A escrita terapêutica

A escrita terapêutica

Última atualização: 01 junho, 2015

Desde a infância, muitas pessoas começam a escrever seus segredos em diários. A necessidade de colocar os pensamentos por escrito nasce bem cedo e é altamente positiva. Os benefícios desta prática são muitos: ordena as idéias ajudando a tomar decisões e minimiza o estresse, porque escrever é como falar e serve de alívio.

É sempre melhor falar e expor os sentimentos e as experiências negativas, mas às vezes não é possível, seja porque não decidimos ir a um psicólogo profissional ou não contamos com pessoas de confiança que possam nos compreender. É então que escrever pode se tornar um processo de melhora terapêutica.

Nunca deveria ser um substituto para falar, mas se isso não for possível, por qualquer motivo, escrever é uma boa opção. Além disso, escrever expõe a negatividade que, se não fosse externalizada, poderia nos prejudicar interiormente e sair a qualquer momento na forma de estresse ou doença.

Há inúmeros casos de tensões internas que se transformam em dor física, como dores de cabeça, enxaquecas, distorções na visão, dores nas costas, problemas de estômago, aumentos ou reduções na pressão arterial, palpitações, tonturas, etc. Por isso, é importante que cada pessoa possa expressar de alguma forma os problemas que tem em sua vida diária e tirar tudo o que carrega dentro de si. Ao longo do tempo, se guardarmos as negatividades, elas acabarão saindo em forma de mal-estar físico.

Como realizar a escrita terapêutica

A escrita terapêutica consiste em escrever sem pensar no resultado final; a gramática e a forma de expressão não são importantes, e se estivermos atentos para que fique escrito de uma forma correta, o plano não vai funcionar. Nós não vamos publicar isso em nenhum lugar, portanto a única coisa importante é deixar que tudo saia de forma natural.

Enquanto se escreve, passa-se por diferentes estados emocionais; temos que liberar essas emoções e expressá-las bem, sem medo. Deve ser uma escrita mais ou menos contínua; o ritmo não irá se alterar porque tudo estará saindo e fluindo bem.

Se tivermos momentos nos quais não sabemos o que dizer, poderia ser que estivéssemos bloqueados. Muitas vezes, depende da situação que nós passamos. A mente pode resistir a expressar bem as coisas, porque tenta proteger-nos da dor que causa lembrar do evento. Nestes casos, precisamos ser pacientes e insistir vários dias para completar a escrita.

O positivo da escrita é que não há restrições. Muitas vezes, quando temos que contar um problema a alguém de confiança, ocultamos coisas por vergonha ou medo, mas por escrito estamos completamente sozinhos com nós mesmos e sabemos que, uma vez que terminemos de escrever, ninguém verá nosso texto porque o apagaremos ou rasgaremos o papel.

Não se deve guardar estes textos para relê-los. Recomenda-se que, uma vez escritos, nos desfaçamos deles pois relê-los poderia nos fazer mal em vez de nos ajudar. Cada sentimento expresso é parte de uma etapa do momento, e não é válido para outros dias. Seria positivo analisar como o evento negativo nos afetou naquele momento e como nos sentimos agora, assim, diferenciando que são etapas diferente, podemos ver se ocorre uma melhora.

Pensamentos novos depois da escrita

A própria pessoa, depois de ter ventilado e expressado tudo que sente por escrito, passará pelo processo de buscar soluções e ter vontade de superá-lo. Normalmente, depois de passar alguns dias ventilando o conflito e mal-estar que sentimos, avança-se até outra etapa em que aparecem novos pensamentos.

Como já liberamos todo o mal e ventilamos, o interior se limpa do passado e se produz um efeito de olhar para o futuro e procurar soluções. Como tudo já foi tirado, não há espaço para lamentações e frustrações, porque já estão fora, agora apenas resta aceitar e começar de novo em busca de novas experiências.

Como tudo, também há uma parte negativa

Nem sempre a escrita pode servir de ajuda. Como tudo na vida, ela depende da forma como é aplicada, e da capacidade da pessoa de se ajudar. Houve casos de pessoas muito negativas que usaram a escrita para se jogar no negativo e se lamentar de novo e de novo pelo que aconteceu, culpando-se, sem esperanças e afundando-se ainda mais.

Nestes casos a escrita pode ser uma prática ruim, pois a pessoa não progride nem aprende com os erros; limita-se a descrever a vida negativa que teve e não abre espaço para o crescimento ou esperança. Para detectar se a escrita está sendo terapêutica para nós, é importante analisar quais sentimentos tínhamos nos dois ou três primeiros dias de escrita e quais sentimentos temos no presente; eles melhoraram? Há espaço para a esperança? Vemos o futuro com positividade? Se não, precisaríamos de ajuda externa para fechar a fase negativa e começar a andar para a frente com esperança.

Imagem cedida por xapaburu


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