3 coisas que não devemos fazer quando estamos ansiosos
Há algumas coisas que não devemos fazer quando estamos ansiosos. Dizemos a nós mesmos: “acalme-se, relaxe e se sentirá melhor”. Conseguiremos nos acalmar por alguns minutos, mas em seguida, esse terrível inimigo retornará para nos tirar o ar e o ânimo. Isso ocorre porque a ansiedade não é uma doença, mas um sintoma, o eco de um problema generalizado, profundo e sem forma que precisa ser esclarecido e gerenciado.
Todos nós conhecemos essa sensação. Em geral, começa com uma pressão no peito, como se o demônio da famosa pintura de Heinrich Füssli, “O pesadelo”, viesse para nos tirar a energia vital. Mais tarde sentiremos dor muscular, dor de cabeça, problemas digestivos e insônia.
“A ansiedade com medo e o medo com ansiedade contribuem para roubar do ser humano a sua capacidade mais essencial: a reflexão”.
– Konrad Lorenz –
Além disso, não podemos esquecer que os sintomas físicos se intensificam cada dia mais por essa combinação letal que forma os pensamentos distorcidos: os pensamentos negativos e a sensação de ameaça constante. Não importa se não estamos realizando nenhuma atividade ou se estamos de férias: se a nossa mente está presa nesse túnel escuro, de medos e pensamentos catastróficos, não adianta tentar relaxar.
Nesses estados, onde a pessoa é incapaz de raciocinar com clareza, há muitas coisas que não serão úteis, mesmo que acreditemos nisso. Nós podemos fazer ioga, podemos pintar mandalas, podemos ouvir música e sair para caminhar. Sem dúvida, todas essas atividades são positivas, são relaxantes e trazem benefícios. Mas, são benefícios temporários que não dão solução ao problema original.
Na verdade, o sucesso do tratamento dos processos de ansiedade reside numa abordagem multidisciplinar. O relaxamento é muito terapêutico, bem como o apoio dos familiares, o esporte e uma dieta equilibrada. No entanto, também precisamos de uma estratégia cognitivo-comportamental que nos ajude a reformular certas coisas e fazer mudanças.
Vejamos abaixo como enfrentar esta realidade da melhor maneira possível começando por algumas coisas que não devemos fazer quando estamos ansiosos. São dimensões que, por mais que nos surpreendam, não ajudam no tratamento da ansiedade ou a afastá-la definitivamente.
Coisas que não devemos fazer quando estamos ansiosos
1. Quando algo me preocupa eu aprendi a não fugir ou escapar disso
Ana trabalha em uma grande empresa. Ela chega todos os dias às 8 da manhã, no entanto, há algumas semanas começou a chegar atrasada. O curioso é que sai de casa no horário devido, mas quando está prestes a entrar na rodovia que a levará ao seu local de trabalho, retorna e vai para uma cafeteria. Lá, ela toma um chá e diz a si mesma que durante uma hora não pensará em nada: só quer relaxar.
Como podemos deduzir a partir deste pequeno exemplo, o que a nossa protagonista faz é “fugir” da raiz do problema. Ela se sente incapaz de ir trabalhar. Assim, o que pode começar com um atraso no seu horário de entrada, pode acarretar um baixo rendimento no trabalho porque a pressão, o medo e a ansiedade farão com que seja incapaz de cumprir a sua responsabilidade.
Qual é a maneira correta de agir nesses casos?
Essas reações são completamente normais por um motivo muito simples: quando o nosso cérebro sente uma ameaça, desencadeia a liberação do cortisol para preparar nosso corpo para a fuga ou luta.
- O problema com a evitação é que ela piora a ansiedade ao longo do tempo, ela acaba se tornando maior.
- Do mesmo modo, quando repetimos esse comportamento de fuga, nos vemos como pessoas incapazes de lidar com a situação. Portanto, esse medo se torna ainda mais ameaçador.
- Em vez de fugir, evitar ou nos distrairmos com outras coisas para não pensar sobre o que nos preocupa, uma estratégia útil nesses casos é racionalizar a situação através de perguntas que começariam com um “o que aconteceria se…?”
-O que aconteceria e eu dissesse ao meu chefe que não gosto disso e daquilo?
-O que aconteceria se o meu chefe me desse razão e a minha situação no trabalho melhorasse?
-O que aconteceria se eu perdesse o meu emprego?
-O que aconteceria se eu dedicasse todos os meus esforços para encontrar um emprego que correspondesse ao meu potencial?
2. Não devo alimentar os pensamentos ruminantes
A preocupação constante e obsessiva é o componente cognitivo da ansiedade. Um dos seus piores efeitos colaterais é nos roubar a capacidade de reflexão, o poder de analisar as coisas calmamente através de perspectivas mais lógicas e úteis. Por isso, é necessário levar em conta estas dimensões:
- Quando algo me preocupa, me assusta ou me incomoda, a mente tem a tendência natural de criar um epicentro caótico com todos esses focos negativos. Aos poucos, surgem as emoções negativas e essa sensação de ameaça intensificará ainda mais a preocupação.
- Uma maneira de parar esse círculo vicioso ou essa serpente que morde a própria cauda é tomar consciência da situação e parar com isso.
- Nestes casos, são muito importantes os exercícios de relaxamento progressivo, bem como a respiração diafragmática. No entanto, devemos lembrar que eles são úteis para aliviar os sintomas como a tensão muscular e a agitação interna.
- Somente quando percebermos que o nosso corpo está mais relaxado e a mente mais clara, começaremos a quebrar o ciclo do pensamento negativo para encontrar novas opções. Nos faremos algumas sugestões, nos concentraremos no presente em vez de anteciparmos coisas que ainda não aconteceram.
Para vencer o demônio da ansiedade no nosso dia a dia, podemos estabelecer metas simples, lógicas, positivas e de curto prazo. Além disso, usaremos um diálogo interno que, em vez de ser seu inimigo, atue como um aliado.
3. Negar a ansiedade ou querer apagá-la completamente não faz sentido
Precisamos compreender que não faz sentido querer apagar a ansiedade das nossas vidas. Ela sempre estará lá, porque ela faz parte do ser humano, e por mais curioso que possa parecer, também é útil para a nossa sobrevivência e para nos adaptarmos ao ambiente onde vivemos.
Para entender melhor, reflitam por um momento sobre essas ideias:
- Podemos conviver com a nossa ansiedade se não a transformarmos em nossa inimiga.
- A melhor maneira de lidar com a ansiedade é permitir que ela fique conosco, mas observando-a de perto, controlando-a e antecipando os seus gatilhos. Se não o fizermos, ela assumirá o controle automaticamente sem que percebamos.
- Perceberemos que a nossa ansiedade é negativa quando ela está bloqueando e limitando a nossa vida, afetando de alguma forma, por menor que seja, os nossos relacionamentos e o desempenho no trabalho.
Por sua vez, a ansiedade positiva pode atuar como um autêntico artesanato psicológico. É ela quem nos convida a melhorar, a antecipar os riscos para resolvê-los da melhor forma, a ver as oportunidades para aproveitá-las com todo o nosso potencial, a nos libertar da preguiça e da passividade para nos transformarmos em seres capazes de conquistar os nossos objetivos.
Como vimos, não há uma única maneira de lidar e gerenciar a ansiedade; existem muitos caminhos. No entanto, tudo começa pela compreensão de que a ansiedade é a mente querendo ir mais rápido do que a vida. Vamos diminuir um pouco o nosso ritmo e começar a conversar com nós mesmos.