamos algumas somatizações que frequentemente aparecem na terapia.

  • Rigidez muscular. Isso aparece, por exemplo, quando ficamos com medo; é um mecanismo natural do corpo. Esse evento prolongado no tempo, além de causar um estado contínuo de ansiedade, também alteraria nossa postura corporal, criando, por exemplo, uma contratura ou problema muscular.
  • Tonturas, instabilidade e parestesias. Eles são alguns dos sintomas mais comuns produzidos em ataques de pânico. O medo excruciante e a sensação de perigo iminente que se repetem ao longo do tempo podem nos fazer sentir vontade de cair e até desmaiar.
  • Problemas gastrointestinais. É uma somatização habitual de pessoas que têm dificuldade em expressar suas emoções ou conseguir catalisar gradualmente suas angústias de forma positiva. O estresse é uma das causas mais comuns de problemas gástricos, como acidez estomacal ou úlceras.
mulher com ansiedade
O sintoma como conflito seria um paralelismo entre febre e infecção. O sintoma é aquela febre incômoda que nos causa desconforto, porém devemos descobrir qual é a infecção subjacente para atuar no foco.

As palavras que não são ditas, gritam no corpo

Os sintomas são a parte mais marcante de um conflito mais silencioso, segundo as correntes humanísticas e dinâmicas. Os sintomas são algo como os gritos do nosso corpo, que não encontrou outra forma eficaz de ser ouvido.

Esta concepção do sintoma está em sintonia com uma visão mais global da mente e do corpo, da saúde num sentido mais global. Assim, nossas emoções influenciam diretamente nossas posturas corporais, respiração ou formas de digerir os alimentos. Uma situação prolongada de estresse pode levar nosso corpo a adoecer.

Tudo o que não conseguimos expressar ou não conseguimos compreender e integrar afeta todo o funcionamento do nosso corpo e mente. O sintoma é a forma de nosso corpo nos pedir para ser ouvido e agir de acordo com suas necessidades. O sintoma, mesmo que doa e queiramos por todos os meios que desapareça, vem nos trazer uma mensagem.


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