Crianças livres, adultos felizes
“Aprenderá a amar aos seus filhos quando amá-los pelo que são,
e não pelo que gostaria que eles fossem”
A primeira vez que escutei esta frase eu era a filha e era minha mãe quem a pronunciava. Não era fácil para ela permitir que eu embarcasse em uma aventura com muitas chances de fracasso. Mas sua resposta foi essa, desarmando-me e liberando-me ao mesmo tempo. Permitindo-me ser quem eu queria ser, e gostando de mim, apesar de tudo.
Foi, é e será uma lição que nunca esquecerei, um exemplo a seguir com meus filhos e que confirmam e reforçam opiniões de especialistas como Maria Montessori, para quem a essência da educação consiste em ajudar as crianças no seu desenvolvimento e processo de adaptação às circunstâncias que lhe são apresentadas.
Embora a autora tenha desenvolvido seu próprio método no final do século XIX, não se trata de algo obsoleto. Nos dias de hoje, ele é utilizado nos colégios mais inovadores, e é fonte de inspiração para pais e mães de todo o mundo.
A metodologia Montessori tem como objetivo conseguir que nossos filhos cresçam livres e felizes, pois as crianças são consideradas a esperança da humanidade.
Mas, quando se considera que uma criança é livre? Quando lhe permitimos fazer tudo o que deseja? Quando não lhe proporcionamos nenhuma regra? Quando respeitamos a sua forma de ser?
Não! Maria Montessori fala de outro tipo de liberdade. Segundo o seu método, nossos filhos absorvem como esponjas a informação, aprendendo de forma espontânea, da mesma forma como aprendem a engatinhar. Este método se apoia no respeito com a criança.
“O maior instinto das crianças é precisamente libertar-se do adulto”
– Maria Montessori –
Além disso, segundo Montessori, as características que normalmente associamos à infância (como os manhas, egoísmo, incapacidade de se concentrar, preguiça, etc) aparecem somente quando o desenvolvimento natural da criança encontra obstáculos. Quando a criança é livre e se encontra em um ambiente adaptado às suas exigências, essas características não se manifestam .
Criar seres independentes e autônomos
“Ninguém pode ser livre, a menos que seja independente”
– Maria Montessori –
A mãe que dá de comer ao seu filho, sem fazer o esforço de lhe ensinar a segurar a colher, não o está educando. Ensinar a comer, a se lavar, a se vestir, é um trabalho muito mais difícil do que dar de comer, lavar ou vestir.
Submeter o seu filho ao esforço de realizar essas tarefas de forma independente o ajudará a ser um adulto melhor e mais seguro de suas capacidades, e em geral, de si mesmo.
A idade não é uma desculpa nem um problema, ninguém é muito pequeno para aprender a fazer coisas de maneira autônoma. Não justifiquemos as atitudes de nossos filhos culpando a sua idade.
Além disso, receber um aplauso de nossa parte quando fazem algo corretamente será motivação suficiente para que ele se esforce em fazê-lo melhor da próxima vez.
As crianças são receptivas e curiosas por natureza. Se as ensinarmos a fazer as coisas com a máxima precisão possível, elas o farão sempre.
Sejamos seus anjos da guarda
“Qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo ao desenvolvimento”
– Maria Montessori –
É uma boa técnica reduzir ao mínimo nossas intervenções, vigiando sem que sua liberdade se comprometa. Observar muito e falar pouco. Isto é válido tanto para professores quanto para nós, seus pais.
As crianças devem ser corrigidas se elas errarem, mas não quando fazem as coisas da sua maneira e não da nossa. Eles precisam ser livres para errar, para entender o erro e não cometê-lo no futuro.
Cada criança é um mundo em si mesmo e nós, seus pais, temos o dever de proporcionar um entorno correto a elas. Um entorno para ajudar o seu crescimento. Um entorno no qual possam se expressar melhor e aprender por si mesmos a serem autônomos. Potencializando seus talentos, estimulando-os sempre a fazer o melhor.
Estejamos atentos às suas necessidades, satisfaçamos suas curiosidades, respondamos às suas perguntas… embarquemos com eles em uma grande viagem rumo à felicidade!
Texto original em espanhol de Marta García Gonzalez