Não tenha medo de cair no ridículo

Não tenha medo de cair no ridículo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 13 março, 2018

Cair no ridículo é um dos grandes medos daqueles que levam seu ego muito a sério. Claro que não cometer erros ou mostrar fraquezas, especialmente em determinados momentos críticos, pode nos ajudar. Mas se isso não acontecer, mesmo nos momentos a que nos referimos, também não é o fim do mundo.

O sentimento de ridículo é experimentado como algo mais do que uma simples vergonha. Em geral, um equívoco, erro ou falha está associado à desaprovação. No entanto, quando isso acontece podemos ouvir um riso abafado ao fundo, e é precisamente essa zombaria que aumenta o efeito da vergonha. Assim, estamos enfrentando um cenário que também pode gerar perplexidade ou tensão.

No final, o que torna algo ridículo é a desproporção ou a inadequação. Assim, as situações formais são um terreno fértil para que isso ocorra. Elas geralmente impõem protocolos mais ou menos rígidos, então sair da regra é relativamente fácil. Apesar disso, cair no ridículo é algo tão democrático que pode ser feito em qualquer lugar. Ninguém escapa e todos nós já provamos seu sabor alguma vez.

“Se nos homens não aparece o lado ridículo, é porque não o procuramos bem”.
– François de la Rochefoucauld –

O palhaço e o ridículo

O palhaço é precisamente aquele personagem que faz do ridículo o seu material de comédia. Os palhaços representam tudo o que pode ser considerado ridículo. Sua roupa é exagerada, bizarra. Seus sapatos enormes, seus narizes vermelhos e sua maquiagem facial lhes dão uma aparência absurda. Eles usam roupas que simulam um corte elegante, como o de um terno, cheio de cores e elementos muito chamativos.

Mulher vestida de palhaça

Boa parte da rotina dos palhaços consiste em tropeçar e cair. O que causa o riso entre o público é que eles são sempre vítimas de sua própria distração. Eles estão esperando outra coisa e, de repente, algo entra em seu caminho e faz com que caiam no chão. Além disso, eles sempre caem de forma espetacular, nunca discretamente.

Uma boa apresentação de palhaço está cheia de mal-entendidos. Eles comem um pedaço de papelão pensando que era um bolo. Ou eles dão um beijo em algo horrível, acreditando juntar os lábios com uma bela mulher. Ou eles assumem a missão errada porque interpretaram as instruções de forma diferente. O mundo dos palhaços é o mundo do ridículo, mas também do riso inocente.

Cair no ridículo e rir de si mesmo

Na realidade, só é possível cair no ridículo, em sentido estrito, quando aqueles que cometem o erro levam isso a sério demais. Se alguém, por exemplo, não sabe dançar, mas finge que sim, pode parecer muito ridículo e desencadear o riso. Por outro lado, se ele aceita que não sabe dançar e se diverte com suas próprias limitações, não há problema algum nisso.

Qual é a diferença entre uma e outra situação? Ela é reduzida a apenas uma palavra: autoestima. Alguém com uma autoestima fortalecida sempre é capaz de rir de si mesmo, porque se aceita. Isso inclui tolerar seus próprios erros ou equívocos. Por outro lado, quando há insegurança e falta de confiança no que somos, cair no ridículo pode ser uma forte ferida emocional.

O verdadeiro erro é acreditar que só somos dignos de apreço quando acertamos, e não quando cometemos erros. Quando não fazemos ou dizemos algo inapropriado. Nesse caso, não há uma verdadeira apreciação por si mesmo, mas sim uma autoavaliação simulada.

Mulher fazendo careta

Todos nós temos facetas ou comportamentos desajeitados. É natural. Uma distração ou um pequeno mal-entendido é suficiente para cairmos em um erro ou equívoco em termos sociais. Diante disso, há apenas um antídoto: ser verdadeiro e, portanto, humilde.

Não podemos fingir fazer o que é certo em todas as circunstâncias. O que podemos fazer é trabalhar para nos sentirmos orgulhosos de quem somos, para delinear um retrato em sejamos apreciados em nossa totalidade. Isto é, com defeitos, virtudes, erros e sucessos. Isso nos permitirá eliminar esse desejo de esconder, disfarçar ou permitir que mostremos apenas as facetas que antecipamos que os outros mais gostariam.

Podemos nos familiarizar com o ridículo adotando gestos absurdos ou posturas na frente do espelho ou saindo na rua sem pensar demais em nosso visual, vestindo algo original que atraia atenção ou gere surpresa. Se fizermos isso, perceberemos que permaneceremos os mesmos e até podemos acompanhar o riso daqueles a quem causamos graça.

O mais importante é que, quando nos permitimos cair no ridículo de vez em quando, sem que isso nos afete, também descobrimos que podemos viver mais relaxados e felizes. Nada alimenta tanto o sentimento de plenitude quanto a espontaneidade. Nada nos torna tão seguros quanto libertar-nos do que imaginamos que os outros vão pensar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.