Como enfrentar a insatisfação crônica?

Como enfrentar a insatisfação crônica?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Muitas pessoas não demostram um nível real de satisfação em suas vidas. Poderíamos dizer que elas têm as suas necessidades garantidas e, ainda assim, é difícil vê-las com um sorriso no rosto. Como enfrentar a insatisfação crônica nestes casos?

Viver reclamando é uma das grandes infelicidades, e também uma das tentações, do século XXI. Diante dessa realidade, existem duas abordagens diferenciadas. Uma delas diz que devemos aceitar completamente a situação. Tudo está apenas na nossa mente; enfrentar a insatisfação crônica é, portanto, uma questão de aprender a ser feliz com aquilo que se tem.

A outra abordagem é totalmente oposta. Se você se sentir insatisfeito com a situação, mude-a! Defina um objetivo, trabalhe duro para alcançá-lo, e quando conseguir, você vai ser feliz. No entanto, e se eu lhe disser que o segredo para enfrentar a insatisfação crônica é uma mistura dessas duas abordagens?

Por que essa insatisfação aparece?

Todos nós já nos sentimos insatisfeitos com alguma coisa em determinados momentos. Ninguém tem uma vida perfeita. No entanto, o problema surge quando essa sensação predomina no dia a dia.

Geralmente, a insatisfação crônica está relacionada com dois elementos: não aceitar a realidade e não trabalhar de maneira ativa para mudar o que não está bem. O segredo que muitas pessoas desconhecem é que ambos os elementos são cruciais para que possamos nos sentir bem. Aplicar somente um dos dois aspectos é uma receita para a angústia, a depressão ou as emoções desagradáveis.

Homem cansado de sua insatisfação crônica

O que acontece se você só aceita o momento presente?

Imaginemos, por um lado, que você só tenta aceitar aquilo que acontece. Apesar de existirem elementos na sua vida dos quais você não gosta, você decide parar de se preocupar com eles. No fim das contas, aproveitar o momento presente é um dos segredos da felicidade.

Desse modo, você é obrigado a parar de se preocupar com tudo aquilo que seja desagradável. Se o seu chefe lhe trata mal, ofereça a outra face. Se você não conta com recursos financeiros suficientes para ter filhos, não os tenha. Como você se sentiria depois de um certo tempo se agisse dessa forma?

É provável que você acabe tendo a sensação de que não controla a sua vida. Você se sente como um barco à deriva, e com toda a razão do mundo. A aceitação é uma ferramenta muito poderosa, mas somente em duas vertentes: como ponto de partida para a mudança (se eu não aceito um problema, vai ser complicado arregaçar as mangas para solucioná-lo), e como uma forma de assimilar aquilo que não se pode modificar.

Por outro lado, se você se resignar diante de tudo aquilo que não gosta, em uma falsa aceitação, vai acabar sentindo um grande mal-estar baseado na dissonância cognitiva.

Agir sem aceitar o que acontece, é esse o segredo?

Adotemos agora o exemplo contrário. Imagine que você detesta a sua situação atual, e decide agir para mudá-la. No entanto, você não aceita que tem uma parte da responsabilidade, porque houve muitos momentos em que, talvez, lhe faltou um pouco de tato.

Neste instante, você poderá agir para criar uma mudança. No entanto, sem aceitar a sua responsabilidade, é muito mais difícil que o esforço tenha o efeito desejado. Então, a falta de honestidade consigo mesmo vai levá-lo a tomar decisões erradas, que irão afastá-lo daquilo que deseja.

Como enfrentar a insatisfação crônica?

Se você está descontente com a sua situação atual, a solução consiste em combinar as duas estratégias anteriores. Para estar realmente bem, é necessário aceitar aquilo que acontece conosco, além de trabalhar ativamente para mudar o que não gostamos. Apesar de parecer contraditório, um exemplo prático vai ajudá-lo a entender essa ideia.

Mulher enfrentando insatisfação crônica

Imagine que você tenha um Índice de Massa Corporal (IMC) alto e que gostaria de reduzi-lo. Além disso, você acredita que seria mais feliz se estivesse com o corpo em forma. Pois bem, o primeiro passo é reconhecer, em um diálogo sincero consigo mesmo, que você tem esse desejo. Ou que não tem essa vontade. Em qualquer um dos casos, negar isso só vai servir para adotar estratégias que não irão ajudá-lo.

Por outro lado, começar a fazer um regime alimentar e exercícios, enquanto você se tortura por ter chegado a esse ponto, também não vai ajudar. Sentir-se mal consigo é um tiro contra a própria motivação.

  • Em primeiro lugar, aceite que você não gosta do seu corpo (ou se gosta, que sim). Você está com o IMC alto e gostaria de ter um corpo em forma.
  • Uma vez que você já tenha aceitado isso, assegure-se de que a situação atual não o define. O que importa é o que você vai fazer para mudar isso.
  • Depois, estabeleça um objetivo e comece a trabalhar para alcançá-lo. Neste caso, você poderá mudar, por exemplo, a sua forma de se alimentar, ou começar a fazer exercício regularmente. O melhor é que você conte com a ajuda de alguém que saiba e queira ajudá-lo.
  • Durante todo o processo, observe de maneira objetiva aquilo que funciona, e modifique o que é ineficaz. Tudo isso lembrando-se de que não importa se você avançar lentamente, retroceder em algum ponto ou, inclusive, desistir quando for preciso.

Se você aplicar esses quatro passos, a insatisfação crônica vai desaparecer. Basta se lembrar de que aceitar a situação e trabalhar para mudá-la são dois passos de um mesmo caminho. Dificilmente será possível estabelecer um plano de ação inteligente se antes você não tiver analisado e aceitado a situação presente.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.