7 dicas para ajudar crianças com autismo durante a crise do coronavírus

A mudança da rotina e de outros fatores, como o confinamento, tem afetado de maneira especial um grupo muito vulnerável: as crianças e os adolescentes com autismo. Precisamos entender a realidade deles e fornecer o nosso apoio. Aqui, vamos dar algumas dicas que podem ser úteis.
7 dicas para ajudar crianças com autismo durante a crise do coronavírus
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Elas perderam suas rotinas. A normalidade que tinham foi destruída. Antes, era como se todos os dias elas fossem guiadas por trilhos que as levavam para os mesmos lugares, proporcionando uma segurança que trazia sentido, tranquilidade e até alegria. Ajudar as crianças com autismo durante a crise do coronavírus é mais uma prioridade que devemos ter em mente. Atualmente, muitas famílias enfrentam sérios problemas com essa nova realidade.

Qualquer pessoa que não conheça de perto como é a vida de um pai, uma mãe ou mesmo de um educador que trabalha com pessoas do espectro autista não consegue compreender o que uma mudança como a atual significa para elas. É evidente que todos nós sofremos o efeito dessas circunstâncias. Todos suspendemos planos, tarefas, costumes e até empregos.

No entanto, dentro de várias casas, é possível ouvir a frustração dessas crianças, adolescentes ou adultos com TEA.

Alguns voltam a apresentar persistentemente movimentos e comportamentos repetitivos. Outros podem explodir em comportamentos agressivos. A grande maioria recorre ao silêncio ou até ao choro. Se antes pouco se comunicavam, agora expressam muito menos porque estão perdidos, diluídos em novas rotinas que não compreendem e nas quais se perdem.

É necessário, portanto, que a sociedade seja mais sensível com esse grupo e que as famílias recebam ajuda e disponham de recursos à distância.

Psicóloga interagindo com menina

Ajudar crianças com autismo durante a crise do coronavírus: 7 estratégias

Não podemos esquecer que esse grupo de pessoas parou de frequentar a terapia e que suas necessidades não estão mais sendo atendidas. Muitas pessoas com transtorno do espectro autista estão mostrando sérios problemas para se autorregular, e uma coisa desse tipo pode até colocar suas famílias em perigo.

As emoções e a frustração se acumulam como uma bomba-relógio e são traduzidas em comportamentos bastante problemáticos. Elas podem chegar a agredir ou se automutilar. A maioria acaba apresentando comportamentos perturbadores e repetitivos, e também ecolalias, repetindo as mesmas frases muitas vezes.

Ajudar as crianças com autismo durante a crise do coronavírus certamente envolve considerar uma série de estratégias. Estas são apenas alguns exemplos.

1. Deixar as rotinas claras com desenhos e cartões

As crianças e os adolescentes com TEA devem se adaptar às novas rotinas. Para que consigam entender, podemos usar desenhos para especificar qual atividade deve ser executada em cada momento.

Devemos dar a eles instruções claras, simples e positivas desde o momento em que se levantarem. Podemos criar um cronograma visual e colar na parede para que possam consultá-lo.

2. Colocar roupas como se fôssemos à escola e fazer as tarefas

Uma maneira de manter a “normalidade” é permitir que a criança se vista como se estivesse indo para a aula. Devemos evitar ficar de pijama o dia todo. Da mesma forma, é essencial seguir um horário fixo para a realização das tarefas escolares.

3. Dedicar um tempo aos interesses particulares da criança

A maioria das crianças, sejam autistas ou neurotípicas, tende a ter um interesse especial que nem sempre está relacionado a uma disciplina escolar específica.

Muitas adoram os desenhos, os animais, a música, o espaço, os filmes… Precisamos ser criativos ao criar jogos ou projetos que as mantenham focadas nesse passatempo em particular.

Menino brincando com blocos

4. Exercício diário simples e motivador

Uma das dicas para ajudar crianças com autismo durante a crise do coronavírus também envolve estimular o movimento, o exercício físico. É verdade que esses meninos e meninas apresentam falta de coordenação motora e costumam ser arrítmicos, mas, na medida do possível, eles devem se movimentar e permanecer ativos.

Podemos encontrar danças divertidas no YouTube, além de exercícios simples, a fim de estimular não apenas o movimento, mas também as emoções positivas.

5. Cartões emocionais para que comuniquem como se sentem

Outro recurso excepcional nesse contexto é contar com os cartões emocionais. Precisamos apenas criar desenhos nos quais diferentes rostos expressam estados emocionais, como a tristeza, a raiva, a felicidade, o tédio, etc.

Ao longo do dia, as pessoas com um transtorno do espectro autista podem experimentar sensações e sentimentos que não conseguem comunicar. É recomendável que elas tenham recursos para que possam se expressar, para mostrar aos parentes como se sentem.

6. Reduzir a exposição a imagens e informações sobre a pandemia

Na medida do possível, essas crianças não devem ser constantemente expostas às informações mais recentes sobre a pandemia. É preciso reduzir essa exposição. Prefira colocar filmes e dedicar tempo à realização de atividades lúdicas.

As crianças com TEA são muito sensíveis e podem internalizar intensamente o medo e a angústia.

Na mente delas, pode se instalar a ideia de que seus avós vão morrer, de que mamãe e papai vão ficar doentes… Então, devemos tentar controlar a que elas têm acesso a todo momento.

Ajudar crianças com autismo

7. Manter os apoios remotamente

Para ajudar crianças com autismo durante a crise do coronavírus, as famílias não podem ficar sozinhas. Elas precisam receber apoio à distância, seja com psicólogos ou terapeutas, por meio de ligações de vídeo, por exemplo.

Da mesma forma, as famílias precisam manter contato com outras famílias nas mesmas condições. A rede de apoio entre pais e mães que têm filhos com TEA sempre é muito importante. As ideias e o humor fluem, assim como as emoções, as dúvidas e as esperanças são compartilhadas. 

Vamos manter isso em mente! Temos que ser mais sensíveis com esse grupo e criar pontes de ajuda, assim como laços de consideração e afeto.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.