Como podemos ser invulneráveis à crítica?

Como podemos ser invulneráveis à crítica?

Última atualização: 23 março, 2015

Algumas vezes me pergunto como é possível algumas pessoas terem a habilidade de não dar ouvidos a certos comentários críticos… Será que eles podem ficar “surdos” quando bem entenderem? Não, claro que não. O que os faz serem tão invulneráveis?

A crítica e o nosso pensamento

A diferença entre as pessoas resistentes, ou invulneráveis, e as pessoas sensíveis à crítica, está no pensamento. Enquanto as pessoas sensíveis à crítica geram um auto discurso dominado por pensamentos negativos, que alteram o estado de ânimo, a conduta e diminuem a estabilidade da autoestima, as pessoas “invulneráveis” racionalizam a crítica e as refutam, quando são incorretas ou não são pertinentes. Vejamos um exemplo:

Pedro e Carlos se encontram numa boate e querem conhecer alguma mulher. Pedro é mais tímido do que Carlos e, mesmo que ambos desejem conversar e dançar com alguma das mulheres da boate, Pedro tem muito medo de receber um não como resposta… Já quando isso acontecia com Carlos, em menos de 10 minutos já estava de olho em outra mulher.  Por isso, Carlos conhecia mais mulheres que Pedro.

Também podemos observar isso em outro exemplo: Maria vive em Madri e quer abrir um negócio para alcançar sua independência. Laura, que vive em Barcelona, também toma a mesma decisão que Maria.Vamos supor que, mesmo que não se conheçam e não tenham nenhum contato, as condições de negócio são as mesmas para as duas. Quando Maria resolveu contar pra seu namorado e seus amigos, ouviu muitas críticas à ideia, então a tomou como fracassada e, sem ao menos tentar, decidiu não abrir o negócio. Aconteceu o mesmo com Laura, mas continuou com sua ideia, apenas modificando-a um pouco. Alguns meses depois, Laura conseguiu abrir o negócio, enquanto Maria continuava sem saber o que fazer.

O que podemos observar aqui? O medo da crítica e da rejeição, ou de fazer papel de bobo, é uma questão de pensamento. Carlos e Laura não se desestabilizaram, porque não interpretaram as críticas como um fracasso pessoal, senão como uma possibilidade de tentar algo em que pudessem melhorar. A crítica não é sinônimo de rejeição para eles, como foi para Pedro e Maria.

Críticas corretas e incorretas

A crítica não poderá nos ofender, a não ser que você dê esse poder a ela. Se alguém nos critica injustamente, não acontecerá nada que não queiramos. Não podemos nos sentir mal por comentários equivocados vindos de outra pessoa, já que o erro não foi nosso e sim da pessoa que criticou. Mas também pode acontecer o contrário. Ou seja, pode ser que alguém nos critique corretamente, por alguma ação ou atitude inapropriada que tenhamos realizado, mas isso não deve ser motivo para tristeza, amargura ou angústia. As críticas também podem ser construtivas, portanto devemos aceitá-las, buscando outras alternativas, ou estratégias, para solucionar o problema. As críticas podem ser corretas ou incorretas, mas é o nosso pensamento que, em última instância, dá um caráter prejudicial a elas.

O que podemos fazer diante de uma crítica?

– Ter uma atitude assertiva

Na maioria das vezes, ninguém recebe uma crítica de forma agradável, muito pelo contrário, adotamos um comportamento que nos faz confrontar a crítica. Costumamos ficar na defensiva e tentamos desmontar os argumentos do outro, levantando fortes barreiras linguísticas, na maioria das vezes ambíguas. Portanto, é muito importante tentar se colocar no lugar do outro, da pessoa que fez a crítica. Ou seja, ter um pouco de empatia e adotar uma postura assertiva. Se nos colocarmos na pele de outra pessoa, levando em conta as circunstâncias e sua visão de mundo, talvez possamos entender melhor sua atitude.

Ser assertivo diante de uma crítica nos torna flexíveis e abertos a diálogos, e ficamos dispostos a ouvir os demais. Uma atitude assertiva é aquela em que não levantamos o tom e, na qual, quando não entendemos algum dado, ou achamos que não estão nos contando a informação completa e necessária para que possamos entender o que dizem, perguntamos, facilitando, assim, o entendimento de ambas as partes.

– Procurar coincidências na crítica

Estou me referindo à busca das zonas de verdade daquilo que nos dizem. Quase sempre é possível encontrar, nos argumentos contrários, um pouquinho de verdade, mas também existem as críticas semi-corretas.  Se encontramos alguma verdade, é bom reconhecê-la para o emissor, mas se comprovamos que não é assim, é preferível o silêncio à mentira. Procurar a existência de coincidências demonstra que levamos em conta o que o outro diz e evita, na maioria das vezes, que entremos numa discussão cheia de críticas e defesas.

– Expressar nossa opinião e concordar

Ao expressar o que pensamos, é muito importante levar em conta algumas questões, como não ser destrutivo com o outro.  Para isso, podemos tentar não usar uma linguagem ambígua, e nos concentrar nos fatos ocorridos. Evitar as etiquetas e admitir a possibilidade de que, talvez, tenhamos errado, também são duas opções importantes. Mas acima de tudo, pensar que nós não somos feitos apenas dos erros que cometemos.

Créditos da imagem: Diane Hammond e Katiew


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