Eu também digo NÃO à violência de gênero

Eu também digo NÃO à violência de gênero

Última atualização: 28 março, 2017

A violência de gênero é um problema de todos, não só das vítimas. A sociedade tradicional nos ensina a menosprezar e a submeter o feminino, a julgar as mulheres por sua aparência, e a não ter piedade na hora de questionar se uma mulher faz muito sexo ou bem pouco…

Dizemos às crianças que “se o coleguinha bate em você é porque gosta de você”, e usamos este mau exemplo para educar os nossos filhos.

Porque talvez aquilo de que “as crianças são cruéis” na verdade tenha muito mais a ver com a crueldade consciente e inconsciente da sociedade do mundo adulto. Todos podemos compreender sem esforço o que querem dizer expressões como “corre como uma menina”, “briga como uma  menina”, “ri como uma menina” e todas as suas vertentes.

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Como se “ser menina” nos situasse fora do espectro da força, nos tornasse fracas, incapazes e bobas. Mas o pior de tudo é que convivemos, compreendemos e, no pior dos casos, toleramos esse tipo de “crenças” com total naturalidade.

Quando você olha uma pessoa que sofreu violência de gênero, não consegue parar de vê-la

Por ano milhares de mulheres morrem nas mãos de pessoas que as assassinam e as maltratam só pelo fato de serem mulheres. Tristemente e dito de maneira simples, esta é a horrorosa realidade.

Existem milhões de pessoas violentas que são produto de um sistema histórico de submissão e opressão das mulheres, que justifica que sejamos exploradas, que nos objetifiquem, que nos reduzam, nos dominem e nos matem.

Por quê? Porque vivemos em uma sociedade doente que tolera a visão da mulher como um ser inferior e que cria seres que consideram que podem se apropriar e dirigir o corpo e os sentimentos de uma mulher.

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Outra maneira de educar

Temos que começar por educar e conscientizar as nossas crianças e jovens de uma maneira igualitária. Temos que apostar em deixar de lado os “ideais” de princesa indefesa e de macho violento, pois são o cerne dos maus-tratos contra a mulher.

Porque o assassinato, a parte mais visível da violência de gênero, é o último degrau de uma escada que começa com uma educação deficitária, que alimenta as dependências e as necessidades, que gera maus-tratos e que acaba matando física e psicologicamente.

Neste sentido, por exemplo, há uma alta porcentagem da população mundial que não compreende os maus-tratos psicológicos como violência de gênero, ou que não entende que o fato de “submeter” seja agredir a pessoa envolvida.

Então a nossa sociedade precisa colocar em prática um grande trabalho educativo, pois somente a pedagogia pode nos salvar da violência. Por isso, hoje queremos lembrar que…

– O isolamento social e afetivo é um exemplo de maus-tratos.

– A chantagem emocional é um exemplo de maus-tratos.

– Os insultos cobertos e encobertos são um exemplo de maus-tratos.

– O controle do celular, das contas pessoais e das redes sociais são um exemplo de maus-tratos.

– As ameaças e o desprezo são um exemplo de maus-tratos.

– O controle da roupa é um exemplo de maus-tratos.

– A indiferença emocional é um exemplo de maus-tratos.

– A agressão verbal, os comportamentos dominantes (ameaçar com terminar o relacionamento) e os ciúmes são um exemplo de maus-tratos.

– A discriminação social, profissional ou econômica é um exemplo de maus-tratos.

Assim, se começamos da base, obteremos um castelo bem formado a partir do qual alimentar uma sociedade em grande parte sã e livre de maus-tratos, violência e preconceito.

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É especialmente importante “reeducar desde pequeno” dado o “rejuvenescimento dos maus-tratos” que se manifesta na atualidade. A submissão em nome do amor está plenamente normalizada em grande parte dos nossos jovens e adolescentes.

É aqui quando o amor mais se idealiza e sucumbe ao padrão de delicadas princesa s necessitadas de um príncipe que as proteja e lhes ajude a caminhar pela vida com a força, a determinação, a ousadia e o domínio que devem caracterizar um grande homem.

Banalizamos e normalizamos as condutas violentas e inserimos nas mentes a ideia de que no amor vale tudo, e que se você não aguenta, não está “lutando pelo seu amor”.

Não somente devemos educar na igualdade, mas na responsabilidade de fazer frente à violência e contra as mulheres pelo fato de serem mulheres. É essencial que ensinemos que “dizer NÃO” também é possível e, principalmente, necessário.

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De princesas a engenheiras

Devemos romper “o isolamento do rosa” e empoderar aqueles brinquedos, objetos, roupas e ferramentas que nos sirvam para treinar os nossos filhos no valor da igualdade.

Que o que rodeie os nossos filhos seja aquilo que os ajude a pensar e a ter critério próprio, que promovam a capacidade de potenciar habilidades e de aproximar a tecnologia como algo divertido e atraente.

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Também aos meninos devemos ensinar que há uma “nova” forma de ser homem. Porque mostrar-se masculino é ser carinhoso, cuidar dos outros, expressar as suas emoções, respeitar, lutar pela igualdade de gênero, evitar os sacrifícios e os sofrimentos aos quais a mulher se submete, abandonar a violência, cuidar do lar, etc.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.