Como foi minha saída do armário?

Confessar que você se sente atraído ou atraída por pessoas do mesmo sexo é uma tarefa difícil, principalmente porque você expõe uma parte muito vulnerável de você mesmo para a opinião de quem está ao seu redor. Neste artigo em primeira pessoa, narro como vivi minha saída do armário.
Como foi minha saída do armário?

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 01 fevereiro, 2023

Contar ao mundo ao seu redor por que você se sente atraído por pessoas do mesmo sexo é uma história que os heterossexuais não precisam construir. Em geral, as pessoas não dão explicações sobre por que se sentem atraídas por pessoas do sexo oposto. É algo que é dado como certo. Se você é homem, o habitual é você se sentir atraído por mulheres e vice-versa. Isso é o que acontece com mais frequência na natureza. Neste artigo vou contar em primeira pessoa como foi minha saída do armário.

Como leitor, você deve ter notado que evito usar a palavra “normal” e a substituo por “habitual”, pois é normal dois homens ou duas mulheres se amarem, mesmo que não seja o mais habitual.

Menino triste, inclinando a cabeça na parede

O armário

Sinceramente, odeio a palavra armário. Nos armários, coisas, roupas, lembranças, presentes e outros pertences são guardados e ordenados. Eles podem ser guardados para evitar que se deteriorem, mas também para evitar que sejam vistos, e sempre me perguntei, como se pode guardar o amor? Como se pode esconder o desejo? É possível esconder esse algo que escapa do nosso controle? A resposta que sempre encontrei para essas perguntas é um retumbante não.

No momento em que sejamos capazes de mudar o que sentimos, o que desejamos e o que almejamos; a nosso bel-prazer, deixaremos de ser seres humanos.

Meus amigos

O que mais me angustiava era o fato de que, em algum momento, eu contaria aos meus pais. Eu já tinha ouvido meu pai se referir aos homossexuais como “bichonas” em algumas ocasiões. Quando ouvi essa palavra em seus lábios, meu coração disparou. Essa foi uma das barreiras que tive ao expor esse tema em casa.

Então, antes de tudo, decidi contar ao meu grupo de amigos. Eu tinha uma boa rede social que me permitia me sentir livre e em fraternidade. Imagine que você tem uma mochila com dez pedras e um dia caminhando pelo meio de uma floresta, você decide compartilhar seu conteúdo com o grupo ao seu redor. Meus amigos naquele dia me ajudaram porque cada um tirou uma das pedras da minha mochila, diminuindo o peso da minha carga.

Meu grupo de amigos me fez sentir profundamente humano. Lembro daquele momento com muito carinho, pois eles me demonstraram o que eu já sabia: que era perfeitamente válido amar outra pessoa, independentemente do sexo. O íntimo dessa conclusão foi que, em essência, somos seres humanos. E como seres humanos nos falta a capacidade de decidir a quem amar, embora sejamos capazes de amar. E isso, por si só, é algo extraordinário.

Meus pais

Quando contei aos meus pais, fiquei aliviado. Muito aliviado. Eu pensei que iria lançar uma bomba nuclear de 8 milhões de megatons e na verdade foram apenas palavras que sussurrei baixinho… Eles já sabiam!

É surpreendente que nossos pais saibam muitas coisas que nós ainda desconhecemos. E assim foi. Quando finalmente me arrisquei e revelei a natureza da minha orientação sexual, elaboramos um plano para transmiti-la ao resto da família.

Os valores que recebemos quando somos pequenos são os que mais regem nossas ações quando somos mais velhos.

Filho adolescente com seu pai

Minha família

Teve muita sorte, sem dúvida. Estou ciente de que existem pessoas que têm uma dificuldade tremenda quando decidem expor que se sentem atraídas pelo mesmo sexo. No meu caso, foi o contrário. Quando contei para minhas tias, tios e avós, o acolhimento foi extraordinário.

Minha avó insistiu que eu a apresentasse ao meu parceiro!

Senti-me muito apoiado, validado e amado porque em vez de verem uma pessoa diferente viram um ser humano. Alguém digno de amar e ser amado, independente de gênero e orientação sexual. E honestamente, acho que isso é o mais importante. Amar alguém é uma das coisas mais belas que podemos experimentar, sentir, desejar e saborear.

E é isso que importa: ame, ame muito, ame sem hesitar, ame loucamente, porque a vida é feita para amar.


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  • Altmann, W. (2001). Salir del armario. Los estudios” gays” en España. Iberoamericana (2001-), 1(1), 181-195.
  • Pérez Iglesias, J. (1997). Salir del armario para entrar en las eatanterías: servicios bibliotecarios para gays y lesbianas.

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