Como ajudar a criança que você foi um dia

Como ajudar a criança que você foi um dia

Última atualização: 30 março, 2017

É uma coisa óbvia dizer que todo mundo foi criança em algum momento. Até a pessoa que pode parecer mais agressiva, zangada, aborrecida ou tóxica já passou por essa doce fase da vida que deveria ser a infância. Mas ela nem sempre é cor-de-rosa. Para muitas pessoas, a infância significou um período da vida do qual elas preferem não se lembrar.

E isso acaba causando um impacto negativo. Essa criança cresce com baixa autoestima, pensando que não é digna de amor, que as pessoas sempre vão abandoná-la, que vai depender dos outros para ser feliz ou que precisa de autoestima. Ao chegar à idade adulta, todas as carências podem ser trazidas à tona em forma de ciúme, raiva, vícios ou depressão.

Não pretendemos colocar toda a culpa de como nos sentimos agora no nosso passado, mas é importante reconhecer a influência que ele tem no agora, no presente, aprender as ferramentas de que precisamos para seguir em frente.

Os esquemas da vida

Jeffrey Young é um psicólogo americano conhecido por ser o fundador da terapia de esquemas. Esta terapia consiste em que a pessoa que está sofrendo se dê conta dos esquemas que hoje em dia regem sua vida, e como eles devem ser modificados.

Estes esquemas foram aprendidos na infância e foram extrapolados para a idade adulta. O objetivo da terapia é desativar os esquemas e conseguir curar a criança que levamos dentro de nós.

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Se, por exemplo, sua mãe te abandonou quando era criança e você não conseguiu lidar com isso, é provável que atualmente você mostre com frequência o medo de ser abandonado. Isso repercute nas relações de amizade, familiares ou amorosas e pode estar fazendo com que você apresente comportamentos ciumentos, agressivos ou dependentes.

Digamos que aquela pessoa tão importante para você que era a sua mãe foi projetada, por exemplo, na sua mulher. Assim, como você acredita não ser digno de amor, você pensa erroneamente que ela pode te deixar, assim como a sua mãe fez.

Além do esquema de abandono, existem outros como o de privação emocional, fracasso, vulnerabilidade ao dano, desconfiança, etc… os quais por razões de espaço não iremos explicar aqui. Todos eles compartilham a peculiaridade de que foram formados na infância, seja pelo tipo de apego com a família ou por experiências anteriores traumáticas.

Curar a sua criança interior

As terapias cognitivo-comportamentais se baseiam na mudança de pensamentos automáticos negativos e das crenças atuais, além da desabituação de certos comportamentos repetitivos que são disfuncionais. Elas também trabalham com as emoções e com a influência que elas têm sobre o nosso comportamento e sua avaliação.

Um exercício que podemos praticar todos os dias é imaginarmos a nós mesmos quando éramos crianças, em uma situação que foi dolorosa ou que não superamos. Feche os olhos, relaxe e tente reviver o mais nitidamente possível aquela cena. Observe aquela menino ou menina que você era e sinta as emoções que você sentiu. Não fuja da tristeza, nem da ansiedade, nem da raiva que você passou. Permita-se senti-las em todo seu esplendor.

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Uma vez que estiver submergido na cena e sentir tudo como se fosse naquele dia, leve a cena ao seu adulto, com toda a sabedoria que você tem agora, e deixe que ele ajude essa criança. O adulto abraçará a criança, secará suas lágrimas, a entenderá e dirá que vai estar aqui para sempre. Além disso, o adulto vai perguntar à criança o que é que ela precisa e vai tentar satisfazê-la. Desta forma, você terá satisfeito suas necessidades e ajudado a essa criança, que na verdade é você mesmo.

É um exercício muito emotivo que ajuda a aprofundar nossos sentimentos e a desativar, em parte e com muita prática, os esquemas disfuncionais que aprendemos.

Imagem principal de Amanda Cass.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.