Emoções estéticas: o impacto emocional da beleza

Emoções estéticas: o impacto emocional da beleza
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 03 janeiro, 2023

Admirar o quadro Noite Estrelada (de Van Gogh), acordar para ver o nascer do sol, apreciar A Insustentável Leveza do Ser (de Milan Kundera) ou fechar os olhos para ouvir Claire de Lune de Debussy. Essas são experiências inexplicáveis que despertam uma tempestade de emoções estéticas. A beleza emitida pela arte e alguns fenômenos do nosso dia a dia é tão imensa que é impossível não nos rendermos a ela em algum momento. 

Esse sentimento, essa experiência profunda que se apodera de nós quando observamos uma obra de arte, uma paisagem ou um rosto bonito é causada pelas emoções. De fato, se pensarmos sobre isso, um dos objetivos mais importantes da arte é despertar emoções. Comunicá-las, compartilhá-las ou despertá-las no observador é o principal efeito de uma obra. Por isso há uma conexão tão profunda entre os homens e a arte. Não são apenas emoções, estamos falando de emoções estéticas.

“A beleza artística não consiste em representar uma coisa bela, mas na bela representação de uma coisa”.
-Immanuel Kant-

Descubra mais sobre o prazer das emoções estéticas

Emoções estéticas

As emoções estéticas são a resposta emocional à beleza. Elas ocorrem diante de qualquer tipo de beleza, segundo Rafael Bisquerra, professor da Universidade de Barcelona. Nesse contexto, a beleza pode ser entendida como uma obra de arte, uma paisagem ou uma pessoa específica. Vale tudo se a beleza for capaz de provocar um impacto emocional.

“A beleza perece na vida, mas é imortal na arte”.
-Leonardo Da Vinci-

Embora esse tipo de emoção ocorra quando reagimos a certas manifestações artísticas, é um fenômeno que transcende as obras de arte, ou seja, vai além. A experiência emocional diante da beleza é aquela que nasce da sensibilidade, fruto da conexão com o que está sendo observado ou, em alguns casos, sentido, e que produz uma sensação muito agradável, quase indescritível.

Apesar disso, as emoções estéticas não incluem apenas o aspecto do prazer, do agradável e do positivo. As sensações desagradáveis e negativas também fazem parte das emoções estéticas. Por exemplo, ao observar a pintura dos fuzilamentos de 3 de maio, de Goya, podemos sentir raiva, horror ou ira. Tudo vai depender do significado que damos a obra e da nossa história pessoal. Observando a escultura Psique  revivida pelo beijo de Eros, de Antonio Canova, podemos sentir nostalgia, amor e ternura. Tudo depende do nosso olhar.

Uma bela obra para sentir emoções estéticas

O importante é a mágica resultante da conexão com a beleza, a experiência pessoal do impacto emocional causado. Por isso, o conceito de emoções estéticas é bastante ambíguo. Afinal, cada um de nós as experimenta a partir de diferentes estímulos. Além disso, elas são um fenômeno praticamente desconhecido, que tem seus defensores e detratores. Alguns dos autores que se referiram a esse fênomeno foram Dickie (1974), Lazarus (1991), Hjort e Laver (1997) e Levinson (1997).

O mistério das emoções estéticas e, ao mesmo tempo, sua dificuldade está em compreender como e sob quais condições podem ser originadas (manifestações artísticas, esportivas, científicas, etc.). Por isso, o campo educacional é considerado um dos melhores contextos para iniciar o contato com as emoções estéticas.

“A beleza não olha, só é olhada.”
-Albert Einstein-

Emoções estéticas na educação

Segundo Rafael Bisquerra, um dos objetivos da educação deveria ser o de saborear emoções estéticas. Tornar os alunos conscientes desse tipo de emoção não apenas a nível teórico, mas também através da introdução de situações que favoreçam experiências emocionais de natureza estética. Ou seja, aprender a se emocionar e desfrutar desse estado, como aponta Bisquerra.

“É difícil julgar a beleza; a beleza é um enigma”.
-Fiodor Dostoiévski

Essa metodologia não apenas facilita o contato com o mundo emocional para os alunos. De alguma forma, também influencia aspectos como a consciência e a regulação emocional. Contemplar uma obra de arte pode despertar vários sentimentos e emoções. Tudo vai depender do contexto e da história pessoal do aluno, que deve aprender a lidar com tais sentimentos.

Assim, temas como educação artística, música, ciências naturais ou história da arte deveriam se tornar o principal veículo para esse tipo de emoção. Tudo isso a partir de uma perspectiva experiencial, que por sua vez seria uma forma de motivar a aprendizagem. Em vista disso, é necessário que a educação emocional seja considerada um tema transversal. Ela deve ser integrada ao currículo escolar.

Obras para experimentar emoções estéticas

Antes de terminar, gostaria de deixar uma seleção de obras de arte para que você possa experimentar o que são as emoções estéticas. Talvez elas despertem algo em você ou talvez não, vai depender de cada um…

A noite estrelada, de Vincent Van Gogh

A noite estrelada, de Vincent Van Gogh

Fur Elise, de Beethoven

Cenotes da Península de Yucatán (México)

Cenote da Península de Yucatán (México)

Ocean Atlas, de Jason deCaires Taylor

Ocean Atlas, de Jason deCaires Taylor

Wish you were here, por Pink Floyd

Amor, de Alexander Milov

Escultura com crianças dentro de adultos

Bibliografia: Bisquerra Alzina, Rafael (2009). Psicopedagogía de las emociones. Madrid: S

Imagem principal: escultura ‘Expansão’ de Paige Bradley


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.