Consequências do abuso sexual na infância

Consequências do abuso sexual na infância
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 03 outubro, 2017

A pedofilia é um termo que ouvimos cada vez mais. Embora as autoridades estejam conscientes da situação, nós como integrantes da sociedade não podemos ignorar as consequências do abuso sexual na infância. Esses crimes acontecem em qualquer lugar e abrangem todas as classes sociais sem corresponder a um nível educativo, uma etnia ou uma religião específicos.

O abuso sexual de crianças não é um fenômeno novo. Não é possível determinar desde quando começou a acontecer na história, mas é provável que exista desde a origem da humanidade.

“No que não é estranho, encontrem o estranho. No que é comum, encontrem o inexplicável. Com o que é normal vocês devem se espantar. O que é a regra, reconheçam como um abuso. E onde vocês reconhecerem o abuso, busquem remediar.”
-Bertolt Brecht-

Todas as culturas possuem antigos mitos e lendas que buscam abolir o incesto, ou seja, as relações sexuais entre familiares consanguíneos. No caso das relações entre pais e filhas, algumas sociedades parecem ter sido um pouco mais permissivas.

Mulher abraçando pedra com criança desenhada

Sabe-se que a porcentagem mais alta de abusos sexuais de menores ocorre com o pai ou o padrasto e que suas principais vítimas são as filhas ou as enteadas.

No entanto, também há muitos casos em que o violador é outro familiar próximo. Estima-se que entre 80 e 95% dos abusos sexuais de crianças ocorram no seio da própria família. Os meninos também são vítimas, embora em menor proporção.

O desenvolvimento das crianças

Uma das descobertas mais importantes e, por sua vez, mais controversas de Sigmund Freud foi a comprovação de que os seres humanos possuem pulsões sexuais desde o nascimento. A psicanálise afirma que as crianças têm fantasias, desejos e expressões sexuais.

Mas a sexualidade infantil é muito diferente da sexualidade adulta. Isso é bastante óbvio, devido à imaturidade física, emocional e intelectual das crianças.

Uma criança, basicamente, descobre o próprio corpo e as primeiras sensações de prazer com determinados estímulos. No entanto, existe um aspecto mais importante que a criança deve descobrir: as regras de parentesco.

Menina cobrindo seu rosto

A primeira grande proibição que é preciso abordar para a criança alcançar seu desenvolvimento é a de não ter relações sexuais com seu pai ou sua mãe. E, por extensão, com outros membros da sua família.

Graças ao cumprimento dessa proibição, a criança consegue aceitar a lei e a cultura. Ela aprende a aceitar desejos impossíveis e adquire um princípio de realidade que é o que vai lhe permitir ter a habilidade necessária para reconhecer e respeitar os limites do permitido.

Se a proibição não tiver sucesso, a criança vai começar a enxergar o mundo como um caos, no qual é muito difícil encontrar sentido. Ela também vai se sentir culpada e envergonhada, embora não saiba exatamente por quê.

É importante deixar claro que o abuso sexual de crianças se configura quando ocorre um contato sexual, consentido ou não, entre um adulto e um menor de idade. Ou também quando esse contato ocorre entre duas crianças, se entre elas há uma diferença de três anos.

As consequências do abuso sexual na infância

As consequências do abuso sexual na infância variam de um caso para o outro. Elas dependem de muitos fatores:

  • A idade que a criança tinha quando o abuso ocorreu.
  • Quem é o abusador ou o agressor (sempre é mais grave quando a criança é abusada pelo pai ou pela mãe).
  • As características da situação (grau de intimidação e/ou violência ou sedução).
  • A duração do abuso.
  • As características psicológicas da vítima.
  • A forma como a situação foi “resolvida”.

Em quase todos os casos foi detectada a presença de consequências a curto e longo prazo.

Consequências a curto prazo

A curto prazo, o mais provável é que a consequência do abuso sexual sejam regressões a uma idade anterior: a criança pode voltar a chupar o dedo ou perder o controle dos esfíncteres, por exemplo.

Também é comum que a criança se torne ansiosa e depressiva. Muito frequentemente seu rendimento escolar cai e ela pode se mostrar isolada e antissocial. Da mesma forma, pode se tornar sedutora, sexualmente precoce ou desenvolver vícios e comportamentos suicidas.

Pessoa sem saber o que fazer

Consequências a longo prazo

As consequências do abuso sexual na infância a longo prazo dependem da gravidade do abuso e do apoio terapêutico que a criança ou o adulto tenham recebido.

O mais provável é que surjam dificuldades para dormir ou pesadelos frequentes, além de tendência à depressão e baixa autoestima.

O abuso sexual de crianças se configura quando ocorre um contato sexual, consentido ou não, entre um adulto e um menor de idade.

As maiores dificuldades serão refletidas na vida sexual e amorosa. Pessoas que sofreram abuso podem apresentar fobias sexuais ou uma incompreensível tendência a estabelecer relações amorosas altamente insatisfatórias.

Nos casos mais graves, as consequências do abuso sexual incluem grande predisposição a desenvolver esquizofrenia, praticar tentativas de suicídio ou desenvolver comportamentos promíscuos altamente perigosos.

Quem foi vítima de abuso sexual na infância, inevitavelmente, deve ser tratado por um psicólogo ou um psicanalista para conseguir reduzir as consequências desse fato. Quando mais rápido melhor.

Imagem cortesia de Beatriz Vidal, Kelly Vivanco.


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