Expressar as emoções na infância: algo de extrema importância

Expressar as emoções na infância: algo de extrema importância
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Expressar as emoções na infância é algo extremamente importante. “Não chore” ou “Você precisa ser corajoso” são expressões muito comuns usadas pelos adultos para aliviar o sofrimento e o descontentamento das crianças. A questão é que, embora pareçam funcionar naquele momento, a longo prazo contribuem para que elas aprendam a não expressar o que sentem, e esse silêncio pode ter sérias implicações no seu desenvolvimento psicológico e social.

Ignorar ou negar as emoções das crianças é um comportamento perigoso. É melhor evitá-lo se queremos que a sua saúde emocional e os relacionamentos evoluam de forma positiva. Os seus pensamento e emoções são importantes, mesmo que ainda sejam imaturos.

Na realidade, o seu mundo é tão importante quanto o nosso, bem como as suas percepções e sentimentos. Elas precisam do nosso apoio para que, pouco a pouco, se conheçam melhor. Vamos nos aprofundar na bela tarefa de ensinar as crianças a entender e expressar as emoções na infância.

O perigo de reprimir as emoções das crianças

A raiva, a tristeza ou a irritação das crianças são respostas naturais que podem ter várias causas: desde a incompreensão do que está acontecendo até a frustração de não ter conseguido o que elas queriam ou uma simples birra. De uma maneira ou de outra, todas essas emoções trazem uma mensagem, além do desconforto, que precisa ser entendida e liberada.

Rejeitar as emoções negativas das crianças é ensiná-las a se afogar no seu desconforto.

Se ao invés de traduzir as lágrimas, os gritos ou o desconforto dos seus filhos para entender o que acontece com eles, você rejeitar ou não der importância às suas emoções, estará contribuindo para que eles não as expressem. Além disso, também estaremos rejeitando a sua identidade e exigindo um comportamento ideal para nós, baseado no medo e na negação das suas emoções.

Menina com dificuldade para expressar suas emoções

Se reprimirmos as emoções dos nossos filhos, eles se tornarão adultos incapazes de lidar com a linguagem emocional, tanto com eles mesmos quanto com os outros, limitando assim o seu bem-estar. O desenvolvimento da inteligência emocional também será reduzido porque, como afirma o psicólogo Daniel Goleman, o conhecimento de si mesmo e dos próprios sentimentos é a pedra angular da inteligência emocional: a base sobre a qual se sustenta o crescimento pessoal.

O desabafo emocional nas crianças

Nós não sabemos exatamente como educar as crianças para que identifiquem, expressem e desabafem as suas emoções, especialmente aquelas consideradas negativas, como a raiva, irritação ou tristeza. Acreditamos que, se expressarem esse tipo de emoção, serão grosseiras, mal-educadas ou agressivas. O problema é que, se não as ensinarmos a se conectar com o seu mundo emocional, elas nunca entenderão a si mesmas e não conseguirão administrar como se sentem.

Assim, se queremos educar crianças emocionalmente inteligentes, temos que começar permitindo que elas expressem as suas emoções. Isto contribuirá positivamente com a sua saúde emocional. Caso contrário, o desconforto as invadirá pouco a pouco até que se expresse de forma negativa, transformando-as em prisioneiras das suas próprias emoções.

Expressar raiva ou um sentimento de tristeza alivia, cura, ajuda a continuar e a se entender. É por isso que é tão necessário. Além disso, se as crianças aprenderem a expressar as emoções na infância, desde muito pequenas, se tornarão adultos saudáveis ​​emocionalmente. Não devemos esquecer que investir na educação emocional dos pequenos é investir no futuro dos adultos.

É importante dizer para as crianças que todas as emoções são necessárias.

Como ajudar as crianças a expressar as emoções na infância?

Há muitas maneiras por meio das quais as crianças expressam como se sentem e canalizam as suas emoções negativas, desde chorar até o processo de identificar os seus sentimentos passo a passo.

O importante é estar ciente de que é uma necessidade delas e de que não podemos responder com raiva, crítica, falta de controle ou ameaças. Se não formos o seu suporte e apoio em uma situação de desconforto, dificilmente assumirão a responsabilidade sozinhas, especialmente durante os primeiros anos. Uma criança precisa de um ambiente tranquilo e não de pessoas que alimentem a sua irritação.

Precisamos ter uma atitude carinhosa e empática para ajudá-la a identificar como se sente, quais são as causas que produziram esses sentimentos e como pode fazer para liberar as suas emoções. Dessa forma, gradualmente, incentivaremos a sua capacidade de regulação emocional.

Para que aprendam a identificar a emoção que estão sentindo, podemos ensinar-lhes a expressão facial, os movimentos corporais e o tom de voz que correspondem a cada emoção.

Mãe e filha se abraçando

Não devemos argumentar com as crianças quando elas estão com raiva ou com as suas emoções transbordando. Podemos sugerir que expressem como se sentem para desbloquear o mal-estar, mas é melhor esperar alguns minutos para conversar até que se acalmem.

Nesse momento, o diálogo será muito mais fluido e poderemos encorajá-las a expressar tudo o que pensam e precisam como uma forma de se acalmar. Além disso, é importante entendermos que, quando se expressam, encontram a oportunidade de pensar melhor e agir de forma mais adequada. A regra a seguir é não ofender ou prejudicar os outros.

A técnica do semáforo para expressar as emoções na infância

Uma técnica muito utilizada para que as crianças aprendam a regular e expressar as suas emoções é a técnica da semáforo. O objetivo é que as crianças associem as cores de um semáforo com as suas emoções e comportamentos. Para isso, podemos desenhar um semáforo e explicar dessa forma:

  • Cor vermelha. Esta cor estaria associada a “parar”. Então, quando se sentem muito irritadas, ficam nervosas ou querem gritar e brigar, devem se lembrar de que a luz vermelha do semáforo está acesa e precisam parar. É como se fossem o motorista de um carro que para no farol vermelho. A mensagem que podemos lhes transmitir é: “Pare! Acalme-se e pense.”
  • Cor amarela. Esta cor marca o momento de parar para pensar, para descobrir qual é o problema e o que estão sentindo. Podemos dizer-lhe que, quando o semáforo está no amarelo, os motoristas param, pensam, procuram soluções e se preparam para sair. Neste caso, lhes diríamos: “Pense nas soluções e suas consequências”.
  • Cor verde. Esta cor é o indicativo para continuar, ou seja, para escolher a melhor solução e colocá-la em prática. A mensagem que os ajudaria nesses casos seria: “Avance e coloque em prática a melhor solução.”

Outra técnica que costuma funcionar para evitar o seu desconforto é pedir-lhes que desenhem a sua raiva, de modo que, depois de falarem tudo o que precisam, finalmente possam rasgar o desenho (uma maneira simbólica de acabar com a raiva, uma vez que ouviram a sua mensagem). Elas também podem contar até 10, afastar-se do local ou respirar profundamente.

Depois de tudo isso, podemos refletir junto com elas sobre quais são as causas que as levaram a se sentir dessa maneira, como podem canalizá-la e quais são as formas de resolver o que aconteceu. Isto promoverá a sua conscientização, regulação e responsabilidade emocional.

Expressar as emoções na infância

Expressar as emoções na infância, sejam positivas ou negativas, é algo que todas as crianças devem fazer. O problema é que, na maioria das vezes, elas não sabem como fazê-lo. O importante é que as ajudemos a expressá-las a partir de uma educação emocional positiva, baseada na compreensão e no carinho.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.