A teoria do Yin e Yang: a dualidade do equilíbrio

A teoria do Yin e Yang: a dualidade do equilíbrio
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A teoria do Yin e Yang diz que tudo que nos cerca é composto por duas forças opostas unificadas em harmonia para favorecer o movimento e, por sua vez, a mudança. Assim, enquanto o Yin simboliza o sombrio, a água, o intuitivo e a capacidade de nutrir a vida, o Yang constitui o ímpeto, o luminoso, a expansão e o fogo.

Este conceito enraizado no taoísmo é um quadro de reflexão inegável e, por sua vez, maravilhoso. No entanto, em meio a um sugestivo jogo dialético e conceitual, onde tudo parece ter seu oposto e, ao mesmo tempo, sua outra parte complementar, há um fato evidente. Uma nuance que caracteriza a todos nós, esta sociedade moderna, avançada, brilhante e, é claro, globalizada.

A teoria do Yin e Yang não é limitada exclusivamente à filosofia chinesa; é aplicada a todos os conceitos existentes.

Atualmente, nossa visão pessoal limita-se a ver tudo que nos rodeia em termos absolutos e dicotômicos. As pessoas são boas ou más. Você é racional ou emocional. Ou está comigo ou está contra mim. Se não é inteligente, é ignorante. Felicidade é o oposto de tristeza. Se você não aprova a minha verdade, está defendendo a mentira. Por sua vez, e não menos importante, construímos uma estrutura social onde enfatizamos o Yang em quase todos os cenários.

Valorizamos o racional acima do emocional, enfatizamos a força, o dinamismo e o senso de dominação que muitas vezes enquadra as sociedades patriarcais. Esquecemos de alimentar ou cuidar da visão mais holística, da percepção capaz de ver a realidade como uma continuidade, e não como um jogo de forças onde sempre se deve prevalecer sobre o outro.

Vamos refletir sobre isso.

A teoria do Yin e Yang: o que escolhemos esconder

Todos nós sabemos reconhecer o clássico símbolo do Yin e Yang. Assim, e embora esse diagrama tenha sua origem mais remota na filosofia chinesa, pode-se dizer que essa ideia, esse conceito, tem seu testemunho em várias culturas.

Na tradição hindu, egípcia ou hebraica há também a manifestação do dual, as cores onde o dia e a noite, o masculino e o feminino, a terra e o céu, configuram a sensação de harmonia na qual o oposto é complementado e flui para dar dinamismo e significado à vida.

Por outro lado, algo sugerido pela teoria do Yin e Yang é que cada um de nós chega a esse mundo “completo”. Em nosso ser, reúnem-se capacidades, qualidades e características que, por si só, constituem uma diversidade imensamente rica e, às vezes, até contraditória. No entanto, nos percebemos com uma série de traços muito específicos, decisivos e absolutos. Por exemplo, podemos nos ver como nobres, justos e bondosos. No entanto, também esquecemos que a violência pode surgir no instante menos esperado.

Podemos nos conceber como pessoas muito ativas, mas, às vezes, também somos abraçados pela preguiça. Podemos nos sentir felizes e desesperados no mesmo dia. Somos capazes de amar e odiar ao mesmo tempo (e a mesma pessoa). Além disso, pode-se levar uma vida regida pela lógica e pelo raciocínio mais objetivo e, num dado momento, despertar, mudar. Perceber que este não é o caminho e concentrar a vida no lado mais intuitivo e emocional.

A filosofia zen oriental

Carl Gustav Jung dedicou boa parte de sua vida a estudar essa ideia. Para o psicólogo suíço, o ser humano vive em contínua contradição. Embora todos cheguemos completos a este mundo, nossa educação, o contexto ou até nós mesmos, escolhemos quais partes ocultar, negar e rejeitar.

Assim, os homens, por exemplo, escolherão esconder seu Yin, a parte feminina, o lado mais emotivo, sensível e intuitivo que deve ser relegado para fazer brilhar o Yang, o  lado mais dinâmico, conquistador, forte e enérgico. Jung explicou que o que não aceitamos, evitamos explorar ou melhorar em nós mesmos, é relegado à “sombra”. Esse ato de esconder o que não se quer assumir gera sofrimento e contradição.

“Aceite seu lado sombrio, entendendo que ele irá ajudá-lo a se mover com a luz. Conhecer ambos os lados de nossa alma nos ajuda a avançar na vida e a entender que a perfeição não existe”.
-Martin R. Lemieux-

Yin e Yang: o símbolo da transformação

A teoria do Yin e Yang é habitada por pequenas e sutis nuances tão interessantes quanto inspiradoras. Seu símbolo, com a onda central que divide o círculo, nos lembra de que a vida não é estática. Essa forma simboliza o impulso da energia, o ressurgimento da mudança e a necessidade final de nos transformarmos, de avançarmos para o crescimento constante.

Por sua vez, também podemos ver como no centro de cada parte há outro círculo menor com a cor oposta. Simboliza a semente do oposto. A teoria do Yin e Yang lembra que não devemos nos ver em termos absolutos. Não devemos ver a vida a partir do clássico prisma por meio do qual tudo é branco ou preto. No ser humano, assim como na própria vida, tudo é relativo e pode mudar num dado momento.

Yin e Yang

Nossa harmonia pessoal parte da nossa própria capacidade de manter o equilíbrio entre todas as forças reunidas em nós. Para ser feliz, é preciso saber administrar a tristeza. Para amar com maturidade, também se deve amar os altos e baixos do outro. Para contribuir para o nosso desenvolvimento como seres humanos, devemos encontrar o ponto onde o emocional e o racional entram em sintonia, um espaço próprio de autoconhecimento, aceitação e expansão.

Vamos, portanto, trabalhar nas energias opostas que ainda nos habitam para criar um todo mais harmonioso, significativo e, acima de tudo, satisfatório.


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