A lenda do lobo Astur, uma história sobre o equilíbrio
O lobo Astur é uma lenda dos Inuit, isto é, dos esquimós que vivem no norte do Canadá e na Groenlândia. Como sabemos, a região do Ártico é um território extremamente difícil. Quem mora lá precisa enfrentar a natureza bravamente para sobreviver. Por isso, essa lenda é uma história sobre o equilíbrio que deve existir entre o homem e o seu ambiente para manter a vida no planeta.
Esta história conta que Kaila era o deus dos céus para os Inuit. Ninguém tinha mais poder do que ele. Os céus governam as águas, o fogo e a terra. Portanto, Kaila era o verdadeiro soberano. Este deus decidiu criar o homem e a mulher ao mesmo tempo para povoar a Terra. Em princípio, ambos estavam completamente sozinhos, mas também eram totalmente livres.
O homem e a mulher viram que tudo estava desabitado e ficaram perplexos. Kaila então confiou à mulher a tarefa de povoar a Terra e ser a guardiã da vida. Em seguida, ele lhe disse que ela teria que abrir um buraco no gelo. Quando o fez, dali começaram a sair todos os tipos de animais para acompanhar o ser humano. O último a sair foi o alce ou caribu.
“A natureza não faz nada incompleto ou nada em vão”.
– Aristóteles –
Uma história sobre o equilíbrio inicial
A lenda do lobo Astur conta que o homem e a mulher ficaram muito felizes em ver os novos seres que compartilhariam a terra com eles. Então, o deus Kaila disse algo importante para a mulher. Ele disse que o alce ou caribu, o último dos animais a sair, era um presente importante dos deuses. Acrescentou que esse animal lhes forneceria alimento com a sua carne e abrigo com a sua pele. “Ele alimentará você e a sua família”, destacou.
Desde então, o alce se tornou o bem mais precioso para os Inuit. A sua carne os nutria como nenhuma outra. A sua pele lhes permitia confeccionar roupas e tendas para se proteger do frio inclemente. Além disso, havia muitos alces. Então, assim que aprenderam a caçá-los, a sua vida se tornou muito mais confortável.
Os alces se multiplicavam sem cessar, por ordem da mulher. Kaila havia lhe concedido esse poder inicialmente. Quando o homem e a mulher tiveram filhos, eles os ensinaram a caçar esses animais. Os rapazes sempre queriam ficar com os maiores e mais gordos. Dessa forma, haveria mais alimento e mais abrigo para todos. Assim, reinava uma grande harmonia no mundo.
A importância do equilíbrio
De acordo com essa história sobre o equilíbrio, os humanos caçaram tantos alces grandes e fortes que, de repente, apenas os piores espécimes sobreviveram. Somente os menores e os mais fracos sobreviveram à caça, razão pela qual o homem e a mulher começaram a se preocupar.
Logo, eles não tiveram outra escolha senão consumir a carne e a pele desses espécimes magricelas. No entanto, a carne não tinha um bom sabor e a sua pele mal dava para uma peça de roupa.
Foi assim que se seguiu um período de fome. Nenhum dos outros animais era capaz de satisfazer as necessidades dos seres humanos. Os seus filhos começaram a perder peso, experimentando uma fome anteriormente desconhecida.
A lenda do lobo Astur: um apelo desesperado
A lenda do lobo Astur conta que, nessa situação, a mulher não teve outra escolha a não ser levantar os olhos para o céu e pedir ajuda a Kaila. O deus estava um pouco chateado. “Eu lhe dei os melhores presentes”, disse ele. “Mas você os desperdiçou”, acrescentou. Mesmo assim, ele prometeu ajudá-la.
Dizem que Kaila pensou que a melhor coisa era falar com Amarok, dono e senhor dos lobos, que por sua vez eram seres maravilhosos. Kaila pediu que ele entregasse um grupo de lobos para os humanos. Até então, esses animais habitavam apenas o reino dos deuses. Amarok entendeu a situação e presenteou os humanos com uma matilha de lobos.
Os lobos chegaram às planícies congeladas e se esgueiraram até os alces que pastavam despreocupados. No entanto, quando os lobos se aproximaram, eles perceberam a sua presença. Os alces decidiram proteger os mais fracos. Os maiores formaram um círculo ao seu redor para impedir que os lobos os atacassem.
Apesar disso, os lobos atacaram e quebraram a resistência. Assim, ficaram vivos apenas os melhores exemplares, que tiveram que se reproduzir para sobreviver. Desde então, o espírito do lobo governa o Grande Reino do Norte, e a ele correspondem os alces menores. Então, quando os lobos vão caçar, os humanos os deixam em paz. Eles sabem que tudo tem um equilíbrio e que os lobos são os seus guardiões.
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- Rink, H., & del Pilar, J. J. F. (1991). Cuentos y leyendas esquimales. Miraguano.