A desesperança aprendida

Pensar que não podemos fazer nada diante de situações adversas é um comportamento conhecido como desesperança aprendida. Trata-se de um estado psicológico de desamparo que pode se tornar muito incapacitante.
A desesperança aprendida
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por María Hoyos

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A desesperança aprendida, também chamada de desamparo aprendido, é uma condição daquele que se comporta passivamente porque assim foi ensinado. Dessa forma, essa pessoa pensa que não pode fazer nada diante de qualquer tipo de situação adversa, quando na maioria dos casos ela poderia sim reagir e superar o fato.

Essa dificuldade sempre foi muito relacionada com a depressão e outros transtornos da mente que levam o paciente a reafirmar constantemente a ideia de que não existem soluções para seus problemas, ainda que o cenário da realidade seja outro.

O que é a desesperança aprendida?

A desesperança aprendida ou desamparo aprendido é o resultado de estímulos negativos ou aversivos, geralmente incontroláveis, que acabam gerando uma carência de iniciativa por parte de quem os sofre.

Portanto, não é o estresse que vai ocasionar o desenvolvimento da desesperança, mas sim a impossibilidade de controlar o que está desencadeando o estresse. Essa dinâmica surge, por exemplo, em famílias com pais autoritários de forma muito frequente. Isso porque os filhos acabam aceitando todo tipo de situação (também fora de casa) por sentirem que não vale a pena tentar mudá-las ou controlá-las.

Essa enxurrada de situações negativas não só gera uma falta de capacidade de tomar iniciativa, mas muitas vezes também nos deparamos com pessoas que não são capazes de aprender novos comportamentos. Seu estado será de desmotivação e apatia mesmo que mentalmente elas não estejam tranquilas.

Mulher vítima da desesperança aprendida

O que causa a desesperança aprendida?

Como seu nome indica, esse estado se “aprende”. Isso quer dizer que como humanos tendemos a estudar cautelosamente as consequências das nossas ações, deixando de realizar os comportamentos que acabam gerando consequências negativas e abraçando aqueles que nos trazem consequências positivas.

Isso pode parecer benéfico para nós, mas nem sempre é assim. Por exemplo, quando uma criança vai mal em uma prova de matemática e sabe que na sua casa sofrerá uma punição severa, nem por isso ela começará a ir bem em matemática. Ao contrário, ela provavelmente buscará meios de não ir às aulas e provas, e acreditará que nunca será capaz de aprender essa matéria.

Se a situação persistisse, a criança estaria se expondo continuamente a um fator de ansiedade e tristeza, um quadro muito relacionado com a depressão – e que possivelmente levará a criança a desenvolver esse transtorno.

Como tratar os sintomas?

Para tentar controlar e curar esse transtorno, é muito importante procurar um especialista que nos ajude a entender o que está acontecendo e como podemos abordar a situação. Nunca devemos nos autodiagnosticar, por mais evidente que os sintomas pareçam para nós.

Como complemento a um tratamento e alguns exercícios recomendados pelo psicólogo ou pelo psiquiatra, podemos nos ajudar e tentar progredir seguindo algumas dicas:

  • Envolva seus familiares queridos: se você suspeita de que você ou algum dos seus entes queridos está sofrendo de desesperança aprendida, não fique quieto. Pode ser que eles estejam causando o seu problema e que vocês precisem de uma terapia em grupo. Caso não sejam parte do problema, poderão apoiá-lo em seu caminho em direção à melhora.
  • Coloque suas emoções no papel: pode parecer estranho, mas você pode escrever um diário ou simplesmente organizar pontos no bloco de notas do seu celular a respeito de como você se sente em determinadas situações. Releia essas linhas. Isso pode te ajudar a discernir entre o que é uma causa razoável e outras não razoáveis de estresse.
  • Assuma desafios que você sabe que são solucionáveis: tanto por causa de incertezas que podemos ter, quanto devido à existência de fatos muitas vezes incontroláveis, podemos ter aprendido o desamparo. Trace desafios que sejam possíveis na sua vida. Pode parecer algo ridículo, mas isso melhorará sua autoestima e iniciativa.
  • Pergunte-se sempre três coisas diante de um problema: Como eu posso evitá-lo? O que eu aprendi com essa situação? Existem outras soluções que não me ocorreram? Diante de um problema já ocorrido e finalizado, é útil imaginar um cenário no qual ele ainda não terminou para poder pensar sem estresse nas soluções que poderíamos ter dado a ele.
  • Pense em você: muitas vezes as pessoas têm uma desesperança aprendida porque estão desconectadas de si mesmas e não ligam mais para os seus pensamentos, importando-se mais com as consequências de seus atos e em agradar aos demais. É importante refletir sobre nós, nosso interior, e ter sempre um momento para ficar sozinho e curtir a própria companhia.
Mulher em paz consigo mesma

É fundamental ser paciente

A desesperança aprendida tem cura. Ainda que pareça complexo e impossível, sempre podemos contar com ajuda. Seja essa ajuda de um profissional, seja o apoio familiar ou de um amigo, a verdade é que nunca estamos sozinhos.

É importante também, por sua vez, ter paciência. Entender que um comportamento aprendido, provavelmente desde a infância, não é nada fácil de ser modificado e superado. Não é justo consigo mesmo cobrar rapidez; dê-se todo o tempo que precisar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.