Como encontrar o silêncio interior em um mundo barulhento

Como encontrar o silêncio interior em um mundo barulhento
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 06 agosto, 2020

O silêncio interior é um conceito muito antigo que recuperou a notoriedade. Para entender do que se trata, vamos pensar no barulho do mundo. Isso não se refere apenas aos sons estridentes que encontramos diariamente nas grandes cidades. Também está relacionado com a grande variedade de elementos que alteram a nossa tranquilidade.

Assim, podemos falar de um silêncio exterior e de um silêncio interior. O silêncio exterior é a ausência de sons. Corresponde a aqueles estados magníficos nos quais o ruído externo desaparece. Por outro lado, o silêncio interior refere-se a um estado subjetivo em que não há elementos que perturbem a tranquilidade.

Tanto o silêncio interior quanto o exterior proporcionam grandes benefícios ao nosso cérebro. Tanto a ausência de ruído quanto a ausência de estímulos estressantes facilitam uma forma de descanso única: revitalizam, limpam a mente e moderam as emoções. Não há nada como o silêncio para nos renovar.

“Todos os problemas da humanidade vêm da incapacidade do homem de se sentar sozinho e em silêncio em um quarto.”
– Blaise Pascal –

O silêncio interior e o contato com nós mesmos

Um dos aspectos mais difíceis de suportar no mundo atual é o bombardeio de estímulos a que estamos expostos. O mais preocupante é que muitos deles têm um selo de pressão ou urgência. Nós ainda nem acordamos e já temos um grande número de preocupações na nossa mente.

Homem olhando para janela iluminada

A tecnologia está absorvendo uma boa parte do nosso tempo. Em parte por causa do trabalho e também porque somos dependentes em relação às redes sociais. Elas são um espaço de socialização e comunicação que precisamos consultar constantemente.

Nessas condições, é praticamente impossível estabelecer um contato interior verdadeiro. Para isso, precisaríamos de espaços de silêncio interior, ou seja, teríamos que reduzir esse volume de estímulos ao mínimo e deixar espaços em branco que nos permitissem prestar atenção aos nossos próprios pensamentos e emoções para ouvi-los com clareza.

Viver em um mundo barulhento

O silêncio interior e o exterior estão relacionados entre si. Hoje temos muito mais estímulos auditivos do que antigamente. Muitas vezes nos sentimos chamados para fora de nós mesmos por ruídos externos: uma sirene tocando, um motor rugindo ou um aviso sonoro anunciando a chegada de uma nova mensagem. Tudo isso acontece com uma densidade impressionante.

Mulher meditando

Às vezes sentimos vontade de ir para bem longe, para um lugar onde não haja barulho. Se pudermos fazer isso, nada melhor do que realizá-lo. O problema é que muitas vezes isso não é possível porque os compromissos nos impedem. No entanto, não precisamos nos resignar com esse peso constante.

Não é necessário praticar ioga ou fazer exercícios de meditação. Apenas uma coisa é suficiente: reduzir o número de estímulos recebidos. Simplificar a vida. Eliminar o sentimento de obrigação diante de tudo e permanecer somente com o essencial.

Ouça a si mesmo e conecte-se

Quando não temos momentos de silêncio interior, permanecemos tensos. E com o passar do tempo, essa tensão se transforma em sofrimento. Nós vivemos sofrendo. Isso não é um modo saudável de viver. Para sair desse estado, temos que aprender a estabelecer limites, tanto nos estímulos que recebemos quanto nas responsabilidades que impomos a nós mesmos.

No mundo atual, o primeiro limite a ser fixado é com a tecnologia. Nós gastamos muito tempo nas nossas redes sociais e e-mails. Acreditamos que tudo isso traz uma grande contribuição para as nossas vidas, mas não é bem assim. Eles nos roubam  momentos valiosos e nos impedem de ouvirmos a nós mesmos.

Mulher no celular

Uma boa ideia é ter dois telefones celulares: um para o trabalho e outro para os assuntos pessoais. Quando a jornada de trabalho termina, desligue o celular para ligá-lo novamente no dia seguinte. Da mesma forma, vale a pena pensar em qual é a real contribuição que as interações nas redes sociais nos trazem. Nós provavelmente descobriremos que é muito pouco. Isso nos encorajaria a limitar o acesso e o tempo que passamos lendo mensagens.

Somente a partir do silêncio interior poderemos ouvir o que o nosso corpo diz: as suas reclamações, os seus alertas, os seus prazeres. Também precisamos dessa forma de silêncio para redescobrirmos e identificarmos o que pensamos e o que sentimos em relação à nossa vida. O silêncio interior é um presente que não devemos negar a nós mesmos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.