O apego evitativo das crianças

O apego evitativo das crianças

Última atualização: 07 setembro, 2017

O apego é um vínculo emocional intenso que está muito presente nos nossos relacionamentos. Embora existam alguns tipos que são prejudiciais, o apego é saudável e necessário. O seu desenvolvimento ocorre na infância, uma das etapas mais importantes e que mais marcam a nossa vida. Portanto, se houver algum tipo de negligência ou comportamento prejudicial neste período, pode ocorrer o apego evitativo.

Se o ambiente onde fomos criados não nos forneceu as condições necessárias para desenvolvermos este tipo de apego, teremos muitos problemas para estabelecer relacionamentos e vínculos saudáveis com as outras pessoas. No entanto, não teremos consciência de todos esses problemas até chegarmos à idade adulta. Há muitos adultos que sofrem com problemas decorrentes do seu tipo de apego e desconhecem que a causa tem suas raízes na infância.

Voltando à infância, perceba que as crianças se adaptam ao ambiente onde nasceram. Então, se os pais são muito intrusivos ou distantes, eles desenvolverão estratégias defensivas que lhes permitirão lidar com isso. Uma dessas estratégias é o apego evitativo.

A pesquisa de Ainsworth sobre o apego evitativo

Mary Ainsworth realizou vários estudos que a levaram a identificar 3 tipos de apego: o evitativo, o seguro e o ambivalente. Destes, apenas o apego seguro é o “ideal”. O restante são apegos disfuncionais. Para o estudo do primeiro tipo de apego, que é o nosso foco hoje, Ainsworth realizou um estudo chamado de “situação estranha” que estudava o comportamento dos bebês que eram separados das suas mães.

O que Aisworth descobriu com o seu experimento foi muito revelador. As crianças se irritavam com grande facilidade, ou seja, eram muito suscetíveis. No entanto, faziam algo diferente do que a maioria das crianças faz: não procuravam suas mães quando precisavam delas.

O apego evitativo das crianças

Por exemplo, um bebê com apego seguro ou saudável, quando sua mãe sai ou se afasta dele, é muito provável que comece a chorar. Quando elas retornam, eles param de chorar e se sentem seguros, tranquilos e alegres novamente. Isto não acontecia com os bebês com apego evitativo. Eles se mostravam indiferentes. Não importava se a mãe estava ali ou não. Portanto, a mãe não lhe transmitia a segurança de que toda criança precisa.

Se uma criança experimenta rejeição quando deseja aproximar-se dos seus pais e eles não respondem às suas necessidades emocionais, provavelmente desenvolverão um apego evitativo.

O mais curioso sobre o experimento de Ainsworth é que as crianças com esse tipo de apego ignoravam, literalmente, as suas mães. No entanto, com pessoas desconhecidas eram amigáveis e sociáveis. Ainsworth concluiu que, como os bebês não tinham aprendido a comunicar suas necessidades emocionais para suas mães ou se tentavam comunicar e não conseguiam um resultado adequado, aprendiam a não precisar delas.

O apego evitativo e suas consequências na vida adulta

O apego evitativo traz sérias consequências para a vida adulta. Vários estudos optaram por classificar esse apego em dois tipos diferentes: o desapegado-evitativo e o assustado-evitativo. Vejamos como essas duas perspectivas influenciam o apego na idade adulta.

As pessoas que desenvolveram o tipo desapegado-evitativo são muito independentes e autossuficientes. Isso faz com que rejeitem qualquer pessoa que tenha alguma intenção de depender delas. Da mesma forma, se recusam a aprofundar os relacionamentos por medo de se “prender” a alguém.

Consequências do apego evitativo

Por outro lado, as pessoas com um apego assustado-evitativo querem se relacionar profundamente com os outros. No entanto, o seu medo sempre tem um peso maior. Elas têm muita dificuldade para confiar nas outras pessoas, porque dentro delas existe o medo de serem magoadas. Quando conseguem ter alguma intimidade com outras pessoas, se sentem muito desconfortáveis.

As pessoas que sofrem de apego evitativo têm grande dificuldade de expressar os seus sentimentos. O fato de não se apegar às outras pessoas é apenas uma estratégia para se proteger contra uma possível rejeição. Elas aprenderam a se defender sozinhas, a seguir em frente sem a proteção dos seus pais. É por isso que elas se tornam autossuficientes. No entanto, embora não pareça, sofrem muito.

Apego evitativo na infância

O apego evitativo em crianças se caracteriza por uma busca de isolamento. Às vezes, elas se tornam hostis e agressivas. Na adolescência, também apresentam esse tipo de comportamento. Algo que as torna impopulares entre os seus colegas de classe e pode provocar a rejeição de alguns professores.

A infância é uma etapa muito importante na nossa vida. Proporcionar um apego seguro ajudará as crianças a se tornarem adultos capazes de estabelecer relações saudáveis ​​com as outras pessoas. Se isso não acontecer, elas continuarão agindo de acordo com as estratégias que aprenderam quando eram crianças para se protegerem. Uma situação que, com o passar do tempo, se tornará cada vez mais insuportável.


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