A felicidade é um estado mental

A felicidade se transformou em um objetivo valioso na sociedade em que vivemos. No entanto, por mais que nos esforcemos, parece que ela sempre escapa do nosso alcance.
A felicidade é um estado mental
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Os livros e palestras fazem parte de uma completa e enviesada vitrine com diferentes fórmulas para alcançar a felicidade estruturadas ao redor de constantes difusas. Muitos compartilham o mesmo erro: situam a felicidade fora de nós.

Então, diante deste panorama, surge uma pergunta, por que é preciso existir uma ideia compartilhada de felicidade? Uma definição que sirva para mim, para o meu vizinho e para as pessoas que estão do outro lado do planeta?

A felicidade não deixa de ser sensível às circunstâncias e, portanto, à individualidade. Talvez seja melhor falar de formas complicadas de sermos felizes, de sonhos que idealizamos muito e, quando desaparecem, deixam um enorme vazio.

Escadaria nas nuvens

A felicidade é um estado mental; buscá-la fora de si é um erro

Tudo ao nosso redor nos faz buscar a felicidade fora de nós. Ou seja, se comprarmos um carro novo, seremos felizes; se tivermos um parceiro, nos sentiremos extremamente realizados, por exemplo. A publicidade só reforça esta ideia. O perigo é que talvez estejamos falando de alegria, e não de felicidade.

A felicidade parece mais um estado, algo que tem a ver com o que permanece e não com o que se dissipa mais rápido do que as bolhas do champanhe. Um eco que sobrevive às emoções; que aconteça o que acontecer, nos acompanha. Talvez estejamos falando de uma habilidade para juntar as peças do que acontece conosco, de forma que aprendemos e nos sentimos bem.

“Incapazes de encontrar a felicidade em nós mesmos, a buscamos desesperadamente em objetos, em experiências, em formas de pensar ou de se comportar cada vez mais estranhas. Em poucas palavras: nos afastamos da felicidade procurando onde não existe.”
-Matthieu Ricard-

O poder dos nossos pensamentos

Se a felicidade é um estado mental, então nossos pensamentos são os atores principais. Um elenco que, motivado por emoções ou pelo que nos acontece, nem sempre interpreta um roteiro favorável aos nossos interesses. No entanto, o positivo disso é que nós podemos intervir neste roteiro. Para isso, nós só precisamos observá-los. Assim, pode ser importante praticar meditação.

Identifiquemos a grande quantidade de pensamentos automáticos que temos em um dia e que são queixas, julgamentos, reclamações, autocríticas, etc. Ser consciente disso é muito revelador. Descobriremos ou re-descobriremos uma parte de nós que podemos ter esquecido ou que, talvez, nunca tenhamos reparado que existia.

Se virmos um erro como uma oportunidade, uma demissão como uma empurrãozinho para mudar de emprego (algo que sempre quisemos fazer), estaremos dando um grande passo em direção ao estado de felicidade. Ou seja, o ato de favorecer os pensamentos positivos acima dos negativos é o segredo.

Compartilhar a felicidade

Sentir-se bem não quer dizer que não existam pensamentos negativos em nossa mente; significa que ela será um lugar mais difícil de sobrevivência para estes pensamentos negativos.

Aquele que é considerado “o homem mais feliz do mundo”, Matthieu Ricard, explica que podemos pensar no mar para entender esta questão. Embora sua superfície seja alterada pelo vento ou por uma forte sucessão de ondas, lá embaixo ele permanece calmo.

“Refiro-me à felicidade como uma profunda sensação de florescimento que surge de uma mente excepcionalmente sã. Isso não é uma mera sensação prazerosa, uma emoção fugaz ou um estado de humor; e sim o melhor estado de ser. A felicidade também é uma forma de interpretar o mundo, já que embora seja difícil mudar o mundo, sempre é possível mudar a forma como o vemos”.
-Matthieu Ricard-

Muitas pessoas entendem a felicidade como bem-estar, outras como equilíbrio. Não como algo momentâneo, mas algo mantido no tempo. Mas, para que isso seja possível, temos que encontrar nossa própria definição de felicidade, vesti-la de forma inteligente, com bagagens que comportem nossos desejos.

Em resumo, afastar-nos das “verdades sobre a felicidade” que a publicidade tanto enfatiza pode abrir um grande espaço diante de nós, no qual podemos decidir o que queremos que se instale ali. Mais do que comprar ou adquirir, trata-se de escolher com sabedoria.


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