Dick e Rick Hoyt: pai e filho que não conhecem a palavra “impossível”

Dick e Rick Hoyt: pai e filho que não conhecem a palavra “impossível”
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 24 março, 2018

Quase ninguém fala de Dick e Rick Hoyt como se fossem dois indivíduos separados. Quando se referem a eles, na maioria das vezes simplesmente dizem: os Hoyt. Dick é o pai e Rick é o filho. Os dois formaram um time tão maravilhoso que se transformaram em um exemplo para milhares de pessoas no mundo todo.

Tudo começou em Winchister, nos Estados Unidos, há quase cinco décadas. O pai e a mãe Hoyt iam ter seu primogênito e o esperavam com impaciência. No entanto, o que seria o momento mais feliz de suas vidas se transformou em um pesadelo. O bebê passou por problemas ao nascer. Durante o parto, o cordão umbilical se enrolou ao redor do pescoço do pequeno e impediu que o oxigênio chegasse normalmente ao seu cérebro.

“Às vezes as pessoas ficam me olhando. Espero que seja porque eu sou muito bonito.”
-Rick Hoyt-

A consequência de tudo isso foi que o pequeno sofreu uma lesão cerebral que não pôde ser revertida. Em seguida, foi diagnosticado com paralisia cerebral. Os médicos indicaram que Rick Hoyt, o recém-nascido, nunca seria capaz de falar nem controlar os movimentos das suas extremidades.

Tempos difíceis para Dick e Rick Hoyt

Quando o pequeno Rick Hoyt tinha apenas nove meses, os médicos se reuniram com a família. Eles disseram que seria melhor internar o bebê em uma instituição especializada. Para eles, seria um peso, pois o bebê estava condenado a viver praticamente como um vegetal. No entanto, depois de pensar muito e de uma infinidade de dias de choro, os pais decidiram ficar com o bebê. Além disso, também decidiram que na medida das suas possibilidades o educariam como uma criança normal.

Durante 11 anos, o pai e a mãe Hoyt proporcionaram todo seu amor e seus cuidados ao pequeno Rick. Assim como os médicos haviam dito, ele parecia não responder a nenhum estímulo do ambiente. No entanto, um dia perceberam que o menino os seguia com o olhar para onde fossem. Eles acharam que ele também entendia muito do que diziam.

Esse pequeno gesto os encheu de otimismo. Assim, decidiram procurar o departamento de engenharia da Universidade Tufts, em Massachusetts, Estados Unidos. Eles queriam saber se existia algum aparelho ou algum meio para conseguir se comunicar com o garoto. Os especialistas lhes disseram que não, pois o garoto não tinha atividade cerebral. Os pais pediram para que contassem uma piada, e quando o fizeram, Rick começou a rir.

Dick e Rick Hoyt

Um novo caminho de esperança

Os engenheiros ficaram impressionados com a reação. Assim, definiram a tarefa de criar um sistema para que ele pudesse se comunicar por meio de um pequeno movimento com a cabeça. Um ano depois tudo estava pronto. Todos esperavam ansiosos pelas primeiras palavras de Rick. Para surpresa de todos, essas palavras foram: “Vamos Bruins!”. Ele se referia a um time de hockey local.

Começou então uma nova fase para os Hoyt. Todos estavam encantados por poder se comunicar com Rick. Ficaram mais fascinados ainda quando notaram que o menino era muito ativo e sensível. Ele queria participar de tudo. Um dia, um dos professores da escola ficou paralítico. Então, foi organizada uma corrida para arrecadar fundos para seu tratamento. Rick disse que queria participar. Ele precisava ajudar essa pessoa que estava passando por tal situação.

O milagre dos Hoyt

O pai aceitou correr com seu filho na disputa. O menino ia em uma cadeira de rodas e Dick o empurrava. O desafio era complicado e difícil. A exigência era elevada e parecia impossível contornar os obstáculos do caminho. No entanto, o único objetivo era não chegar em último. Eles conseguiram. Quando cruzaram a linha de chegada, Rick estava com um grande sorriso nos lábios.

Dick e Rick Hoyt

Mais tarde, Rick disse ao seu pai uma coisa da qual ele jamais se esqueceria. A frase foi: “Competindo eu senti que minha incapacidade tinha desaparecido”. Ele queria voltar a sentir essa sensação de cruzar a linha de chegada muitas vezes. Em 1979, Rick e Dick, o time Hoyt, competiram na maratona de Boston.

Alguns anos depois, decidiram tentar o triatlo. Só havia um problema: o pai não sabia nadar. A solução? Aprender. Com quase 50 anos de idade, Dick aprendeu a nadar para poder competir com seu filho. Desta vez, ele o empurraria em um bote para completar competição na água. Nada deixou Rick mais feliz do que participar dessa nova competição. Sempre que ele cruza a linha de chegada, mesmo nas últimas posições, está com um enorme sorriso no rosto.

Até hoje, os Hoyt já participaram de 66 maratonas diferentes e já completaram outras 975 provas.  Rick se formou na Universidade de Boston. O menino ama seu pai tanto quanto o pai o ama. É um garoto alegre, que gosta de fazer brincadeiras. Atualmente vive sozinho e se declara um homem feliz.


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