3 tipos de abordagens para o estudo da personalidade

3 tipos de abordagens para o estudo da personalidade
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 25 julho, 2020

A frase de Burham, “Todo mundo sabe o que é personalidade, mas ninguém pode expressá-la com palavras”, descreve um dos maiores problemas que encontramos ao estudar esse conceito psicológico. Por isso, há diferentes abordagens para o estudo da personalidade.

Se procurarmos uma definição científica, descobriremos que temos uma para cada autor. Mesmo assim, podemos entender a personalidade como um conceito que inclui características que medeiam o comportamento das pessoas.

Na tentativa de estudá-la, surgiram diferentes problemas metodológicos. Um dos principais foi a criação de instrumentos que pudessem medi-la a partir de um foco claro e objetivo. Neste artigo, falaremos sobre as diferentes abordagens ou modelos que foram adotados para as pesquisas neste campo. São os seguintes: abordagem internalista, situacionista e interacionista.

Três abordagens para o estudo da personalidade

1. A abordagem internalista

Essa abordagem teórica entende a pessoa como um ser ativo e responsável pelos comportamentos que  manifesta. A principal característica que deve ser estudada são as variáveis pessoais de cada um. Portanto, neste modelo, o importante é conhecer os traços de personalidade de cada um dos indivíduos.

Homem diante de muro verde

Como é um modelo personalista, podemos deduzir que também é estável e consistente. Isso significa que, de acordo com os estudiosos da abordagem, a personalidade será mantida ao longo do tempo e em diferentes situações. Dessa forma, se conseguirmos isolar as características de uma pessoa, poderemos prever o seu comportamento futuro. A partir desta abordagem foram criados muitos testes que tentam medir a personalidade ou até mesmo as suas características, como o Big Five Inventory (BFI).

Levando em conta as evidências científicas atuais, esse modelo pode ser visto como algo ultrapassado e irrealista. À primeira vista, vemos que as pessoas mudam o seu comportamento de acordo com o contexto. Nós não nos comportamos da mesma forma quando estamos com a família, no trabalho ou com amigos. Além disso, tentar agrupar a personalidade de uma pessoa em alguns fatores estáveis ​​que predizem o seu comportamento é muito complicado. Os dados obtidos nos testes de personalidade nos mostram mais o autoconceito do indivíduo do que uma medida real da sua personalidade.

A personalidade é algo muito complexo e não pode ser reduzida a meras variáveis ​​pessoais. Precisamos realizar um estudo minucioso da personalidade para entendermos a sua profundidade.

2. A abordagem situacionista

Ao contrário da abordagem anterior, ela entende a pessoa como um sujeito passivo e reativo ao contexto. O que influenciará a previsão do seu comportamento serão as variáveis ​​situacionais. Neste modelo, as características e qualidades de uma pessoa não importam, o maior peso reside na força da situação.

Este modelo é baseado na suposição de que todo comportamento é aprendido. Portanto, devem ser estudados os processos de aprendizagem pelos quais adquirimos novas formas de agir. Aqui nasce uma abordagem de estímulo-resposta muito típica de paradigmas comportamentais. Assim, para desenvolvê-lo, utiliza-se uma metodologia experimental e altamente positivista.

Embora esta abordagem seja mais realista na verificação da instabilidade e especificidade da personalidade, cai no erro de um reducionismo excessivo: deixa de lado todas as variáveis ​​pessoais, uma vez que, obviamente, a atitude de uma pessoa afeta o seu comportamento. Se não fosse assim, todas as pessoas se comportariam da mesma maneira na mesma situação.

3. A abordagem interacionista

Numa tentativa de combinar as duas perspectivas anteriores e resolver os seus erros, nasce o modelo interacionista da personalidade. A partir desse paradigma, entendemos que o comportamento é determinado pela interação entre as variáveis ​​pessoais e as variáveis ​​situacionais. Um aspecto importante que precisamos entender é que a personalidade é um produto da interação da pessoa com o seu contexto.

Mulher recebendo elogio no trabalho

A partir da abordagem interacionista, a pessoa é um sujeito ativo que observa e constrói o seu mundo através da sua própria percepção e formas de agir. A interação das variáveis ​​pessoais com a situação em que o indivíduo está imerso é o que desencadeia um comportamento ou outro. Por isso, os dois aspectos devem ser levados em conta:

  • Quando falamos de variáveis ​​pessoais, nos referimos aos fatores cognitivos da pessoa.
  • Quando falamos sobre a situação, nos referimos à percepção individual do seu contexto, não às características objetivas da pessoa.

Nós nos deparamos com uma abordagem que supera as limitações dos dois modelos anteriores. Agora, o problema da abordagem interacionista no estudo da personalidade é que ela nos mostra uma realidade difícil de explorar e investigar. Isso porque nos diz que o comportamento é produto de fatores cognitivos inacessíveis e de uma construção intransitável do contexto. Mesmo assim é, sem dúvida, uma abordagem muito interessante sobre o estudo da personalidade.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.