Correr: uma boa maneira de meditar

Correr: uma boa maneira de meditar

Última atualização: 30 agosto, 2017

O estilo de vida atual exige que cuidemos igualmente do nosso corpo e da nossa mente. Daí a importância do exercício físico e da meditação. Entre todos os tipos de treinamento físico, correr é um dos mais populares e também um dos mais saudáveis (desde que a condição física permita e que seja feito com orientação médica). Por outro lado, no que se refere aos cuidados mentais e emocionais, a meditação está ganhando cada vez mais adeptos.

A corrida certamente tem muitas vantagens: é boa para o coração e também para a mente. Dessa forma, não é surpreendente que a mente comece a divagar quando você está correndo, independentemente de os pensamentos estarem relacionados ao treinamento em si ou a algo muito diferente.

Nesse sentido, um bom treinamento ocorre quando a mente e o corpo adquirem o mesmo ritmo, enquanto trabalham em espaços diferentes. É nesse momento que a prática da meditação encontra seu espaço e seu significado.

“Se você treinar sua mente para correr, todo o restante será fácil”.
 – Amby Burfoot –

A magia da meditação

A meditação é uma prática que consiste em focar a atenção para limpar a mente e reduzir a ansiedade. Aprender a se concentrar pode ajudá-lo a se desconectar das preocupações que se infiltram no fluxo dos seus pensamentos. Neste sentido, correr pode ser uma ótima atividade para libertar a mente e mudar os pontos de tensão do nosso corpo, de forma que essa tensão/força se transforme em movimento.

A meditação acalma e traz outros benefícios importantes para aqueles que a praticam. Já foi comprovado que a meditação ajuda a reduzir o estresse e estimula a produção de hormônios que compõem nosso nível de resistência à depressão. A meditação, por estar relacionada com a atenção, também pode nos ajudar a lidar com a dor e até mesmo ajudar a melhorar a estrutura do nosso cérebro, reforçando as conexões sinápticas que são muito importantes para nós.

Há muitas maneiras de desenvolver uma prática de meditação e atenção plena e, para isso, você não precisa colocar velas, queimar incenso ou se sentar em uma almofada especial de uma maneira específica. Na verdade, quando você está profundamente envolvido em qualquer atividade, você pode adotar uma atitude meditativa. Correr é uma dessas atividades, porque quando bem feita nos permite fluir.

Correr ao ar livre

Correr é uma proteção para a mente

Os corredores costumam falar que correr é como um bálsamo, uma maneira de navegar através dos seus problemas, escapar do pensamento negativo ou superar os demônios pessoais. Além da necessidade de fazer exercícios físicos, inclusive de se superar fisicamente (mais tempo e cada vez mais rápido), surge a necessidade de se superar emocionalmente. Se posso fazer isso, posso tudo.

Correr é um movimento rítmico e natural que permite que a energia flua através do nosso corpo e se transforme em movimento. Desta forma, ao invés de usar essa energia para ruminar pensamentos e emoções negativas, a gastamos em uma atividade capaz de estimular o nosso sistema nervoso e endócrino. Uma vez que liberamos a energia das emoções negativas, será muito mais fácil trabalhar com elas.

Correr estimula a meditação e o corpo e a mente se tornam mais fortes. Um estudo de 2016 publicado na Translational Psychiatry descobriu que a combinação da meditação guiada com a corrida ou caminhada reduziu os sintomas da depressão em 40% dos participantes dessa pesquisa.

A chave para tudo isso é que correr facilita o foco da atenção, especialmente quando já corremos há algum tempo e os nossos movimentos se automatizam e o grau de sofrimento torna-se muito mais controlável. É neste momento que passamos de “tirar” do corpo para acompanhar o ritmo do corpo, dando origem a uma espécie de hipnose que nos conforta por dentro.

Correr desacelera a nossa mente

A corrida torna o nosso pensamento mais lento. Isso nos dá uma nova perspectiva, um novo ânimo. Se você nunca correu ou praticou muito pouco, vou lhe dar um exemplo que você certamente já experimentou: quantas vezes você já teve a sensação de que um problema era enorme à noite e pequeno na manhã seguinte?

Por que isso acontece conosco? Porque o nosso modo de pensar é muito diferente em cada momento do dia. Quando corremos entramos em um estado de pensamento diferente: podemos pensar nos problemas, buscar soluções mentais, mas com uma grande diferença: enquanto corremos, podemos liberar a ansiedade através do movimento.

Por outro lado, se a nossa mente não quer trabalhar com o problema nesse momento, pode deixar que a atenção flua livremente e, diante da multiplicidade de estímulos que existem, começando pelas sensações corporais, a nossa mente se acalmará e até estará disposta a se divertir.

Mesmo sem querer, correr desacelera a mente e diminui, aos poucos, a intensa tempestade de pensamentos causada por várias preocupações. 

Correr traz muitos benefícios

A corrida nos conduz ao momento presente

Em muitas ocasiões, a maioria de nós não está no momento presente. Nossa mente vai do passado ao futuro e do futuro para o passado sem parar no presente, de forma que não processamos uma boa parte das informações que nossos sentidos captam. Nosso cérebro acredita que temos recursos limitados e que se nossa mente estiver ocupada com elementos que considera mais importantes (com o passado ou com futuro), rejeitará boa parte daqueles elementos que considera menos importantes (o presente).

O principal objetivo de qualquer prática de meditação é ajudar a chamar a nossa atenção para o momento presente, entendendo-o como uma parada necessária para dar continuidade ao segmento passado-futuro. A concentração mental é a base de todas as práticas de meditação, cujo objetivo é nos levar a um estado de consciência onde o foco não nos faça perder a perspectiva. Assim, com a meditação podemos ver a árvore sem perder a noção da floresta onde estamos.

Correr nos ajuda a fazer exatamente isso: a estarmos mais conscientes do momento presente e a tolerar melhor os problemas que surgirem ou aqueles que tememos que apareçam no horizonte. Além disso, nos conecta com o presente, porque amplifica o canal de comunicação com nosso corpo, uma “máquina” praticamente perfeita que costumamos ignorar, exceto quando nos envia um sinal de queixa ou dor.


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