Ter ou não ter filhos?

Ter ou não ter filhos?

Última atualização: 19 setembro, 2017

Até pouco tempo atrás, pensava-se que todo mundo queria encontrar um companheiro e ter filhos. Isto veio mudando de forma radical. No Ocidente, a decisão de não ter descendência se transformou em uma tendência. São muitos os homens e mulheres que não querem ou preferem não ter filhos.

Os motivos que defendem os que participam desta tendência são muitos. Vão desde um desejo pessoal até a ideia de que trazer novas vidas contribui para o desequilíbrio social e ecológico do mundo. Seja como for, o fato é que cada vez o tabu é menor em torno dessa decisão, e isso se aplica a praticamente todas as sociedades do mundo.

“Estes são tempos difíceis. Os filhos não obedecem aos pais e todo mundo escreve livros”.
-Cicerón-

O resultado desta opção que veio ganhando adeptos se mostra de forma clara nas pirâmides de população da maioria dos países desenvolvidos: estamos entrando em um mundo onde cada vez existem mais idosos a e menos jovens.

Em alguns países a taxa de nascimentos é muito inferior à de vinte anos atrás. Isto, junto com o aumento da expectativa de vida, nos fala de sociedades envelhecidas. Será que isto é o ideal para o mundo? A decisão de não ter filhos corresponde a uma lógica responsável ou não é mais do que uma enorme demonstração do egoísmo que impera hoje em dia? Este panorama é um efeito da crise dos casais?

A decisão de não ter filhos

Muitos pensam e defendem com argumentos que ter filhos tira a liberdade e provoca complicações. A criação exige um tempo que muitas pessoas não estão dispostas a investir. Para eles, ter um filho e educá-lo não tem nada de interessante e, em vez disso, tem muito de extenuante. Aparentemente, somente a profissão e a vida social são suficientes para dar sentido à vida, ou os filhos não valem a pena pelo investimento que implica a sua educação responsável.

Mulher com beija-flor colorido

Segundo uma pesquisa realizada na Europa e chamada de ‘Childlessness in Europe‘ (2015), os motivos para não ter filhos são, na sua maioria, profissionais. Contudo, também contam motivos financeiros, as experiências anteriores de relacionamentos ruins com os progenitores e/ou o medo de transmitir doenças hereditárias.

Outra pesquisa da Federação da Família na Finlândia aponta que nos últimos anos as dificuldades econômicas têm se transformado na principal razão para não ter descendência. A precarização profissional e a incerteza diante do futuro interferem para que essa percepção tenha sido ampliada.

Por outro lado, com relação à pergunta sobre quem é mais feliz: os que decidem ter filhos ou os que não, a Universidade de Western Ontario no Canadá concluiu que não há uma resposta definitiva. Aparentemente o assunto está muito relacionado à idade. Para os mais jovens, ter filhos diminui o seu grau de felicidade. Para os maiores de 30 anos, ao contrário, a percepção é neutra. E para os maiores de 40 anos, um filho é uma grande fonte de alegria.

Uma decisão que responde a muitos fatores

Não existe uma resposta generalizada à pergunta sobre ter filhos ou não. Cada pessoa e especialmente cada casal deve tomar a sua própria decisão. Uma coisa é verdade: é importante refletir a respeito e procurar não se enganar. Os efeitos de ter um filho sem desejá-lo podem ser verdadeiramente devastadores. E ao contrário, frustrar o desejo de ser pai ou mãe eventualmente cria um enorme vazio existencial.

Ter filhos é uma grande aventura

Quase nunca as condições são perfeitas para procriar. O ideal é que exista um casal estável, com renda suficiente, que conte com tempo disponível e um desejo explícito de ser pais. É muito difícil que todas estas variáveis estejam presentes ao mesmo tempo. Contudo, isso não significa que seja impossível fazer ajustes e adaptações para receber uma nova vida. De fato, estes ajustes sempre se fizeram: as famílias numerosas, comuns alguns anos atrás, eram capazes de sobreviver com menos recursos.

Mesmo assim, é importante saber de onde provém o desejo de ter um filho. Em alguns caos vem de uma percepção ou interesse equivocado. Sobram os casais em conflito que podem se enganar com a ideia de que um filho irá melhorar o relacionamento ou colocar fim às suas discussões. Também há quem sinta frustração com a sua própria vida e queira ter descendência para que esta alcance as conquistas que eles não puderam alcançar. Em ambos os casos as possibilidades de fracasso são muitas.

Cada vez temos mais liberdade para tomar decisões sobre com quem e como definir a nossa própria família. Este é um grande avanço. Contudo, é uma situação que também dá origem a novas angústias e incertezas. O importante neste, como em outros casos, é cultivar a nossa capacidade para ouvir a mensagem que habita no fundo do nosso coração.

Neste sentido, ter um filho sempre será um desafio. A educação e a criação de uma nova vida ou de várias não é um processo simples: implica enfrentar diversos desafios sociais, naturais e, principalmente, os que apresentam os próprios filhos. Contudo, neste desafio existem sem dúvida infinitas razões escondidas para crescer e, por que não, aproveitar também.


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