A música favorita dos psicopatas
Um estudo da Universidade de Nova York desfaz o mito, alimentado por filmes como O Silêncio dos Inocentes ou Laranja Mecânica, sobre a relação entre psicopatia e música clássica, ao sustentar a hipótese de que os psicopatas não são inclinados a nenhum artista ou gênero musical, mas sim mostram uma preferência por músicas específicas. Assim, a investigação nos dá pistas sobre qual pode ser a música preferida dos psicopatas.
O experimento comparou os gostos musicais de certos indivíduos com suas pontuações no teste de personalidade Levenson Self-Report. É um instrumento de triagem para psicopatia amplamente aceito. A surpresa veio quando os pesquisadores descobriram que ambos os fatores podem estar mais relacionados do que pensamos.
Uma lista de reprodução de 260 músicas
A equipe de pesquisa reuniu 200 voluntários de vários grupos étnicos e econômicos para ouvir uma lista de 260 músicas. Depois que os participantes escolheram seus favoritos, os cientistas compararam os resultados na conhecida escala de psicopatia.
Dito isto, o autor do estudo, Pascal Wallisch, adverte que as conclusões podem não ser definitivas, pois a amostra da população é muito pequena, como disse ao jornal The Guardian.
Embora ainda haja muitas nuances a serem abordadas, esse primeiro experimento pode fornecer um método eficaz e seguro de detecção de psicopatas. Segundo o autor, seria a favor da segurança pública, pois poderia impedir que determinados indivíduos ocupassem cargos em que a empatia é especialmente importante, como policiais, militares ou serviços gerais de saúde.
Blackstreet e Eminem: a música favorita dos psicopatas
Embora Wallisch não tenha querido revelar a lista completa de canções para não influenciar outras investigações com conclusões precipitadas, ele conseguiu adiantar alguns resultados ao referido jornal. As canções No Diggity, de Blackstreet, e Lose Yourself, de Eminem, são duas das mais ouvidas em estúdio. Exemplos claros do que pode ser a música favorita dos psicopatas.
Do outro lado da moeda, estão canções como My Sharona, de The Knack, ou Titanium, de Sia. Esses tópicos foram descritos como “aqueles menos apreciados por aqueles com menos tendências psicopáticas”.
“Não há uma forte associação com um gênero em particular.”
-Pascal Wallisch-
Por trás da mente do psicopata
Este não é o primeiro nem o último estudo que tenta aumentar o volume de informações valiosas que temos sobre a mente do psicopata. O mesmo aconteceu com um estudo publicado em Personality and Individual Differences, que sugeriu uma série de carreiras e estudos que seriam preferidos por pessoas que atendem aos três traços da tríade sombria (narcisismo, psicopatia e maquiavelismo). De acordo com o referido estudo, essas mentes próximas à psicopatia teriam uma forte tendência a estudar negócios ou economia.
Essa é uma leitura que já motivou o filme American Pyscho. Nesse filme, o protagonista, interpretado por Christian Bale, se apresenta como um cara legal, frio e um lobo de Wall Street.
Embora os produtos audiovisuais influenciem consideravelmente o imaginário coletivo, esse tipo de relação com psicopatas não deve ser tomado literalmente. Atrás ficou mito da música clássica e do psicopata estabelecido por personagens como Álex DeLarge, de Laranja Mecânica, ou Hannibal Lecter, de O Silêncio dos Inocentes. Agora sabemos que pessoas com tendências psicopatas têm gostos musicais mais específicos que não precisam obedecer a nenhum gênero ou artista.
O problema ético que surge
De qualquer forma, não parece tão fácil identificar a música preferida dos psicopatas. Embora muitos desses estudos possam lançar luz sobre esse aspecto da saúde mental, a ética se torna a grande questão pendente.
Como alerta o próprio Wallisch, autor do estudo da Universidade de Nova York, a realização desse tipo de exame sem o consentimento dos candidatos pode ser controversa ou até falta de ética profissional.
Por isso é fundamental estabelecer regras e protocolos na hora de tentar desvendar a mente de uma pessoa, seja ela psicopata ou não. Estudos anteriores e conceitos como a tríade sombria são ferramentas que podem ser úteis, mas não devem se tornar uma desculpa para cair em preconceitos ou diagnósticos precipitados.
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