Como homens e mulheres sentem dor?
“Por trás de cada coisa bela, há algum tipo de dor”. Assim definiu Bob Dylan, o famoso cantor cujas canções parecem esconder um profundo sofrimento. Mas afinal, como homens e mulheres sentem dor?
Historicamente, a mulher é associada a uma capacidade maior de aguentar dores. Predisposições biológicas como a menstruação, a gravidez ou o próprio parto costumam estar associadas a um certo grau de sofrimento. Além disso, sempre ouvimos aquela frase: “Se os homens tivessem que passar por isso…”.
Quem sente mais dor?
Já sabemos que os ditados e tradições são muitos, mas hoje em dia a ciência já avançou o suficiente para estudar praticamente tudo. Não se pode fazer, no entanto, uma pesquisa real sobre quem sente mais dor ao levar um beliscão, já que não temos uma forma humana de medir a mesma sensação em diversas pessoas diferentes sem entrarmos no terreno subjetivo.
As dores, mesmo sendo uma percepção individual, já foram objeto de muitos estudos. Um dos mais famosos é da Universidade de Stanford. Segundo os pesquisadores desse estudo, as mulheres costumam reportar mais dor em uma maior diversidade de diagnósticos se comparado ao feedback de dor que reportam os homens. Esse dado, porém, é mais quantitativo do que qualitativo. Ou seja, não é realmente uma medida comparável de como homens e mulheres sentem dor.
Além disso, existem fatores que poderiam contaminar as conclusões que são tiradas dos dados coletados. Por exemplo, o fato de que as mulheres costumam ser muito mais comunicativas que os homens. Desse modo, os homens, pobres em palavras, reportam menos diagnósticos dolorosos ou completos. Outra variável que poderia contaminar os resultados é a tendência dos homens a não demonstrar suas fraquezas, já que esta não é tida como uma característica ideal do sexo masculino nos estereótipos.
O estudo sobre como homens e mulheres sentem dor
Os pesquisadores de Stanford se perguntaram quem sente mais dor, o homem ou a mulher? Para poder responder a essa pergunta, coletaram informações de mais de 11000 pacientes com problemas circulatórios, digestivos, respiratórios e musculoesqueléticos.
Segundo os dados obtidos, parece que as mulheres reportavam uma intensidade de dor um pouco mais alta que os homens. O que aconteceu foi que criaram uma escala de 1 a 11, e as mulheres pontuaram acima dos homens. Não obstante, outro ponto discutível que pode ser encontrado nessa pesquisa se baseia nas diferenças biológicas entre homens e mulheres e nos problemas de diagnóstico.
Então, quem sente mais dor?
Já percebemos que seguimos sem conseguir dar uma resposta para essa pergunta. Quem sente mais dores, eles ou elas? Alguns estudos também levam em consideração variáveis, como os ciclos menstruais, que trazem uma série de dores para as mulheres. Desse modo, qualquer pesquisa feita deveria ser realizada em igualdade de condições entre machos e fêmeas no mesmo estado. Se não feito desse modo, existem muitas variáveis, como as já citadas aqui, que podem adulterar os resultados e levar a falsas conclusões.
Há, no entanto, resultados que indicam que as mulheres costumam ir mais ao médico, e normalmente com dores mais sérias, duradouras e frequentes que os homens. Além disso, também, parece que as mulheres costumam sofrer níveis de estresse mais elevados, algo que pode adulterar também qualquer resultado, já que o estresse intensifica a sensação de dor.
Mais dados sobre a dor segundo esse estudo
Como uma nota curiosa, parece que os homens são mais precisos ao definir um ponto particular onde sentem dor. Enquanto isso, as mulheres indicam regiões, e não pontos específicos. Também encontramos outros dados curiosos, como a existência de dores crônicas, algo mais comum entre elas. De fato, existem doenças como a fibromialgia, quase exclusiva do gênero feminino, composta por fadiga e dores musculares. Esse ponto agrava a percepção de dor.
De fato, os homens possuem a proteína GIRK2, que se supõe como um fator que pode ajudar a aguentar melhor a dor. Parece, no entanto, que a mulher aprendeu a viver com o sofrimento aguentando níveis de estresse mais elevados, dores menstruais, partos, etc.
“Ainda não atingimos o auge da dor se temos força para nos queixarmos dela.”
-Caballero de Bruix-
A conclusão, se reunirmos todos os dados do estudo, é que parece lógico pensar que as mulheres sentem mais dor que os homens. Não podemos, no entanto, saber que sexo é capaz de suportar melhor dores de um mesmo estímulo. Parece apenas que elas aprenderam melhor a conviver com o sofrimento.