Os efeitos da cafeína na depressão

Os efeitos da cafeína na depressão
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Muitas pessoas não são capazes de se levantar e começar o dia sem uma xícara de café. No entanto, em que medida a cafeína afeta a nossa saúde mental? Neste artigo, vamos falar sobre os efeitos da cafeína na depressão.

Essa questão já foi e continua sendo objeto de muitos debates. Muitas pessoas acreditam que a cafeína pode amenizar a depressão, enquanto outras alertam para o fato de que pode intensificá-la ou torná-la crônica.

A cafeína é uma substância capaz de alterar o nosso humor. Ela está presente nas bebidas mais populares do mundo, como, por exemplo, chás, café, bebidas energéticas e muitos refrigerantes.

É tão onipresente que é fácil se esquecer de que se trata de uma droga psicoativa. Isso significa que a cafeína muda o funcionamento cerebral, o humor e o comportamento.

Café e chá: os efeitos da cafeína na depressão

Existe um bom volume de literatura com dados que sustentam a hipótese de que a cafeína é benéfica para reduzir o risco de depressão.

Por exemplo, uma importante meta-análise que incluiu mais de 346.000 participantes analisou o vínculo entre a cafeína e a depressão e descobriu que a cafeína, particularmente o café, protegia contra essa doença. Também descobriu que o café funcionava melhor do que o chá, provavelmente devido ao menor teor de cafeína deste último.

Outra meta-análise, que contou com 330.000 participantes, também concluiu que o consumo de café e cafeína estava significativamente associado a um menor risco de depressão.

Os estudos também mostraram que o risco de depressão como resultado do consumo de cafeína, na verdade, diminuiu quando as pessoas aumentaram o consumo diário de cafeína.

Mulher tomando café

Parte do motivo pelo qual o café parece ser mais efetivo do que o chá é porque alguns de seus componentes podem combater os efeitos negativos da depressão. O café contém ácido clorogênico, ácido ferúlico e ácido cafeico. Estes ácidos podem reduzir a inflamação das células nervosas que ocorre no cérebro das pessoas com depressão.

Junto com as propriedades antioxidantes naturais da cafeína, o café pode agir como um anti-inflamatório nas partes afetadas do cérebro. Isso pode aliviar parte do incômodo e da angústia causados pela depressão.

No entanto, nem todo chá é menos efetivo do que o café para reduzir o risco de depressão. O chá verde, com suas altas propriedades antioxidantes, pode ser tão eficaz quanto o café na proteção contra a depressão.

Além disso, o chá verde também contém folato (vitamina B9), polifenóis e teanina, substâncias que podem ajudar a combater a depressão.

  • Acredita-se que o folato seja um facilitador – estimulante – de estados de ânimo de valência positiva.
  • Os polifenóis têm propriedades antidepressivas.
  • Foi comprovado que a teanina aumenta os níveis de dopamina e serotonina no cérebro.

Como a cafeína ameniza os sintomas da depressão?

Uma coisa sobre a qual não há dúvidas é que a cafeína é uma molécula que tem um poder fascinante para alterar a química do nosso cérebro. O caso é que não contamos com todas as respostas de sua relação com a depressão.

As teorias que prevalecem defendem a ideia de que a depressão é gerada por um desequilíbrio químico (neurotransmissores), inflamação do cérebro, condições de saúde subjacentes, propensão genética, trauma emocional ou circunstâncias de vida estressantes.

Embora a cafeína não resolva todas as causas potenciais, existem duas formas principais nas quais os efeitos da cafeína na depressão são benéficos, sobretudo por sua forma positiva de agir em relação ao cérebro.

Por um lado, a cafeína aumenta os produtos químicos cerebrais que estimulam o estado de ânimo. Além disso, a cafeína chega facilmente ao cérebro, onde altera a atividade de dois neurotransmissores de particular importância para a depressão, a dopamina e a serotonina.

A serotonina é o neurotransmissor mais estreitamente relacionado com a depressão. No entanto, há evidências de que os níveis de serotonina se esgotam devido ao consumo regular de cafeína. Por isso, o consumo regular de cafeína pode não ser uma boa estratégia a longo prazo para tratar a depressão, baseando-se na serotonina.

A cafeína também aumenta a dopamina, o neurotransmissor mais estreitamente associado à motivação, ao foco e à produtividade. Por outro lado, níveis anormais de dopamina também podem ser uma causa de depressão.

Os efeitos da cafeína na depressão estão relacionados com a melhora do humor, desde que seja realizado um consumo regular.

O efeito anti-inflamatório da cafeína

Em relação à teoria do desequilíbrio químico, outra está sendo desenvolvida: a teoria que defende que a depressão seria o resultado da inflamação crônica do cérebro. O cérebro tem seu próprio sistema imunológico cujos mensageiros, as citocinas, podem ativar a inflamação, destruir o tecido e alterar a função cerebral.

A liberação de citocinas pró-inflamatórias pode contribuir para a depressão, a ansiedade, a perda de memória, a incapacidade de se concentrar, a esquizofrenia, o transtorno bipolar e um maior risco de suicídio.

O café contém uma grande quantidade de compostos anti-inflamatórios que podem reduzir a inflamação cerebral associada à depressão, como o ácido clorogênico, o ácido ferúlico, o ácido cafeico, o ácido nicotínico, a trigonelina, o ácido quinolínico, o ácido tânico e o ácido pirogálico

A liberação de compostos anti-inflamatórios é outro dos efeitos da cafeína na depressão.

Efeitos da cafeína na depressão

Possíveis efeitos negativos da cafeína na depressão

Nem todos os especialistas concordam que os efeitos da cafeína na depressão são positivos. Muitos argumentam que, na verdade, a cafeína pode nos deixar mais vulneráveis. Nesse sentido, o consumo de cafeína pode provocar ansiedade, dores de cabeça, aumento da pressão sanguínea, palpitações, náuseas e agitação.

Cada um desses sintomas está relacionado com a resposta de “luta ou fuga” do corpo. Se essa resposta for desencadeada com muita frequência pela cafeína, pode provocar inflamação e doenças.

Vários estudos também demonstraram uma conexão entre o consumo de café e o aumento da depressão. Por exemplo, um estudo descobriu que o consumo de cafeína poderia, inclusive, piorar a depressão em pessoas com transtornos do humor. O estudo destacou uma tendência a uma maior ansiedade, principalmente em pessoas propensas a ataques de pânico.

Não se pode esquecer de que a cafeína só proporciona um impulso temporário ao sistema nervoso. Como resultado, as pessoas cm depressão podem sentir uma queda mais severa em seu estado de ânimo assim que o efeito da cafeína acaba.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.