Agnosia: a incapacidade de reconhecer o conhecido

Agnosia: a incapacidade de reconhecer o conhecido
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O que aconteceria se de repente você não conseguisse distinguir um guarda-chuva de uma bengala? Ou não conseguisse reconhecer os objetos através do toque? Se isso acontecesse com você de forma sistemática, provavelmente você estaria sofrendo de algum tipo de agnosia: a incapacidade de reconhecer toda a informação que chega através dos sentidos. Um termo que foi introduzido por Sigmund Freud no ano de 1891.

Mesmo que todos os nossos sentidos funcionem corretamente, o problema está no nosso cérebro. Ele é incapaz de reconhecer a informação que os sentidos filtram do exterior. Um acidente vascular cerebral, um trauma cerebral ou a redução do oxigênio que atinge o cérebro podem lhe causar danos que acarretam uma agnosia.

A palavra agnosia vem do grego e significa “não saber”.

O momento em que os sentidos deixam de ser úteis

Todas as pessoas que sofrem de agnosia passam por uma fase de frustração, impotência e angústia porque não conseguem interpretar o que veem, o que sentem ou o que comem. É como se os sentidos e o cérebro deixassem de falar a mesma língua, como se estivessem desconectados para serem totalmente independentes um do outro.

Por esta razão, é frequente e compreensível a partir desta lógica que as pessoas com agnosia fiquem depressivas. A causa é precisamente essa desconexão entre o seu cérebro e os sentidos que dificulta não apenas a maneira como percebem o mundo, mas também a interação com ele em suas diversas formas.

Agnosia: a incapacidade de reconhecer o conhecido

É importante mencionar que, quando falamos de agnosia, não nos referimos ao fato de que, de repente, todos os sentidos fiquem prejudicados. Como veremos abaixo, existem muitos tipos de agnosia:

  • Visual: incapacidade de nomear e categorizar objetos. Por exemplo, ser incapaz de reconhecer uma raquete e nomeá-la quando a vê.
  • Auditiva: problemas para reconhecer estímulos sonoros. Por exemplo, não consegue distinguir os instrumentos das vozes em uma música.
  • Tátil: incapacidade de identificar objetos através do toque. Por exemplo, não consegue diferenciar uma colher de um garfo ou de um isqueiro.
  • Espacial: dificuldade para se orientar e criar mapas mentais. Por exemplo, ser incapaz de reconhecer os cômodos da casa onde vive.
  • Motoras: também conhecidas como apraxias, referem-se às dificuldades de lembrar e executar movimentos aprendidos, como por exemplo, colocar uma camisa nas pernas.
  • Corporais: problemas para identificar o próprio corpo. Por exemplo, acreditar que os membros pertencem a outra pessoa porque não os identificam como seus.

“Eu era um espectro. Me olhava e só via um rosto desfocado. Só via um fantasma perdido no espelho. Eu não sabia se o que estava tocando era minha boca, minha orelha ou meu nariz”.
– Ester Chumillas, sofre de agnosia visual devido a uma meningite –

Homem sem rosto

Agnosia: quando o nosso cérebro nos engana

Depois de falar sobre todas as agnosias, é necessário mencionar que o mais comum é que é apenas um sentido seja afetado. Ou seja, uma pessoa que sofre uma agnosia motora normalmente não apresenta outro tipo de agnosia. No entanto, é um padrão para o qual também existem exceções.

A razão pela qual podemos sofrer somente um tipo de agnosia é porque geralmente apenas uma parte do cérebro está danificada. Por exemplo, se o nosso lobo temporal apresentar determinadas lesões, é muito provável que soframos uma agnosia auditiva. No entanto, se o nosso lobo occipital é afetado, poderemos sofrer agnosia visual ou espacial.

No caso de duas regiões cerebrais serem danificadas, é possível que ocorra mais de um tipo de agnosia. No entanto, neste momento a pergunta que nos preocupa é: isso tem cura? Há alguma esperança de melhora quando o cérebro é afetado?

A resposta é sim: há esperanças de uma notável melhora, especialmente graças à terapia ocupacional, à terapia da fala e profissionais da neurologia que podem fornecer à pessoa afetada algumas ferramentas muito úteis. Por exemplo, a reabilitação cognitiva ensina certos “truques” para reconhecer um rosto. Um deles é olhar para os detalhes mais marcantes desse rosto e aprender a interpretá-los no caso de sofrer de agnosia visual.

Agnosia não é um termo muito conhecido. No entanto, hoje sabemos muito mais sobre esse problema que afeta muitas pessoas, dificultando o seu dia a dia, graças aos profissionais que se dedicam a investigar e a aprender mais sobre o assunto. Atualmente podemos dizer que, nos casos para os quais não existe uma cura completa para a agnosia, os profissionais podem fornecer recursos e ferramentas que tornam a vida do paciente muito mais fácil e produtiva.

“Às vezes eu não tenho certeza para onde devo ir. Eu me perco o tempo todo”.
 – Anne, sofre de agnosia espacial –


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.