Autismo em adultos: desafios psicológicos e sociais para alcançar o bem-estar

As pessoas com transtorno do espectro autista representam cerca de 1% da população. Os adultos com autismo, além de uma maior consciência social, precisam de determinados apoios psicológicos para melhorar a sua qualidade de vida.
Autismo em adultos: desafios psicológicos e sociais para alcançar o bem-estar
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Quando falamos sobre transtorno do espectro autista (TEA), é comum pensar nos desafios e necessidades das crianças que o apresentam. Sabemos que a detecção precoce melhora o desenvolvimento e a qualidade de vida desse grupo. No entanto, como é o autismo em adultos? Quais necessidades, quais tipos de apoio e estratégias homens e mulheres com essa condição neurobiológica exigem?

Desde que os critérios de diagnóstico melhoraram na década de 1990, a identificação do TEA não ocorre apenas nas escolas. A partir dessa década, muitos adultos conseguiram encontrar uma explicação para o seu comportamento, uma resposta para as suas particularidades e a origem das suas limitações pessoais.

Um detalhe que não podemos esquecer é o seguinte: estamos diante de um distúrbio do desenvolvimento que abrange um amplo espectro de características e necessidades.

Temos pessoas com síndrome de Rett e síndrome de Asperger (embora este último termo tenha sido aposentado). Podemos ter adultos com autismo altamente funcionais, e também aqueles que apresentam uma dependência maior, com severas limitações de comunicação, problemas na interação social e comportamentos repetitivos mais pronunciados. Seja como for, há algo que devemos compreender.

A atenção psicológica, a assistência social e o direito à inclusão configuram eixos que nunca devem ser esquecidos. O autismo em adultos é uma realidade que deve ser visível para garantir as respostas necessárias. Só então eles alcançarão a plenitude e o bem-estar que toda pessoa merece.

Vamos conhecer mais dados abaixo.

Os dados estatísticos dizem que é muito possível que cerca de 1% da população esteja dentro do transtorno do espectro autista. Uma detecção precoce e um apoio psicológico adequado podem melhorar o futuro desse amplo grupo da nossa sociedade.

Autismo em adultos

Quais são as necessidades de adultos com autismo?

É importante saber que a idade adulta tem sido uma área de pesquisa negligenciada quando se trata de entender melhor o transtorno do espectro autista (TEA). Felizmente, nos últimos anos, o interesse nela tem aumentado, e agora temos mais dados, mais recursos e conhecimentos.

Tudo isso se traduz em um grande objetivo: oferecer uma resposta individualizada e especializada para cada pessoa de acordo com as suas necessidades. No entanto, dentro da prática clínica, encontramos um problema. Existem adultos com autismo altamente funcionais que não sabem que apresentam essa condição.

São pessoas independentes, com suas responsabilidades profissionais e projetos de vida, que percebem que algo está errado com eles. Os problemas na interação social, a hipersensibilidade a estímulos e a ansiedade costumam limitar seriamente a sua qualidade de vida. Assim, algo que devemos saber é que não há duas pessoas com TEA que apresentem as mesmas características.

No entanto, além das singularidades de cada um, o autismo em adultos influencia a realidade cotidiana desse amplo grupo. A detecção e o tratamento precoce e personalizado garantem mudanças, melhorias e bem-estar.

Veremos quais desafios esses adultos apresentam e que tipo de assistência demandam a seguir.

Consultar psicólogos especializados em TEA (transtorno do espectro autista)

Se você tiver um parente adulto com autismo ou suspeitar de que pode estar dentro do espectro, é melhor consultar um profissional especialista nessa área. O que um psicólogo qualificado pode nos fornecer?

  • Uma avaliação abrangente para identificar os pontos fortes e, acima de tudo, as necessidades cognitivas, comportamentais e emocionais do adulto com autismo.
  • Entrevistas com o ambiente social do paciente.
  • Exames médicos para descartar outras condições.
Psicóloga com paciente autista


Autismo em adultos e tipos de terapia

A intervenção psicológica no adulto com autismo sempre vai depender das suas necessidades particulares. Em média, os seguintes aspectos costumam ser trabalhados:

  • Treinamento em comunicação e habilidades sociais.
  • Integração de hábitos na vida cotidiana.
  • Modificação de certos comportamentos para favorecer a sua integração, bem-estar e comportamento social.
  • Prática de rotinas funcionais para que o adulto com autismo tenha um sentimento adequado de segurança e autonomia.
  • Promover a integração no trabalho.
  • Também é essencial abordar dimensões como a ansiedade e os transtornos do humor, como a depressão. Não podemos esquecer que esse tipo de realidade envolve enfrentar múltiplos desafios emocionais. A terapia cognitivo-comportamental é muito apropriada nesses casos.
  • Por outro lado, a psicoterapia individual também é fundamental. Um homem ou uma mulher com TEA precisa melhorar muitos de seus relacionamentos, seja a nível afetivo, familiar ou no trabalho.
  • Não podemos esquecer que existem pessoas com autismo que apresentam déficits cognitivos mais graves. Podem surgir problemas comportamentais, diante dos quais o apoio psicológico é essencial.

Apoio à família e ao ambiente próximo

Por último, mas não menos importante, falar sobre autismo em adultos implica, por sua vez, levar em conta o ambiente familiar. Pais, mães, parceiros, filhos… Saber como agir ou simplesmente entender o que é o transtorno do espectro autista é um passo decisivo para facilitar a vida do paciente.

Nesse aspecto, os psicólogos constituem uma ajuda e um apoio diário. Com eles, é possível gerenciar medos, dúvidas, ansiedade, estresse… Em essência, a realidade pessoal desse grande grupo da nossa sociedade é complexa e única, mas existem recursos, estratégias e equipes de especialistas que podem nos ajudar e proporcionar, pouco a pouco, uma melhor qualidade de vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.